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iA falta de conversa no dia a dia pode ir muito além de uma simples falha de comunicação. Segundo especialistas, isso também pode estar relacionado a problemas mais sérios, como ansiedade, depressão e outros transtornos mentais.
O não falar ou não demonstrar sentimentos influencia negativamente no jeito que se reage a momentos difíceis. A psicóloga Elaine Di Sarno explica que esse caso não se aplica sempre, mas, ainda assim, pode haver uma correlação.
Um exemplo disso seria o conceito que se tinha de que homens, não devem demonstrar sentimentos, ou que mulheres devem ser mais comunicativas. Segundo especialistas, esse tipo de situação tem, sim, uma capacidade de fazer com que as pessoas sejam mais propensas a condições como a ansiedade e problemas de desestabilidade emocional, o que precisa ser observado para preservar a saúde mental dos indivíduos.
Com quem falar sobre sua saúde mental
No tratamento de transtornos mentais crônicos, como ansiedade e depressão, a conversa com um psicólogo é a melhor indicação. Entretanto, é importante ter o apoio de um familiar que incentive a buscar essa ajuda profissional.
Dessa forma, no caso de um receio inicial, você pode procurar amparo em algum conhecido que tenha passado por uma situação semelhante ou que tenha um diálogo aberto sobre questões psicológicas.
Nesse sentido, a psicóloga Elaine Di Sarno alerta: falar com alguém que não vai te julgar por buscar tratamento e que possa sentir empatia não é o mesmo que ajuda profissional. "No entanto, é melhor do que nada", acrescenta.
Rodas de conversa
As rodas de conversa são uma alternativa que não tem necessariamente um intuito terapêutico, como as terapias em grupo, mas que podem ajudar a melhorar a forma com a qual nos expressamos.
É um tipo de iniciativa cada vez mais comum em escolas e locais de trabalho, sem nenhuma invasão de intimidade, e que age como um instrumento pedagógico, por conta da própria interação entre os participantes.
Dentro desses ambientes, a pessoa pode se sentir mais segura e menos pressionada, fazendo com que a conversa flua melhor.
De acordo com Elaine Di Sarno, isso é muito benéfico, porque pode fazer com que os participantes da roda de conversa reflitam mais internamente antes de falar sobre qualquer coisa.
Impactos da comunicação agressiva
Na formação dos indivíduos, não é raro que muita gente aprenda que a conversa pode ser uma experiência agressiva ou autoritária. De acordo com Elaine Di Sarno, isso acaba inibindo futuras interações interpessoais e ainda aumenta a possibilidade da pessoa se tornar introvertida, mesmo que ela não queira.
O especialista em psicologia Yuri Busin acrescenta que a forma como os pais, muitas vezes, desejam impor suas visões sobre os filhos, também pode ter uma relação com a dificuldade que as crianças têm em articular sentimentos,principalmente por causa do medo.
O atrito na conversa ocorre não só por preconceito da figura dos pais, mas também por falta de informação, como explica o psicólogo. Segundo ele, as figuras paternas descarregam na criança uma quantidade de conceitos que ela não será capaz de entender ainda, ela vai simplesmente replicar.
"Um exemplo muito claro disso é a palavra amor. Crianças de 4 e 5 anos já verbalizam isso para os pais, mas não entendem, de fato, o que a palavra significa", reflete Yuri.
Ou seja, uma pessoa pode falar bem em público, mas isso não significa que ela se expresse adequadamente, pois não significa que ela entenda o sentido do que está dizendo.
Essa situação pode gerar conflito entre as partes ao longo dos anos. Por isso, pais devem buscar alguma instrução sobre quais assuntos tratar e em quais momentos da vida da criança abordá-los, com a intenção de torná-la um adulto compreensivo.
A importância da comunicação familiar
Como explicado pela psicóloga Elaine Di Sarno, grande parte dos nossos problemas com a comunicação e conversa surgem ainda na infância. Uma educação autoritária e fechada para o diálogo influencia na vida adulta, porque a nossa primeira fonte de conversa são os pais.
"Uma criança pode crescer sem saber como tratar emoções ou reconhecer a melhor forma de agir, se os pais não a fazem se sentir ouvida e compreendida, e se não houver essa troca", explica a especialista.
O psicólogo Yuri Busin afirma ainda que essa propensão a não conversar faz com que algumas questões não sejam resolvidas. "As pessoas se medem pela própria régua. Não adianta esperar que a outra pessoa resolva algo que pode não ser visto como problema para ela. Sem a comunicação, isso não vai ser melhorado", explica.
Comunicação não verbal
A comunicação não verbal é outra maneira extremamente importante de se transmitir informação, já que, de acordo com Yuri, no Brasil se fala uma das línguas mais difíceis do mundo. Gestos, obras artísticas e expressões faciais também são formas essenciais de se comunicar.
"Muitas famílias são mais quietas normalmente. Isso não significa que a criança não vá saber se expressar, já que muitas dessas famílias têm uma boa comunicação não verbal", explica o especialista. A falta de acesso e conhecimento, para ele, também tem impacto na hora de saber se expressar.
Dessa forma, a comunicação não verbal também se mostra como um excelente recurso na gestão emocional e na forma como processamos emoções. Ela evita discussões longas e transmite informações de forma eficiente para quem sabe lê-las.
Externalizar e desencadear emoções de diversas formas é um recurso assimilado até por vertentes da terapia, como a musicoterapia. Essa técnica aciona o campo do cérebro associado às emoções e é indicada para quem sofre de distúrbios comunicativos, como a gagueira, além de ser eficiente no combate à depressão.
Além desse método, existe também a aromaterapia e a cromoterapia. Todas trabalham com a transmissão de informação no nosso corpo e auxiliam no restabelecimento da saúde mental do indivíduo. "Existem diversas maneiras de se expressar", conclui o especialista Yuri.
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