Ginecologista e Obstetra. Médica Assistente do Ambulatório de Reprodução Assistida da Faculdade de Ciências Médicas da S...
iO ácido fólico é a forma artificial da vitamina B9, chamada folato (forma natural). O folato desempenha um papel importante na produção das células vermelhas sanguíneas e atua no processo de multiplicação celular (é utilizado para fazer novas células e produzir DNA). Ele também é essencial na gravidez.
Os baixos níveis de vitamina B9 estão associados a um risco aumentado de várias condições de saúde, incluindo:
- Homocisteína elevada: níveis elevados de homocisteína foram associados a um risco aumentado de doenças cardíacas e derrame.
- Risco de câncer: baixos níveis de folato também estão associados ao aumento do risco de câncer
- Defeitos congênitos: baixos níveis de folato em mulheres grávidas estão associados a anormalidades como defeitos de fechamento do tubo neural fetal.
Por essas razões, a suplementação com ácido fólico (vitamina B9) é sempre necessária entre as gestantes.
Os defeitos do fechamento do tubo neural ocorrem em 8 em cada 1.000 nascimentos a cada ano nos Estados Unidos. O desenvolvimento desta estrutura ocorre nas primeiras 3 ou 4 semanas de gravidez.
Portanto, é importante ter folato em seu sistema durante os estágios iniciais da gestação, quando o cérebro e a medula espinhal do bebê estão se desenvolvendo.
Suplementação antes da gravidez
Se você conversou com seu médico quando estava tentando engravidar, ele provavelmente lhe disse para começar a tomar um polivitamínico contendo ácido fólico.
Para garantir que você tenha ácido fólico suficiente para prevenir os defeitos do tubo neural, o CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) recomenda que mulheres que planejam engravidar ou que estão em idade reprodutiva tomem ácido fólico diariamente por, pelo menos, um mês antes de engravidar e todos os dias durante a gravidez.
Dose de ácido fólico na gravidez
A dose para suplementação do ácido fólico é de 400 µg (0,4 mg) diariamente. Se você já deu à luz uma criança com defeito no tubo neural, pode precisar de doses mais altas de ácido fólico antes e durante os primeiros meses da próxima gravidez. O seu médico pode aconselhá-lo sobre a dose certa.
Você também pode precisar de doses mais altas de ácido fólico se houver a presença de:
- Doença renal e diálise
- Anemia falciforme
- Doença hepática
- Uso de medicamentos para epilepsia, diabetes tipo 2, lúpus, psoríase, artrite reumatóide, asma ou doença inflamatória intestinal.
Alimentos com ácido fólico
Sua forma natural, o folato, é encontrada em muitos alimentos, incluindo folhas verdes escuras, beterraba, frutas cítricas, feijões, pães, cereais e massas. Entretanto, o controle da quantidade de sua ingestão é difícil, tornando a suplementação a alternativa mais eficaz e prática para a mulher.
Se você toma um polivitamínico todos os dias, verifique se ele tem a quantidade recomendada. Uma grande porcentagem de mulheres tem um defeito em seu gene MTHFR que não permite a conversão adequada do ácido fólico sintético em metilfolato ativo.
Assim, as mulheres que tomam ácido fólico podem não estar absorvendo suas vitaminas B conforme o esperado. Por este motivo, é preferível tomar folato de fontes de alimentares ou suplementos que o contenham ao invés de conter ácido fólico sintetizado, sempre que possível.
Benefícios do ácido fólico na gravidez
Tomar quantidades adequadas de ácido fólico antes e durante a gravidez pode ajudar a diminuir o risco de:
- Defeitos do tubo neural
- Defeitos cardíacos congênitos
- Fenda palatina
- Lábio leporino.
As alterações relacionadas ao defeito de fechamento do tubo neural são:
- Anencefalia: é o grave subdesenvolvimento do cérebro.
- Espinha bífida: condição na qual a medula espinhal está exposta. Se as vértebras (ossos da coluna vertebral) ao redor da medula espinhal não se fecham adequadamente durante os primeiros 28 dias após a fertilização, a medula ou o líquido espinhal se projetam, geralmente na parte inferior das costas.
Como detectar defeitos do tubo neural
Os defeitos do tubo neural são detectados por meio de ultrassonografia e pela dosagem de alfa-fetoproteína (AFP). A AFP é uma substância produzida pelo feto e secretada no líquido amniótico e também é encontrado no sangue da mãe.
A dosagem da AFP é feita por exame de sangue materno que pode ser realizado entre 16-18 semanas de gestação. Quantidades anormalmente altas de AFP podem indicar que o bebê tem um defeito no tubo neural.
Ácido fólico e autismo
Em 2016, foi publicado um estudo realizado pela Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que analisou 1.391 mães e seus filhos entre 1998 e 2013. O nível de folato no sangue delas foi dosado logo após o parto e as crianças foram acompanhadas após o nascimento.
Os resultados indicaram que as mães de filhos autistas tinham níveis de folato quatro vezes mais altos do que é considerado adequado, dobrando o risco de seu filho desenvolver um transtorno do espectro do autismo.
A justificativa seria de que o excesso pode prejudicar os genes que fazem a maturação do encéfalo e causar alguma alteração, podendo desenvolver autismo.
No entanto, os pesquisadores não sabem exatamente por que algumas das mulheres tinham níveis de folato tão elevados no sangue.
Isso parecia acontecer por um alto consumo de alimentos fortificados com ácido fólico, uso excessivo de suplementos ou pode ser que algumas mulheres sejam geneticamente predispostas a absorver maiores quantidades de folato ou metabolizá-lo mais lentamente, levando ao excesso.
Vale também a pena lembrar que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e tem múltiplas causas, incluindo fator genético e ambiental.