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Apesar de poderem estar relacionadas, as crises convulsivas e epilépticas não são a mesma coisa. Enquanto a epilepsia é uma doença que pode se manifestar uma ou mais vezes na vida, a crise epiléptica, também chamada apenas de convulsão, pode ocorrer por diferentes motivos.
Desta forma, entender a diferença entre essas duas condições é muito importante na hora de buscar ajuda médica, além de auxiliar na compreensão do próprio quadro de saúde.
Lécio Figueira, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Epilepsia, explica que a crise convulsiva é usada para descrever uma crise epiléptica em que a pessoa tem perda de consciência e apresenta movimentos nos braços e pernas, com contrações repetitivas, popularmente descritas como "corpo se debatendo".
A convulsão acontece após alterações na atividade elétrica cerebral que se espalham por todo o cérebro, podendo fazer com que a pessoa morda a língua, apresente sensação de formigamento ou urine durante a crise.
De acordo com Lécio, a crise convulsiva pode acontecer em quem tem epilepsia ou por outros fatores que causaram uma mudança no funcionamento cerebral, como:
- Lesões cerebrais, como sangramento, AVC e infecção
- Alterações em alguns exames, como sódio, cálcio e glicemia
- Uso de medicamentos ou drogas
- Em crianças que o cérebro ainda não está completamente maduro, a febre também pode causar a chamada crise febril
Causas da epilepsia
Os motivos que justificam o aparecimento dessa condição são extremamente variáveis, podendo ocorrer por problemas cerebrais que causaram uma espécie de "lesão" no cérebro, como também por fatores genéticos que ainda estão sendo investigados pela ciência.
"Acredita-se que, em muitas pessoas, as alterações genéticas são parte importante da causa, e que os genes responsáveis são ainda desconhecidos ou não detectados pelos exames atuais", explica o neurologista.
Diagnóstico de epilepsia
É comum que haja muitas dúvidas sobre quando suspeitar que alguém pode ter epilepsia. De uma forma ampla, a presença dessa condição pode ser investigada quando as crises ocorrem de maneira frequente, apresentando alterações recorrentes e transitórias, com episódios que duram de segundos a minutos de forma repetitiva.
A crise convulsiva pode ser mais fácil de ser percebida e justificada, já que seus sintomas são mais claros e as possíveis causas podem ser analisadas com mais facilidade. Dessa forma, é essencial buscar a ajuda de um especialista, como um neurologista ou epileptologista.
Riscos da convulsão
Durante uma crise convulsiva, a pessoa que lida com esse problema se torna vulnerável a alguns riscos, como quedas e traumas. Quando ela acontece com frequência em pessoas com epilepsia, estudos mostram que as chances de fatalidade se tornam maior de acordo com o número de convulsões sofridas no ano.
"Isso é chamado de SUDEP, sigla em inglês para morte súbita na epilepsia, que é quando a pessoa com epilepsia morre sem evidência de outras causas (como trauma, afogamento, infarto do coração)", explica Lécio. O especialista reforça que não é qualquer tipo de crise epiléptica que aumenta esse risco, e sim as chamadas tônico-clônicas generalizadas (convulsões).
Caso alguém que possua o diagnóstico de epilepsia tenha apresentado crises convulsivas constantes, é recomendado que haja uma supervisão desses pacientes. Esse controle pode ser realizado de diferentes maneiras, como:
- Dormir ao lado da pessoa
- Utilizar relógios que detectam as crises
- Utilizar sistemas de som que ajudam a ouvir possíveis barulhos feitos durante a crise
- Ter alguém disponível para prestar socorros
É de extrema importância relatar ao médico a frequência de crises convulsivas e epilépticas apresentadas pelo paciente. Dessa forma, com o acompanhamento de um profissional e o uso de medicamentos, é possível haver um controle maior da doença, garantindo a saúde e o bem-estar de pessoas com epilepsia.