Médica dermatologista formada em clínica médica pela UERJ e em dermatologia pelo Instituto de dermatologia Prof. Rubem D...
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Ao longo das décadas, a tatuagem vem sendo não apenas uma forma de expressão artística, mas também de eternizar momentos, sentimentos e até mesmo pessoas.
Durante a gravidez não é diferente. Além de todas as mudanças pelas quais a mulher passa, o período é ainda marcado por uma repleta intensidade e vontade de registrar todos os momentos únicos e especiais da gestação. Mas será que fazer tatuagem é permitido durante a gravidez?
Descubra o que os especialistas têm a dizer em relação a tatuagem durante a gestação.
Grávida pode fazer tatuagem?
Apesar de ainda não existir um estudo que comprove que a tatuagem faz mal ao feto, existe um consenso entre a comunidade médica de que a grávida não deve fazer tatuagem durante a gestação, independente do período gestacional.
São vários os fatores que levam os médicos e obstetras a estabelecerem tal recomendação, principalmente quando se considera as diversas mudanças que ocorrem no corpo da mulher durante gravidez, tanto internas como externas.
Como ressalta a médica dermatologista Mirian Sabino, da DaVita Serviços Médicos: "Qualquer procedimento que envolva algum tipo de invasão na pele, a gestante não deve fazer, principalmente com procedimentos injetáveis, que tenham agulha, porque pode ter o risco de contaminação", alerta.
Mirian Sabino ainda explica que a pele da gestante, em termos dermatológicos, é mais sensível que as das demais. Isso porque ela está respondendo intensamente à produção hormonal, e consequentemente tem mais predisposição para manchas e infecções.
Riscos da tatuagem na gravidez
Dentre os principais risco de fazer tatuagem durante a gravidez estão:
- Infecções locais
- Contaminação com doenças transmissíveis
- Reações alérgicas (dermatite de contato) e hiperpigmentação
- Ansiedade na gestante e demais complicações
- Prejuízo da tinta para o bebê
- Possibilidade de o desenho da tatuagem ficar deformado após o parto.
Risco de infecções locais e doenças transmissíveis: Como a pele da gestante fica mais sensível, por conta das várias mudanças hormonais e imunológicas, a possibilidade de infecções locais é maior.
"A gestante fica mais suscetível a contrair infecções e, no caso de tatuagens, dependendo de como o material foi esterilizado, significa correr o risco de contrair hepatite B, C, HIV ou outras doenças transmissíveis através de material contaminado", explica a médica dermatologista Fabiana Seidl, membro e especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Reações alérgicas, dermatite de contato e hiperpigmentação: A dermatologista Laís Leonor, da clínica Dr. Andre Braz, alerta para os riscos de desenvolver alergias e outras complicações na pele, resultantes do procedimento, o que pode trazer perigos para a gestante e para o feto.
"Há a possibilidade de desenvolver alergia, além de ter modificações na própria tatuagem por causa de uma hiperpigmentação da pele, e até quadros mais graves causando cicatrizes e queloide", explica a Laís.
A médica dermatologista Mirian Sabino adverte que o próprio risco de contaminação pode levar a uma foliculite local e até mesmo a uma dermatite de contato, por causa dos pigmentos que a tatuagem tiver.
Já a ginecologista Karen Rocha De Pauw, especialista em Reprodução Humana, ressalta que reações alérgicas exacerbadas e infecções da pele no local da tatuagem, podem predispor a gestante ao aborto e ao trabalho de parto prematuro.
Desencadear ansiedade: Como a tatuagem é um procedimento invasivo e muitas vezes doloroso, o fator da dor pode acabar desencadeando ansiedade e nervosismo na gestante, o que pode resultar em hipotensão (pressão baixa) ou hipertensão arterial, especialmente na gestante que já tem predisposição a esses sintomas.
Esses fatores podem acabar gerando mal estar na gestante e demais complicações para ela e para o bebê.
Risco da tinta da tatuagem: As tintas usadas na tatuagem geralmente são compostas por substâncias químicas e metais pesados, o que pode ser nocivo para o desenvolvimento do bebê.
"A absorção pode variar dependendo do tipo de tintura utilizada. Cada uma apresenta uma composição diferente. Quando se utilizam hena pura, o risco é muito menor, o grande problema é garantir que o produto utilizado não vem acompanhado de outros químicos", explica o médico ginecologista Rafael Lacordia, obstetra e especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva.
A dermatologista Mirian alerta para a intoxicação do feto e da gestante por pigmentos que não sejam de boa procedência, comprados de maneira clandestina, pois esses podem realmente comprometer gravemente a saúde do feto.
Riscos de deformação da tatuagem: É preciso considerar que o corpo da gestante se adapta para todas as necessidades de espaço que o bebê precisa, o que levará ao esticamento da pele.
Uma tatuagem feita durante o período gestacional - o que não é recomendado - pode mudar de aspecto após a pele voltar ao normal, podendo apresentar flacidez e até mesmo estrias.
O ginecologista Rafael Lacordia ainda alerta para tatuagens na região dorsal, que dificultam e até impedem que se faça a raquianestesia durante o trabalho de parto ou cesárea.
Fiz tatuagem na gravidez. E agora?
Caso a gestante faça uma tatuagem sem ter consciência da gravidez, não é preciso se desesperar. O recomendado é que ela realize uma consulta com o obstetra para que seja providenciado os testes necessários para doenças como HIV e hepatites, a fim de avaliar se existe risco de transmitir a doença para o bebê, como explica o médico obstetra Rafael Lacordia. Demais acompanhamentos e consultas com o pré-natal são essenciais.
Posso fazer tatuagem durante a amamentação?
O recomendado é que não. Isso porque os riscos são os mesmos relacionados à tatuagem durante a gravidez. "Nos preocupamos principalmente com a possibilidade de contágio de doenças como HIV, que é transmitida pelo leite materno", esclarece o obstetra Rafael Lacordia.
O indicado, segundo especialistas, é que a mulher espere pelo menos 40 dias após o parto para fazer uma tatuagem. "Eu prefiro esperar que a mulher pare de amamentar, pois durante o período de amamentação as alterações hormonais persistem e os riscos para a saúde do bebê também, caso a mãe venha a desenvolver uma infecção ou inflamação", finaliza a dermatologista Fabiana Seidl.
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