O que são PrEP e PEP
A PrEP é a sigla para Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, enquanto PEP significa Profilaxia Pós-Exposição. Ambas consistem na administração de medicamentos antirretrovirais, que visam impedir a contração do HIV. No entanto, enquanto o uso da PrEP é sugerida para casos de iminente exposição constante, a PEP é utilizada depois de uma possível exposição recente ao vírus.
As duas intervenções medicamentosas são disponibilizados no Brasil através do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde fornece a lista de hospitais e locais habilitados para oferecimento da PrEP e os habilitados para a PEP.
Como funciona a PrEP
A PrEP é realizada a partir da administração de remédios antirretrovirais, que incluem o Tenofovir e a Entricitabina, medições que têm o intuito de proteger pacientes que tenham exposição repetida e contínua. Então, a PrEP funciona como uma prevenção ao HIV, não caracterizando um tratamento.
Não há um tempo exato definido para o início do funcionamento da PrEP. "Em princípio, a pessoa que começa a receber essa prevenção medicamentosa já vai desenvolvendo uma proteção contra o vírus", explica Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin.
A especialista lembra também que essa prevenção não é 100% garantida, portanto, não substitui o uso de preservativos nas relações sexuais. Entretanto, a PrEP diminui as chances da pessoa adquirir o vírus a partir do momento em que tenha contato com ele.
Saiba mais: Entenda como funciona a prevenção combinada contra o HIV
Quando a PrEP é indicada
A PrEP é indicada a todas as pessoas que tenham uma exposição contínua ou repetida ao HIV. No Brasil, o público prioritário para receber esta intervenção medicamentosa via SUS inclui pessoas com maior risco de contração do vírus.
Entre elas, estão: homens que fazem sexo com outros homens (conhecidos como HSH), pessoas trans, pessoas sexualmente mais ativas (muitas vezes desprotegidamente), e casais sorodiferentes - isto é, quando uma das pessoas do casal é soropositiva para o vírus e a outra não.
Apesar dessa indicação preferencial, fazer parte de um dos grupos acima não é regra para a indicação da PrEP. "Hoje em dia, no Brasil, preconiza-se que qualquer pessoa que queira tomar, por conta de exposição repetida, pode fazê-lo", esclarece Dania.
PrEP possui efeitos colaterais?
A PrEP não provoca efeitos colaterais intensos, visto que os antirretrovirais utilizados atualmente são isentos de danos graves, sem adição de nenhuma medicação tóxica do ponto de vista neurológico ou renal, por exemplo.
Porém, como qualquer medicação de uso contínuo com a qual o corpo inicialmente não esteja acostumado, a PrEP pode vir a provocar, no período de adaptação, sintomas como náusea e mal-estar.
Como funciona a PEP
A PEP é um caso diferente da PrEP, sendo indicada a quem já teve exposição recente. Essa forma de prevenção consiste no uso de certos medicamentos utilizados no coquetel para tratamento do HIV. Idealmente, a administração deve ser feita com até 2 horas após a exposição, tendo como limite 72 horas.
Os medicamentos administrados são preferencialmente a combinação de Tenofovir (TDF), Lamivudina (3TC) e Dolutegravir (DTG), com o intuito de impedir que o vírus atinja o sistema imunológico. A substituição de um desses componentes deve ser avaliada pelo médico.
Além disso, a PEP costuma ser contraindicada para pessoas que são expostas repetida e continuamente ao HIV. A administração da PEP deve ser realizada durante o período de 28 dias e é indicada para pessoas que sofreram exposição não frequente, esporádica ou fora do comum.
Quando a PEP é indicada
A PEP é indicada em casos de exposição incomum ao vírus, como pode ocorrer com vítimas de abuso sexual. Outra indicação, por exemplo, é para pessoas que sofreram algum acidente com materiais biológicos, além de profissionais de saúde e profissionais do sexo - que, apenas nesse caso em específico, não usaram preservativo ou caso ele tenha rompido durante a relação.
PEP pode causar efeitos colaterais?
Até pouco tempo atrás, a medicação utilizada na PEP poderia causar sintomas como diarreia ou mal-estar gástrico. No entanto, as terapias medicamentosas das quais se faz uso na atualidade não possuem os mesmos impactos e efeitos na saúde e bem-estar de quem recebe o tratamento.
Como é feita a avaliação de risco para uso da PEP?
A avaliação de risco para a indicação do uso da PEP deve ser sempre feita por um médico. No caso de acidente com materiais biológicos, por exemplo, é preciso, em primeiro lugar, fazer a distinção entre uma exposição de baixo risco e alto risco.
Um caso de baixo risco pode ser visto como aquelas situações em que houve contato apenas com mucosas e com material ainda sem resultado para HIV. Por outro lado, nos casos de alto risco, eles são identificados em situações em que o material é sabidamente proveniente de paciente soropositivo e que possa ter entrado em contato com o sangue de quem o manuseou, a partir de acidentes com agulhas ou itens perfurocortantes.
Quem usa PrEP ou PEP precisa voltar ao médico?
Tanto quem faz uso da PrEP quanto da PEP precisa retornar ao infectologista, dentro de um período que seja, ao menos, bimestral ou trimestral. Pacientes que tomam PEP devem fazer esse acompanhamento durante a administração do medicamento, que dura 28 dias.
Desse modo, a recomendação para primeiro retorno durante o uso da PEP é de 1 semana a 10 dias após o início do uso, para avaliar possíveis efeitos tóxicos da medicação. A segunda avaliação deve ser feita após o final do tratamento, seguida de coleta de sorologia por 6 meses.
Referências
Ralcyon Teixeira, médico especializado em infectologia CRM: 120762 SP
Dania Abdel Rahman, médica infectologista do Hospital Albert Sabin - CRM: 139541 - SP