Oncologista e especialista em radioterapia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Residência médica em rad...
iO que é Radioterapia?
A radioterapia é um tratamento feito com radiações ionizantes, usada principalmente no combate ao câncer. Ela destrói tumores ou impede que suas células aumentem. Estas radiações não são vistas e, durante a aplicação, a pessoa não sente nada.
Para que serve a radioterapia?
A principal função da radioterapia é matar células tumorais. Contudo, ela também pode ser utilizada para reduzir a dor de pacientes que tenham tumores nos ossos ou para melhorar a respiração de pacientes que tenham tumores no pulmão ou na traqueia, por exemplo.
Outra aplicação do procedimento é como um complemento pós-cirúrgico no caso de retirada de tumores. O método pode ser usado tanto contra tumores malignos quanto benignos, e também pode ser útil na prevenção da reincidência do tumor ou mesmo nos cuidados paliativos, nos casos em que o tumor não pode ser eliminado.
Benefícios da radioterapia
Nesses quadros, o procedimento é responsável por proporcionar qualidade de vida, atuando no alívio da dor e na contenção de possíveis sangramentos.
"Além disso, a radioterapia não é usada apenas para tratar o câncer", ressalta Aline Ramos, mestre em Ciências e coordenadora dos cursos de Saúde da Universidade Univeritas. "Também é utilizada para a diminuição de queloide e malformação arteriovenosa", completa a especialista.
Radioterapia e quimioterapia
Radioterapia e quimioterapia são procedimentos distintos que podem ser complementares. Enquanto na radioterapia se aplicam feixes de radiação diretamente na região tumoral, na quimioterapia são administrados medicamentos de uso sistêmico, em forma de comprimidos e xaropes, ou injetados sob a pele, no músculo ou nas veias.
Segundo Hezio Jadir Fernandes Jr., oncologista e professor do curso de Medicina da Unisa, existem alguns protocolos que unem radioterapia e quimioterapia em momentos diferentes do tratamento, mas também há aqueles em que só é aplicado um dos tratamentos.
No entanto, Hezio explica que cada caso deve ser estudado individualmente. "De maneira geral, são procedimentos diferentes que podem, sim, andar juntos, mas aplicados em momentos diferentes do tratamento", acrescenta.
Tipos
Existem três tipos de radioterapia:
- Radioterapia externa;
- Radioterapia interna;
- Produtos radiofarmacêuticos.
Radioterapia externa
A radioterapia externa, radioterapia convencional ou telerradioterapia é aquela na qual se usam fontes radioativas ou aparelhos produtores de radiação direcionados a uma determinada região do corpo. Neste método, a fonte de radiação está localizada a uma distância do tecido alvo do tratamento.
Radioterapia interna
A braquiterapia, conhecida como radioterapia interna, é a modalidade em que o agente radioterápico é colocado junto ao tumor - ou seja, o material radioativo é inserido dentro ou próximo ao órgão a ser tratado. Para isso são utilizadas fontes radioativas específicas, pequenas e de diferentes formas por meio de cateteres ou sondas.
Produtos radiofarmacêuticos
Os produtos radiofarmacêuticos são tipos de drogas com isótopos radioativos que podem ser administrados através de uma injeção, de um comprimido oral ou da colocação dentro de uma cavidade, tal como o reto ou a vagina.
Estes fármacos emitem radiação, geralmente alfa, e as partículas da gama que são projetadas visam as áreas afetadas pelo crescimento tumoral, podendo ser usados tanto para diagnóstico de determinado tumor ou patologia quanto para tratamentos em geral.
Contraindicações
Pessoas que possuem esclerodermia não podem receber radioterapia devido à probabilidade de aumento dos efeitos colaterais. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, essa doença é caracterizada pelo endurecimento (fibrose) da pele e dos órgãos internos, pela formação de autoanticorpos (que combatem estruturas do próprio organismo) e pelo comprometimento dos pequenos vasos sanguíneos.
Pacientes que estão fazendo tratamento com determinados medicamentos ou quimioterapias também não podem receber radioterapia. “A contraindicação também é estabelecida pelo médico especialista em radioterapia, em sintonia com o oncologista ou com o cirurgião do paciente”, reforça Ferrigno.
Considerações
Efeitos colaterais da radioterapia
“Os efeitos colaterais dependem da área do corpo que vai ser tratada, da dose empregada e da técnica utilizada”, pontua o oncologista Robson Ferrigno. Mas, de forma geral, a radioterapia costuma provocar sintomas como:
- Fadiga;
- Problemas digestivos;
- Diarreia;
- Náusea e vômitos;
- Alterações na pele (na região irradiada);
- Cistite por radiação;
- Dor vaginal;
- Alterações menstruais;
- Diminuição das taxas sanguíneas.
Para amenizar esses efeitos, o ideal é utilizar técnicas avançadas durante a aplicação que permitam que a radiação fique concentrada apenas na área do corpo que precisa recebê-la. Isso evita que áreas saudáveis sejam atingidas por radiação desnecessariamente.
“Alguns efeitos colaterais, como reação de pele ou inflamação em mucosa, levam de uma a duas semanas para regredir. [...] Atualmente, graças aos avanços tecnológicos, muitos pacientes são tratados com radioterapia sem qualquer efeito colateral”, conta o oncologista.
Radioterapia: como funciona?
Existem diferentes métodos pelos quais a radioterapia pode ser administrada, variando entre os três principais tipos: a radiação externa do feixe, a radioterapia interna e os produtos radiofarmacêuticos.
A duração do efeito da radioterapia irá depender do tratamento. “Há tumores que são tratados com radioterapia que regridem lentamente ao longo das semanas após o término do tratamento”, explica Robson Ferrigno, oncologista e especialista em radioterapia da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A radioterapia em casos de câncer de mama, por exemplo, dependendo do estado clínico, pode ser utilizada depois da cirurgia de remoção para evitar recaída local. Já a radioterapia para câncer de próstata pode ser usada como alternativa à cirurgia, com finalidade curativa. “Alguns casos de câncer de próstata que recaem após cirurgia também podem ser tratados com radioterapia”, destaca Ferrigno.
Perguntas frequentes
Radioterapia faz o cabelo cair?
A radioterapia só afeta a área do corpo em que o tumor está localizado. Desse modo, não haverá queda de cabelo a menos que o tratamento tenha como alvo a cabeça.
Quem faz radioterapia fica com a imunidade baixa?
Quando há uma radioterapia em uma região específica do organismo, na maioria das vezes, não ocorre queda na imunidade; diferente do que acontece na quimioterapia de maneira geral.
No entanto, se a radiação é aplicada em uma região ricamente produtora de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, é possível o desenvolvimento de anemia e queda de imunidade e plaquetas. Como no caso da bacia de um homem adulto, onde se constitui a medula óssea (fonte produtora de sangue). Por outro lado, quando se irradia uma região como mama ou pulmão, isso não ocorre.
Quem faz radioterapia pode trabalhar?
Caso estejam em boas condições, é possível que as pessoas que estejam passando por radioterapia trabalhem. "A volta ao trabalho pode até ajudar na melhora, uma vez que a pessoa se sente mais útil e produtiva", acrescenta a biomédica Aline.
Referências
Hezio Jadir Fernandes Jr., oncologista e professor do curso de Medicina da Unisa - CRM: 74734 SP.
Aline Paixão Alencar Ramos, biomédica e mestre em Ciências e coordenadora dos cursos de Saúde da Universidade Univeritas.
Robson Ferrigno, oncologista e especialista em radioterapia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRM 58.149 SP.