É comum que mulheres frequentem o ginecologista para realizar visitas de rotina, porém não se vê o mesmo refletido no que diz respeito a homens com urologistas. De fato, quando se trata da vida sexual masculina, não é costume enxergá-la como uma questão de saúde. Um novo estudo inédito desenvolvido pela Omens em conjunto a Datafolha reuniu dados que demonstram os reflexos disso com dados alarmantes.
De acordo com o estudo, 25% dos homens tiveram a vida afetada por problemas na ereção. Apesar disso, 60% deles não conversam com ninguém sobre o assunto. "Do lado masculino, somos muito mais fechados, então temos que mostrar que isso é comum e que as pessoas não estão sozinhas", explica Olivier Capoulade, responsável pela plataforma de atendimento online da Omens no Brasil.
A abrangência da pesquisa ajuda a guiar profissionais sobre o posicionamento do público masculino de todo o Brasil a respeito do assunto. Foram entrevistados mais de 1.800 homens de todas as regiões do país, distribuídos de forma semelhante à do público internauta. Os padrões encontrados indicaram uma mesma realidade.
"O homem não vê o problema sexual como uma questão de saúde. Não é a mesma que uma apendicite ou quando quebra o braço. Ele vê como algo que diz respeito a ele, a autoestima dele, da masculinidade dele, alguma deficiência de virilidade. Então ele não acha, muitas vezes, que é algo para o qual ele deva visitar um médico", ressalta João Brunhara, urologista da Faculdade de Medicina da USP.
Disfunções sexuais, prazer e vergonha
Um dos dados apresentados pelo estudo diz respeito às experiências sexuais dos participantes em si. Do total, 38% foram identificados com disfunção erétil ao menos leve nos 24 meses antecedentes à pesquisa. Entre esses, o número de indivíduos satisfeitos com a vida sexual foi muito menor.
Apenas 14% dos homens com disfunção erétil afirmam sempre se sentirem satisfeitos após relações sexuais, um número que contrasta com os quase 63% sem o problema. Além disso, 13% dos homens com disfunção erétil deixaram de fazer sexo especificamente para esconder algum problema sexual, o dobro da porcentagem de homens sem disfunção erétil.
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De acordo com João, o maior perigo para essas pessoas é que isso gera um ciclo vicioso, porque muitas vezes a disfunção em si já é causada por questões psicológicas, estresse e ansiedade, podendo levar até à depressão e problemas de autopercepção ainda mais graves.
Consumo da pornografia e álcool
Os dados da pesquisa mostram também que homens com disfunção mostraram chances mais altas de recorrer a meios como pornografia, lembranças sexuais antigas, consumo de drogas ou excesso de álcool para garantir ereção.
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Algumas pessoas podem até se "soltarem mais" depois de uma dose pequena de álcool, mas em excesso e em longo prazo ele provoca alterações da função erétil, assim como muitas drogas recreativas. Da mesma forma, a pornografia é um problema de saúde sexual por inserir imagens que não correspondem à realidade.
"Muitos homens começam a ter uma autoimagem equivocada de insatisfação com o próprio corpo ou o pênis, assim como insatisfação com parceiros e parceiras que se encontram no mundo real", esclarece João.
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O urologista explica também que a pornografia acentua problemas de autoestima em compatibilidade com o mundo real, agravando a insatisfação sexual. Além disso, sem acompanhamento médico, podem passar a buscar remédios que potencializam a ereção por iniciativa própria, cuja dose excessiva pode causar problemas.
Apoio familiar e auxílio profissional
Entre os homens com disfunção erétil, 40% sentiram vergonha, insegurança ou decepção com o problema - e, para 35%, conversar com a parceria amenizou o problema. "Isso mostra que a conversa com a parceira ou parceiro é sempre fundamental para uma pessoa que sente sua masculinidade ferida", explica o urologista.
Contudo, a dificuldade em buscar ajuda profissional ainda é uma barreira a atravessar entre homens: 64% dos homens com disfunção não procuram auxílio médico. "Muitas vezes o próprio conhecimento das disfunções já ajuda o paciente a entendê-las", afirma João.
Segundo o especialista, outras intervenções possíveis são encaminhamentos para psiquiatras, por exemplo, ou prescrição de medicações específicas para o tratamento.Esse problema pode ser contornado através da conscientização e meios diferenciados de atendimento com urologistas, como a telemedicina fornecida em plataformas como a Omens.
Em alguns casos, o atendimento presencial pode ser necessário, como Doença de Peyronie, para entender se há alguma calcificação e se há indicação de cirurgia. Em certos quadros de disfunção erétil, também pode ser necessária uma visita presencial caso sejam recomendadas injeções no pênis.