Psicóloga formada em 1998 pela Faculdade de Ciências e Letras, com validação e equivalência de diploma pela Universidade...
iA pandemia alterou muitos aspectos da vida de todas as pessoas, e as relações também foram afetadas. As pessoas que buscaram e ainda buscam uma relação e/ou conhecer pessoas novas se apoiaram no online como forma mais "protegida" e "dentro das regras de segurança" do momento de pandemia.
Porém, é fato, que depois de tanto tempo de isolamento social, muitas destas pessoas estão cansadas dos tais apps de relacionamento/namoro. As razões mais comentadas são:
- a preocupação com a contaminação
- dates frustrados
- mais do mesmo
- dificuldade de entender o outro e/ou ser entendido.
Relacionamentos na pandemia
A pandemia já é difícil por si só, mas quando pensamos em problemas emocionais e nas chances de construir um relacionamento, a situação se agrava muito.
Fora da pandemia, a vida social costuma ir muito além de um app de relacionamento e normalmente tende a fluir melhor, com mais opções como conhecer pessoas no trabalho, em passeio e viagens; encontrar amigos de amigos e da família e por aí vai. Muita dessas possibilidades desapareceram na pandemia.
Os apps de relacionamento viraram palco, mas o cansaço gerado pelo uso excessivo deles ou pelo desencontro de expectativa x realidade se soma a limitação das oportunidades de conhecer e se relacionar. Quem busca uma relação tem suas expectativas internas e quando a realidade externa é outra a frustração se instala.
"Burnout afetivo"
O termo burnout é destinado à assuntos profissionais, ao trabalho, como uma espécie de estresse ocupacional. Mas podemos compreender o conceito e expandir a ideia para entender que o "burnout afetivo" seria uma forma de nomear e explicar a exaustão, a tristeza e o desgaste causados pela frustração de se dedicar, preparar e empenhar tanta energia para uma possível relação e a falta de um resultado positivo e desejado.
Quem se dedica muito na busca por uma relação, usando seu tempo para estratégias, criando meios e maneiras para estar presente na vida da pessoa amada (ou ao menos da pessoa que se tem um interesse), deixando de lado pontos importantes de outros setores da vida, sem o retorno esperado ou até acabando em conflitos, brigas, desencontros e mal estar geral, pode experimentar emoções de profunda frustração, medo, insegurança, ansiedade, falta de controle emocional e baixa autoestima.
Ou seja, a busca frustrada de uma relação pode causar um desencontro nas bases individuais e internas da pessoa. Quem não lida bem com a falta de sucesso na investida emocional pode ter "sequelas" em pontos emocionais da estrutura de si mesmo como:
- duvidar de si
- não confiar no seu potencial
- experimentar momentos de tristeza profunda sem esperança de um futuro melhor.
Pessoas que já viveram outras situações de desencontro emocional, perda e abandono podem ser mais sensíveis ao tema. Quando uma pessoa tem uma memória negativa de uma rejeição, pode hiper valorizar o fato, se tornando muito reativa e assustada com novas possibilidades semelhantes.
Como lidar com o desgaste das relações?
Ninguém gosta de "gostar de alguém que não gosta" na mesma sintonia, porém o equilíbrio emocional, a regulação emocional e a capacidade de ser resiliente envolve não se desestruturar com este fato. O trabalho de autoconhecimento envolve compreender a sua história de vida para que seu passado possa ser "curado" e que suas vivências não contaminem seu presente.
É normal ficarmos tristes com relações que não se formaram da maneira que desejávamos, porém se perder nesta dor não é saudável, não é adequado e nem esperado.
As relações fazem parte de um espaço da vida, mas quando se deixa de viver outros aspectos e tudo gira em torno disso, este já é um sinal de alerta: tem algo muito errado aí.
Que você possa cuidar muito bem de você, das suas escolhas e das relações vividas. Sucesso naquilo que busca e até breve!