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O que é mastectomia masculinizadora?
A mamoplastia ou mastectomia masculinizadora é um procedimento cirúrgico realizado para retirar a glândula mamária e, depois, é feita a reconstrução de um tórax masculino. Geralmente, esse procedimento é feito em homens transgêneros, pessoas transmasculinas ou não binárias, após pelo menos um ano de transição.
Além disso, para a realização da cirurgia, é recomendado que o paciente passe por um acompanhamento psicológico para avaliar as possíveis questões relacionadas à cirurgia e à transição de gênero.
Como é feita?
Segundo o cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira, o pré-operatório da mastectomia masculinizadora é um pouco diferente de outros procedimentos. "Esse paciente precisa, primeiramente, ter uma avaliação psicológica, pelo menos, após um ano de avaliação, para ver se realmente ele está muito seguro de como será o pré-operatório, o pós-operatório, porque é uma cirurgia que não tem retorno", explica o cirurgião.
Somados à consulta psicológica, também são requisitados exames médicos e análises de risco, como em qualquer outro procedimento cirúrgico.
Com o paciente internado e submetido à anestesia geral, a cirurgia é realizada em hospital e pode durar de duas a quatro horas. "A gente faz a retirada de toda a glândula mamária, faz a diminuição das aréolas e também do próprio mamilo - que é diferente no homem, que é pequeno -, e depois nós fazemos a reconstrução", detalha Luiz Haroldo.
Idade
Assim como na maioria das cirurgias plásticas, a mastectomia masculinizadora pode ser realizada por qualquer paciente com mais de 18 anos, dependendo dos requisitos pré-operatórios. "Isso é importante e também relacionado um pouco mais à maturidade, a aceitar limitações, aceitar riscos de uma cirurgia", afirma Matheus Manica, cirurgião plástico e regente do capítulo de cirurgia em transgênero da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Tipos de mastectomia masculinizadora
Ainda de acordo com Manica, dependendo da quantidade de tecido glandular que precisa ser retirado, o tipo de abordagem cirúrgica pode variar. Com isso, as cicatrizes da mastectomia masculinizadora podem ser diferentes entre os pacientes, variando conforme o caso de cada um. Confira algumas técnicas:
Mastectomia masculinizadora periareolar
Nesta abordagem, o cirurgião retira a glândula mamária através de uma incisão circular ao redor da aréola. "Homens trans que têm pouco tecido glandular podem se beneficiar de uma cirurgia que é feita pela região da aréola, que só tira esse excesso glandular sem precisar mexer tanto na pele", explica Matheus Manica.
Depois, a aréola e o mamilo são reduzidos. Assim, a cicatriz fica praticamente imperceptível, em um formato circunferencial na aréola.
Mastectomia masculinizadora horizontal
Indicada para pacientes com mais tecido glandular e seios mais flácidos - muitas vezes, por conta do uso do binder, um tipo de colete que prende o tecido mamário dando uma aparência de um peito liso -, essa técnica, também conhecida como "sorriso", consiste na remoção do tecido glandular e do excesso de pele.
"Nesses casos, a gente faz a retirada de praticamente toda a pele da mama, a aréola é retirada e enxertada, ou seja, a pele da região do mamilo e da aréola é reposicionada na altura da musculatura peitoral para poder cicatrizar", detalha o cirurgião.
Segundo Manica, essa abordagem faz com que o paciente acabe perdendo a sensibilidade da região da aréola. "Mas, para a maioria dos homens trans, o incômodo de ter um volume peitoral, de ter que usar uma roupa para poder cobrir esse excesso de mama é muito maior do que o incômodo de perder a sensibilidade dessa região", afirma.
Pós-operatório e resultados
Após o procedimento, o paciente permanece no hospital em observação de 12 a 24 horas e, geralmente, tem alta no dia seguinte. Deve-se utilizar um colete de malha compressiva, que ajuda na cicatrização, e tomar alguns cuidados. "Os cuidados iniciais incluem não levantar os braços exageradamente por 30 dias, exercícios físicos antes de 30 dias estão proibidos e manter a conservação de todos os procedimentos", afirma o cirurgião Luiz Haroldo.
Normalmente, segundo o cirurgião plástico Matheus Manica, a região operada pode apresentar inchaços, áreas roxas e alguns sinais de cicatrização. "Geralmente, como a maioria das cirurgias plásticas, por volta de uns dois a três meses, o paciente já tem uma ideia muito boa do resultado final, porque a maior parte do inchaço já foi, mas a cicatrização é uma coisa variável que pode chegar até um ano", explica.
Quanto custa?
O procedimento pode ser realizado tanto pela rede de saúde pública, através do Sistema Único de Saúde (SUS), quanto pela rede privada, através de planos de saúde ou consulta com cirurgiões particulares.
Caso o paciente opte pelo plano de saúde, ainda assim será necessário desembolsar um valor referente à reconstrução do tórax. Isso porque, pelas normas da Agência Nacional de Saúde (ANS), os planos de saúde devem cobrir apenas o procedimento de Mastectomia Simples, ou seja, em casos de câncer ou risco de câncer.
Desconsiderando exames pré-operatórios e cuidados pós-operatórios, o valor do procedimento pode variar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
Como entrar na fila (SUS)?
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), desde 2008, o Processo Transexualizador pelo SUS está instituído, permitindo acesso a qualquer procedimento e/ou acompanhamento relacionado à transição de gênero, desde hormonização até cirurgias de modificações corporais.
Através da portaria nº 2.803 do Ministério da Saúde, qualquer pessoa maior de 18 anos pode iniciar um processo terapêutico e realizar a hormonização através do SUS. Porém, somente maiores de 21 anos, com acompanhamento e avaliação psicológica durante um período de dois anos, podem ter acesso às cirurgias de modificações corporais.
Para ter acesso a esses serviços pelo SUS, é necessário solicitar um encaminhamento na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência.