Psicóloga formada em 1998 pela Faculdade de Ciências e Letras, com validação e equivalência de diploma pela Universidade...
iA sensibilidade de cada um está ligada ao modo ser, pensar e processar as vivências. Ela pode estar mais evidente quando reagimos de forma muito intensa a coisas simples do cotidiano. Porém, algumas pessoas tendem a viver constantemente deste modo, com emoções mais fortes, mais profundas. As pessoas altamente sensíveis (PAS), normalmente, têm este traço de personalidade: a sensibilidade excessiva.
O que é ser uma pessoa altamente sensível?
As PAS costumam entrar mais facilmente na Reação Emoção Desproporcional (RED), reagindo de modo mais intenso do que seria adequado e esperado. Quem entra na RED nem sempre responde apenas aos estímulos do presente: normalmente, tem uma reação como resposta ao acúmulo de muitas emoções.
As vivências do passado pesam no momento presente. Quem é altamente sensível está acumulado de emoções e tende a super reagir aos estímulos que, de algum modo, remetem a outras experiências já vividas.
Quem nunca se pegou respondendo a algo de modo muito intenso? Todos nós, certo? E a única explicação razoável é quando nos damos conta de tantas outras vezes que já vivemos uma experiência parecida ou algo que nos levou a ter aquele mesmo estilo de emoção. E aí, parece que tudo fica acumulado: nossas emoções, nossa sensibilidade e nossas reações.
Não é uma questão de ter ou não razão, mas a proporção que a coisa toma.
Como saber se sou uma pessoa altamente sensível?
Quando alguém entra nesse ciclo de emoções e intensidade é comum se sentir mais desprotegido, com a sensação de não ser suficientemente resistente aos problemas do dia a dia. Por exemplo, uma notícia ruim, seja na TV, no jornal ou nas redes sociais pode causar um alvoroço interno. O mesmo pode ocorrer quando as PAS têm experiências complicadas ao longo do dia, podendo parecer mais aterrorizante do que o normal.
Pessoas altamente sensíveis respondem com empatia excessiva: sofrem junto com quem compartilha uma dor, um problema. A sensibilidade vai além do amor pelo outro, é uma dificuldade de entender seu espaço e do outro, ficando tudo misturado. É como se não houvesse uma "blindagem emocional".
Por exemplo, se alguém sofre perto de uma PAS, todos ficam em sofrimento. Em muitos momentos, ter emoções intensas de sensibilidade envolve acessar as próprias emoções do agora, do passado, a fantasia do futuro e também o se misturar nas emoções dos demais à volta.
Ser sensível em excesso não é fraqueza, longe disso. As PAS suportam o "insuportável". Quem pensa que PAS sofrem por frescura ou mesmo por bobagem tem uma falsa percepção de si ou dos demais sobre o tema. É errôneo associar sensibilidade à fraqueza.
A sensibilidade em excesso tem a ver com o traço de personalidade ligado à intensidade; com várias outras características emocionais, o processo de lidar com as próprias emoções, suas intensidades e o modo de envolvimento com as pessoas e com as situações que definem melhor as PAS.
Quem é sensível costuma pensar de maneira muito intensa, profunda, com atenção plena aos detalhes da vida, aos problemas, também sobre si mesmo e sobre os demais. Este modo de pensar profundo (o oposto da leveza) traz consequências na interpretação da vida e do viver.
Por pensar de modo muito intenso, as PAS reagem intensamente, pois sentem na profundidade, no âmago da coisa. Ou seja, as emoções são fortes, profundas e marcantes para as PAS. Se alguém reage de modo desproporcional em decorrência de uma análise profunda, é possível não estar correto na sua percepção. Mas, no momento de sentir, as emoções são mais fortes que a lógica e a razão.
As vivências das PAS são marcantes e, em consequência, as memórias são recheadas de intensidade. O que pode contribuir para a percepção das PAS em ter dificuldade para lidar com o mundo à sua volta, pois tudo parece ser recheado de tantos excessos. Perceber as indiretas, as sutilezas, os detalhes dos gestos, da fala, do tom, do modo do outro ser, pode ser realmente cansativo.
O que fazer quando se é muito sensível?
Todas as vezes que percebemos algo no outro pode ser nossa sensibilidade, mas também nossa fantasia. Mudar é possível para todos. Para as PAS, a melhor maneira de mudar e melhorar a forma de lidar com as próprias emoções é:
- Aceitando a hipersensibilidade
- Reconhecendo a própria força e intensidade
- Criando meios de autoproteção saudável (sem enfrentamento de descontroles emocionais e sem evitamento constante de pessoas ou lugar)
Durante o processo de psicoterapia, é possível entender a história de vida de cada um, as experiências mais marcantes, o estilo de pensar (o modo operante de raciocínio) e as razões para as respostas intensas e desproporcionais. Quando somos convidados a pensar sobre o modo que pensamos, temos um caminho aberto de mudança e crescimento pessoal. Sucesso naquilo que busca e até breve!