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Praticar exercícios físicos é uma recomendação unânime às pessoas que querem desfrutar de uma vida saudável. Mas, no caso de quem sofre com as crises de epilepsia, a atividade física tem um benefício extra: prevenir as terríveis crises, como concluiu um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O estudo feito por Ricardo Arida e Antonio C. da Silva, do Departamento de Fisiologia, em parceria com Esper Cavalheiro e Fulvio Scorza, do Departamento de Neurologia Experimental, ambos da Unifesp, mostra que não há fundamento para restringir os exercícios aos epiléticos.
Com a revisão de 78 estudos publicados entre 1948 e 2006, que investigaram os efeitos dos exercícios em pessoas com epilepsia e a relação entre atividade física e as crises, os pesquisadores observaram que as atividades aeróbias reduzem o número de crises.
Entre os trabalhos analisados, um publicado pela Academia Americana de Pediatria, em 1983, assegurou que a epilepsia não deve excluir crianças da prática de futebol americano, hóquei, basquete ou luta livre , posicionando-se a favor dos esportes de contato. Além disso, estudos em modelos animais com epilepsia têm confirmado os efeitos benéficos das atividades físicas.
É justificável, portanto, que os médicos recomendem exercícios a seus pacientes, como forma de melhoria da qualidade física, da auto-estima e da socialização dos paciente epiléticos.
Vale lembrar, porém, que o acompanhamento médico é necessário para que as atividades esportivas sejam praticadas com segurança e a melhora no sistema cardiovascular e a redução das crises sejam notadas. Os pesquisadores da Unifesp ressaltam ainda que, o especialista precisa conhecer o histórico do paciente e a freqüência de suas crises.
Sobre a epilepsia
A epilepsia é uma doença que costuma aparecer na infância, quando é maior a vulnerabilidade a infecções do sistema nervoso central, como meningite, sarampo, varicela e caxumba. As complicações dessas doenças podem causar crises epiléticas. Complicações vasculares do envelhecimento também são apontadas como causas da patologia.
Caracterizada por crises epiléticas repetidas, a doença não é contagiosa. Os sintomas vão desde pequenos movimentos corporais ou sentimentos estranhos até perda da consciência.
A incidência de epilepsia varia entre 1 a 2% da população mundial e é mais freqüente nos países em desenvolvimento, devido à desnutrição, às doenças infecciosas e ao deficiente sistema público de saúde. No Brasil, existem cinco casos de epilepsia para cada mil habitantes.