Nutricionista graduada pela UNIVAP, pós-graduada em Nutrição Clínica e Funcional pela Santa Casa de São Paulo e pós-grad...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
O que é cafeína?
A cafeína é uma substância química de ação estimulante que reduz os efeitos do cansaço, melhorando o raciocínio e aumentando o estado de alerta graças a alterações provocadas no sistema nervoso central.
Ela é naturalmente encontrada nas sementes de café e nas folhas de chá verde, além de outros produtos vegetais, suplementos e bebidas, particularmente no cacau, no guaraná e na erva-mate. Uma boa parte da população consome cafeína através da administração de medicamentos e estimulantes.
Como a cafeína age no organismo?
No cérebro, a cafeína age bloqueando os receptores da adenosina, um neurotransmissor que atua na supressão da excitação e na melhora do sono. Normalmente os níveis de adenosina sobem ao longo do dia, aumentando a sensação de sono e de cansaço.
Segundo Ana Luisa Duque Vieira, nutricionista da Pineapple Medicina Integrada, a cafeína também é capaz de ampliar os níveis de adrenalina, de dopamina e de norepinefrina, neurotransmissores que atuam sobre as emoções e a atenção.
“Essa combinação estimula ainda mais o cérebro e promove um estado de excitação, alerta e concentração. A absorção da cafeína é rápida no trato gastrointestinal, principalmente no intestino delgado, mas também no estômago”, explica a especialista.
Após absorvida pelo organismo, a cafeína é distribuída para os tecidos em função de sua característica lipossolúvel e hidrofóbica. Isso permite a passagem facilitada por todas as membranas, incluindo a barreira hematoencefálica.
Cerca de 95% da cafeína é metabolizada no fígado e tem uma meia-vida de 4 a 6 horas, podendo variar de 1,5 a 10 horas em adultos. “A cafeína tem a capacidade de bloquear a molécula de sinalização cerebral adenosina. Isso resulta em um aumento em outras moléculas de sinalização, como dopamina e norepinefrina, beneficiando o humor e as funções cerebrais”, aponta a nutricionista.
Propriedades da cafeína
O maior destaque da cafeína se dá às suas propriedades psicoestimulantes, que conferem uma melhora na performance cognitiva e psicomotora. Além disso, a substância também possui ação antioxidante, de modo que ele combate os radicais livres produzidos pelo organismo. A cafeína:
- Aumenta a capacidade de concentração
- Melhora o estado de alerta
- Melhora o desempenho de tarefas simples
- Diminui a exaustão e da sonolência
- Promove energia
Benefícios da cafeína
Se consumida de forma moderada, a cafeína pode conferir alguns benefícios ao organismo, desde o aumento da concentração até a prevenção de doenças neurodegenerativas. De acordo com Elaine Cristina Alves Lima, nutricionista da Clínica Simone Neri, a cafeína pode:
- Diminuir a fadiga mental
- Aumentar o gasto energético de repouso
- Diminuir a sensação de esforço associada à atividade física
- Melhorar o desempenho físico, motor e cognitivo
- Aumentar a capacidade de concentrar e focar a atenção
- Reforçar a memória de curto prazo
- Aumentar a capacidade de resolver problemas que requerem raciocínio
- Aumentar a capacidade de tomar decisões
- Melhorar a coordenação neuromuscular
Alguns estudos apontam uma propriedade analgésica da cafeína, com doses acima de 100mg em casos de dores em geral, além da ação de vasodilatação. “Também é associada a um efeito diurético e de neuroproteção em doenças como Parkinson, Huntington, esclerose múltipla, entre outras”, acrescenta Ana.
Por fim, segundo Ana, uma grande aplicação da cafeína é na prática de exercícios físicos, com boas evidências científicas na melhora da performance devido a alguns efeitos metabólicos gerados por ela, como:
- Vasodilatação (expandindo os vasos sanguíneos, o que permite maior fluxo sanguíneo e melhor circulação)
- Broncodilatação dos alvéolos
- Redução da fadiga periférica
- Redução da percepção de esforço
- Melhora do humor e do estado de alerta
Leia também: Cafeína pode aliviar sintomas de TDAH, aponta estudo
A cafeína pode ajudar na perda de peso?
Devido à sua capacidade de estimular o sistema nervoso central e acelerar o metabolismo, alguns estudos sugerem que o consumo de café leva à perda de peso. É possível observar que a sua ação também promove o aumento da termogênese (produção de calor corporal), fazendo com que o corpo queime mais calorias.
Todavia, existem evidências de que o aumento depende da quantidade de cafeína ingerida. A nutricionista Ana Luísa acrescenta que é necessário unir o consumo de café a outros hábitos saudáveis para obter resultados satisfatórios.
Segundo Elaine Cristina, diversos estudos também constataram um aumento da lipólise (queima de gordura) após a ingestão de cafeína ou café. “Adicionalmente, alguns estudos mostram que o efeito termogênico e lipolítico da cafeína é mais pronunciado em indivíduos não obesos do que em obesos”, complementou a especialista.
Como consumir a cafeína
Uma das formas mais populares de obter a cafeína é a partir do café. Porém, é possível encontrar a cafeína em alimentos e bebidas como:
- Refrigerantes;
- Chá verde;
- Chá preto;
- Energéticos;
- Guaraná;
- Achocolatados;
- Chocolate.
“A cafeína também pode interagir com alguns medicamentos, por isso é importante verificar com o médico a dosagem adequada de ingestão de cafeína para cada estado de saúde”, esclarece Ana Luísa.
Suplementação de cafeína: quando ela é indicada?
Segundo Angélica Grecco, nutricionista do Instituto EndoVitta, a suplementação só deve ocorrer para atletas de alta performance, que precisam aumentar a duração e a performance do treino.
É importante ressaltar que a suplementação só deve ser feita sob prescrição e orientação de um especialista, que poderá indicar a quantidade correta sem acarretar em danos à saúde.
Quantidade recomendada
A Anvisa considera seguro o consumo de até 400mg de cafeína por dia para pessoas saudáveis — considerando todos os alimentos, suplementos e medicamentos que possuem a substância na composição. Isso equivale a cinco xícaras de café, 10 latas de refrigerante de cola ou duas latas de bebidas energéticas.
Conforme orienta Elaine, crianças devem evitar a cafeína e os adolescentes não devem consumir mais de 100mg por dia.
Efeitos colaterais da cafeína
Embora o consumo da cafeína seja relativamente seguro, em excesso, ele pode provocar efeitos colaterais graves, como:
- Ansiedade;
- Inquietação;
- Irritabilidade;
- Diarreia;
- Tremores de extremidade;
- Batimento cardíaco irregular;
- Náuseas;
- Insônia;
- Dores de cabeça;
- Enxaqueca;
- Pressão alta;
- Morte.
Contraindicações da cafeína
As contraindicações da cafeína existem para pessoas que apresentam diagnóstico de arritmia cardíaca, hipertensão e problemas gastrointestinais, como refluxo, gastrite e úlcera no estômago.
Além disso, mulheres grávidas devem limitar a sua ingestão devido à possibilidade de a cafeína atravessar a barreira placentária, o que aumenta o risco de aborto espontâneo ou baixo peso do bebê ao nascer, conforme aponta um estudo de 2013 publicado no periódico BMC Medicine.
Referências
- Dr. Carlos Machado, clínico geral especialista em Medicina Preventiva/ Nefrologista - CRM/SP 41937 RQE 10659
- Dra. Ana Luisa Duque Vieira, nutricionista da Pineapple Medicina Integrada.
- Dra. Elaine Cristina Alves Lima, nutricionista da Clínica Simone Neri.
- Dra. Angélica Grecco, nutricionista do Instituto EndoVitta