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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nápoles Federico II, na Itália, apontou que beber um copo de leite ou comer um potinho de iogurte todos os dias diminui em 10% e 6%, respectivamente, o risco de desenvolver o diabetes tipo 2.
Em contrapartida, os dados mostraram que a carne vermelha e processada (como bacon e salsicha) aumentam em até 30% o risco de desencadear a doença. Os resultados foram publicados na revista científica Diabetes Research and Clinical Practice.
Conforme explicou a médica e principal autora do estudo, Annalisa Giosuè, os produtos lácteos são ricos em nutrientes, vitaminas e outros compostos bioativos que podem influenciar favoravelmente o metabolismo da glicose, o processamento do açúcar pelo organismo.
“Os probióticos também são conhecidos por exercerem efeitos benéficos no metabolismo da glicose, o que pode explicar por que descobrimos que o consumo regular de iogurte está associado a um risco reduzido de diabetes tipo 2″, escreveu Giosuè em comunicado.
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Riscos do consumo de carne vermelha e processada
Segundo dados da pesquisa, o consumo de 100g de carne vermelha por dia aumenta em 22% o risco de desenvolver o diabetes tipo 2. Para as pessoas que consomem 50g de carnes processadas, as chances de desencadear a doença aumentam para 30%. A porção de 50g de carne branca também demonstrou um aumento, mas apenas de 4%.
Conforme explicou Giosuè, as carnes vermelha e processadas são ricas em ácidos graxos saturados, colesterol e ferro heme, conhecidos por causar inflamação crônica de baixo nível e estresse oxidativo, o que pode reduzir a sensibilidade das células à insulina. As carnes processadas também contêm nitratos, nitritos e sódio que, que podem danificar as células produtoras de insulina do pâncreas.
"Para reduzir o risco de diabetes, o consumo de carne vermelha e processada deve ser restringido; um consumo moderado de laticínios, leite e iogurte, pode ser incentivado; quantidades moderadas de peixe e ovos são permitidas", finalizaram os autores do estudo.
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Como o estudo foi feito?
Os cientistas analisaram dados de 13 revisões científicas anteriores, envolvendo 175 estudos que buscaram relação entre o consumo de 12 alimentos de origem animal e o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
A lista de alimentos analisados na pesquisa inclui carne vermelha dos tipos bovina, ovina e suína; carnes brancas, como frango e peru; carnes processadas, como bacon e salsichas; e peixe. Também foram avaliados laticínios em versões integrais e reduzidas em gordura, como leite, queijo e iogurte, e ovos.
Diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que ocorre quando o corpo apresenta resistência aos efeitos da insulina, hormônio que regula a entrada de glicose nas células, ou não produz insulina suficiente para suprir as demandas do organismo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 16 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil — o que representa 6,9% da população. O país é o quinto em incidência de diabetes no mundo e, segundo estimativa do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), a incidência da doença em 2030 chegará a 21,5 milhões de pessoas.
Hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo e consumo excessivo de carboidratos, são alguns dos principais fatores de risco associados à doença. Os sintomas podem surgir anos após a instalação da doença e incluem sede constante, vontade de urinar diversas vezes e perda de peso sem causa aparente.
Se não tratado adequadamente, o diabetes tipo 2 pode provocar complicações, como doenças cardíacas, doenças renais e problemas circulatórios.