Médica formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (1988). Residência em clínica médica pela mesma univer...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Em 2021, os produtos de limpeza foram responsáveis por 6.771 casos de intoxicação no Brasil, atrás apenas dos medicamentos, com 74.123 ocorrências, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essas situações se tornaram ainda mais frequentes devido aos hábitos de higienização adquiridos com a pandemia da COVID-19. A intoxicação ocorre com o contato, acidental ou não, de substâncias tóxicas prejudiciais ao organismo.
“Os produtos de limpeza que mais causam intoxicação são aqueles à base de ácidos e álcalis, como a água sanitária, os desentupidores à base de soda cáustica, todos os desinfetantes de limpeza pesada, que contêm cloro ativo, e removedores de cera, além dos inseticidas”, informa Ana Paula Mendonça, médica do trabalho do Hospital São Vicente de Paulo (RJ).
Crianças, idosos e animais domésticos são, na maioria das vezes, as principais vítimas desses acidentes, que geralmente ocorrem por conta do armazenamento indevido dos produtos. Saber evitar esse tipo de ocorrência ou ter conhecimento de como agir nesses casos é um fator essencial na hora de salvar vidas.
Quais são as formas de intoxicação?
A forma mais comum de intoxicação é pela via oral, com a ingestão dos componentes. Mas engana-se quem pensa que essa seja a única maneira de se intoxicar com os produtos químicos. A inalação também é uma das responsáveis por parte dos episódios.
“Alguns, ao serem utilizados, liberam um gás, uma espécie de névoa, que pode causar reação alérgica, assim como produtos à base de cloro, quando usados em grandes quantidades em ambientes fechados”, explica a médica. As reações aos produtos químicos ainda podem se manifestar por via cutânea, quando entram em contato com a pele.
Quando suspeitar de intoxicação?
Vítimas de intoxicação podem apresentar manifestações adversas, dependendo da substâncias e da forma de contato com o agente químico. Entre os sintomas mais comuns, estão:
- Náuseas;
- Vômitos;
- Salivação excessiva;
- Dores abdominais;
- Ardência na boca, na garganta e no estômago;
- Irritação nos olhos;
- Lesões na pele, como queimaduras e bolhas.
E os animais domésticos?
Assim como os humanos, os bichinhos também podem se intoxicar com os agentes químicos. Os episódios ocorrem pelo fácil acesso aos produtos ou de forma acidental, ao se limparem ou lamberem algum recipiente com o químico. Animais com intoxicação costumam apresentar:
- Apatia;
- Vômito;
- Lesões na boca e pele;
- Hiperventilação;
- Olhos lacrimejando;
- Diarreia;
- Dores abdominais.
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Primeiros socorros
Para os primeiros socorros a uma vítima de intoxicação, Ana Paula orienta lavar em água corrente a região que teve contato com o produto. “Em caso de ingestão, deve-se lavar a boca e ingerir água e, dependendo do produto, da quantidade ingerida e dos sintomas, a orientação é procurar imediatamente um pronto-atendimento”, informa.
Saber qual foi o agente que a vítima teve contato, até mesmo levar a embalagem, o rótulo ou a bula do produto ajudará na hora dos profissionais de saúde conduzirem o tratamento. Em casos emergenciais ou maiores informações, entre em contato com o SAMU (192) ou com o Disque-Intoxicação, do Centro de Assistência Toxicológica (0800 722-6001).
Como evitar intoxicação por produtos de limpeza?
- Guarde os produtos de limpeza em locais altos ou em armários trancados, sem o acesso de crianças e animais domésticos;
- Não misture diferentes produtos de limpeza. “Se um produto à base de ácido e outro à base de álcali se misturam, a reação química que produzem pode dar origem a um terceiro produto, que também pode causar intoxicação”, afirma a médica;
- Utilize a quantidade indicada do produto e mantenha-se em um local com ventilação durante o manuseio;
- Não reutilize as embalagens para uso de pessoas ou animais. “Eventualmente, pode restar um resíduo do produto nesta embalagem. Ao colocar um novo produto na embalagem, vai haver uma reação química, gerando um terceiro produto que pode provocar intoxicação ou alergia em quem utilizar o produto”, finaliza.