Neurologista, referência nacional em Medicina do Sono. Palestrante, autora de livros e inúmeros artigos na especialidade...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Já parou para analisar como você sonha? Formados durante o sono REM (fase de sono profundo caracterizada pelo rápido movimento dos olhos), os sonhos misturam estímulos do cotidiano, como cenários, sensações e até mesmo cores. Mas será que todas as pessoas sonham vendo imagens coloridas?
Todos sonham vendo imagens em cores?
De acordo com a neurologista e médica do sono Andrea Bacelar, os sonhos recuperam ou ativam memórias presentes em nosso cérebro. Desta forma, eles podem ser coloridos ou em tons de cinza, depende apenas de qual memória está sendo ativada.
“Reativamos informações registradas previamente, algumas ficam sem sentido pelo fato de não haver organização espacial ou temporal para a formação do sonho”, afirma.
Em um estudo realizado pela Escola de Psicologia da Universidade de Dundee, no Reino Unido, foi possível perceber como as cores nas memórias influenciam os sonhos. A pesquisa apontou que, até 1950, grande parte da população afirmava ter sonhos em preto e branco. A partir dos anos 1960, com a popularização da TV em cores, os indivíduos relataram que começaram a ter sonhos coloridos.
Daltônicos sonham em cores?
O daltonismo se caracteriza pela dificuldade em distinguir cores devido a um distúrbio genético ligado ao cromossomo X. Geralmente, pacientes com o transtorno não conseguem identificar vermelho, verde, azul e amarelo. Dessa forma, daltônicos não sonham com essas cores, já que o cérebro nunca as reconheceu. “Se não conheço, se nunca registrei aquela cor, não sonharei com ela”, garante Bacelar.
Como sonham os deficientes visuais?
Do mesmo modo, deficientes visuais e pessoas com capacidades visuais reduzidas sonham com o mundo da forma que o interpretam. “A imagem mental não se restringe à imagem visual. Temos que levar em consideração as imagens auditivas, táteis, olfativas, gustativas e cinestésicas que fazem parte da cognição de todos nós, sobretudo de quem não enxerga”, explica a neurologista.
Sentimentos, texturas, cheiros, sons e outros conceitos abstratos acabam constituindo esses sonhos. “Ainda temos a imagem afetivo-emotivas ou simbólicas, que são caracterizadas pela presença de reações, emoções, tensões, constrangimentos e ressonâncias. O conjunto dessas imagens forma um verdadeiro mundo mental”, conclui.