Mestre em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor em Ciências Médicas pela...
iRedatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
O ator Kayky Brito, de 34 anos, foi atropelado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na madrugada do dia 2 de setembro. Desde então, ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Copa D’Or, em Copacabana. Com politraumatismo, o estado de saúde do ator é considerado grave.
Politraumatismo é um quadro caracterizado por múltiplas lesões que acometem não só os esqueletos, mas também órgãos e sistemas diversos, como sistema respiratório, nervoso e órgãos do abdômen. Esse cenário é diferente de polifraturas, quando o paciente quebra mais de um osso, como o braço e o fêmur, por exemplo.
“No politraumatismo, o trauma é tão violento que ele atinge não só os ossos, mas estruturas nobres que podem colocar em risco a vida do paciente”, explica João Antônio Matheus Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Principais causas do politraumatismo
As principais causas do politraumatismo estão relacionadas a acidentes de trânsito, como:
- Atropelamentos
- Acidentes de carro
- Acidentes de moto (envolvendo carro ou outra moto)
“Muitos desses acidentes são decorrentes de uma ausência de prevenção, como evitar dirigir enquanto usa o celular e misturar direção e álcool, além do desrespeito às sinalizações de trânsito”, pondera João Antônio.
Saiba mais: Traumatismo craniano: o que é, sintomas, tipos e tratamento
Porém, os acidentes de trânsito não são os únicos causadores de politraumatismos. O quadro também pode acontecer em decorrência de um ferimento por arma de fogo, quedas de grandes alturas e explosões.
Quando o politraumatismo é considerado grave e quais são os riscos?
De acordo com João Antônio, todo quadro de politraumatismo é grave, mas essa gravidade pode ser dividida em níveis, a depender das lesões sofridas pelo paciente.
“Por exemplo, quando o paciente tem uma fratura exposta na perna e uma contusão leve na cabeça, é um politraumatismo grave, mas com maior chance de sobrevivência”, exemplifica o especialista. “Já em um outro paciente com traumatismo cranioencefálico e que apresente, também, uma lesão arterial em uma coxa, essa gravidade aumenta muito”, completa.
Com isso, o politraumatismo pode ser dividido em quatro níveis de gravidade: leve, moderado, grave e gravíssimo. As sequelas que podem ocorrer devido às lesões também vão depender do quão grave elas são. Um trauma cranioencefálico, por exemplo, pode levar a sequelas neurológicas definitivas. Já um trauma na região da perna pode dificultar a mobilidade ou, até mesmo, levar à amputação do membro.
Como é feito o tratamento de um politraumatismo?
O tratamento para o politraumatismo é feito logo no atendimento pré-hospitalar pelos socorristas no local do acidente. Nesse momento são feitos todos os cuidados necessários para manter os sinais vitais do paciente até que ele chegue ao hospital. Já no ambiente hospitalar, são identificados os órgãos e as estruturas ósseas que foram lesionadas e, a partir disso, é definido o tratamento.
“Na maioria das vezes, a abordagem é multidisciplinar e conta com cirurgião geral, ortopedista e clínico geral, que vão cuidar dessa primeira fase, que é a de ressuscitação, ou seja, cuidar dos possíveis sangramentos, ver se as vias aéreas estão funcionando bem, detectar todas as lesões que o paciente tem e evitar que ele entre em choque por perda sanguínea”, explica João Antônio.
Leia mais: Fratura exposta: descubra o que fazer nesses casos e como tratar
Em seguida, são determinadas quais cirurgias podem ser feitas de urgência. Por exemplo, no caso de uma fratura exposta, ela deve ser operada imediatamente. Cirurgias para controle de danos, como para estancar hemorragias, também podem fazer parte do atendimento antes de cirurgias definitivas.
“Às vezes, o cirurgião geral precisa entrar no tratamento, porque o paciente pode ter uma lesão hepática e precisa de uma cirurgia. Isso é feito concomitante com o ortopedista, que pode tratar eventuais fraturas ósseas. Esse cenário é bem comum em traumatismos que envolvam lesões abdominais e fraturas dos ossos”, exemplifica o especialista. “No geral, é um atendimento bem complexo e que exige diversas especialidades”, finaliza.