Médico dermatologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e pela Associaç&#x...
iAssunto pouco falado, mas relativamente frequente na população mundial, a psoríase em crianças merece atenção. É uma das doenças de pele mais frequentes tanto em adultos quanto em crianças, e estima-se que cerca de 1,2% da população de crianças e adolescentes seja acometida pela doença, com esses números aumentando gradativamente de 1 (0,1%) até os 18 anos (2% a 4%) de idade.
Sabemos que a psoríase hoje é uma doença sistêmica e que não afeta apenas a pele, já que o paciente com psoríase também tem risco aumentado para doença cardiovascular, diabetes, colesterol alto, síndrome metabólica, artrite e doenças inflamatórias intestinais, e o início da doença na infância, sem tratamento adequado, pode ser um mau preditor para a evolução dessas outras comorbidades, além de início precoce.
Sabemos também que, quanto mais cedo o início da psoríase, também pior é o prognóstico da própria doença, com um controle mais difícil do quadro cutâneo.
A psoríase em crianças e adolescentes se assemelha à do adulto, com lesões em forma de manchas avermelhadas, com descamação que podem ser elevadas ou mais endurecidas que a pele normal, podendo acometer qualquer região do corpo - do couro cabeludo até as unhas.
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O tratamento da psoríase na infância e adolescência não é diferente do tratamento no adulto: após o exame físico completo do paciente e cálculo da área de acometimento corporal ou da escala PASI (escala que avalia a porcentagem de acometimento corporal, vermelhidão, espessura e descascamento das lesões), é indicado se o melhor tratamento para o paciente será apenas com produtos de passar na pele ou se será necessário o início de medicamentos sistêmicos.
Quando a área corporal é superior a 10% ou o PASI tem um valor superior a 10%, classifica-se a doença como moderada, e já há a indicação de iniciar medicamentos sistêmicos.
Além disso, devemos levar em conta também a própria queixa do paciente e quanto a doença afeta a sua vida. Mesmo pacientes que tenham pouco acometimento podem muitas vezes apresentar um impacto psicológico e social importante, sendo indicado tratamentos mais eficazes do que apenas pomadas.
A primeira linha de tratamento são medidas de hidratação da pele e uso de corticosteróides tópicos, que devem ser aplicados até melhora da lesão, e depois a manutenção do tratamento para que não ocorram recorrências.
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Existem outros inúmeros tratamentos tópicos que chamamos de “poupadores de corticóides”, uma vez que o uso crônico deles pode levar a atrofia da pele, à formação de vasos sanguíneos e perda de efeito terapêutico. Dentre eles, podemos citar alcatrão, ictiol, calcipotriol e o LCD (Liquor Carbon Detergens).
Pacientes que não respondem a esses tratamentos ou que se enquadrem já em doença moderada têm então indicação de início dos tratamentos com os medicamentos convencionais: metotrexato, ciclosporina e acitretina. O metotrexato e a ciclosporina são imunossupressores, medicações que regularizam a imunidade do nosso corpo, diminuindo a inflamação e reduzindo a atividade da doença.
A acitretina é um medicamento que regulariza a queratinização da pele e reduz a inflamação, diminuindo a descamação e a vermelhidão.
Após essas medicações, temos os imunobiológicos, que são medicamentos mais modernos e seguros. Eles são terapias-alvo que agem diretamente nas moléculas do corpo responsáveis pela inflamação da doença. Atualmente, temos cinco desses medicamentos aprovados para o tratamento de crianças e adolescentes no Brasil: adalimumabe, etanercepte, ustequinumabe, secuquinumabe e ixequizumabe.
Concluindo, a psoríase é uma doença muito prevalente em crianças e adolescentes, mas a boa notícia é que há diversas opções de tratamento que devem ser devidamente indicado pelo médico dermatologista de acordo com a necessidade individual de cada paciente.
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