Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com residência médica em Radiologia...
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Você tem costume de usar smartwatches - ou relógios inteligentes - no dia a dia? Sabia que é possível unir vários dados importantes sobre a sua saúde por meio desse acessório tecnológico? Nível de atividade física, frequência cardíaca, ciclo menstrual, entre outros, são algumas das informações possíveis de serem armazenadas neste dispositivo.
Além do relógio, esses dados também podem ser guardados e monitorados pelos smartphones. Mas será que é possível usar esses dados para a prevenção e para o tratamento de doenças? De que forma eles podem ser úteis? Vamos entender a seguir!
Estudos mostram que dados são importantes
Muitas pessoas usam relógios inteligentes ou gravam seus dados de saúde no celular para acompanhamento próprio - principalmente dados sobre atividade física, que monitoram a quantidade de passos dados por dia, o tempo em que se ficou em pé, o tipo de atividade exercida e a quantidade de calorias gastas.
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No entanto, esses dados podem ser muito valiosos para as abordagens médicas. Por exemplo, um estudo publicado no periódico Circulation, da American Heart Association, em 2018, mediu o comportamento sedentário e o nível de atividade física de mulheres através de dispositivos que continham acelerômetros e associou esses dados ao risco de mortalidade por todas as causas.
Outro estudo, publicado em 2019 no New England Journal of Medicine, usou um aplicativo de smartphone para monitorar a frequência cardíaca dos participantes do estudo, durante 117 dias de monitoramento. Caso fosse notada uma possível fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca), uma teleconsulta era iniciada e um adesivo de eletrocardiografia era enviado para que o participante usasse por até sete dias.
Esses são exemplos de como dispositivos que monitoram e armazenam dados de saúde podem ser úteis para prever possíveis fatores de risco de doenças cardíacas, como o sedentarismo, ou ajudar no tratamento.
“Esse tipo de dado é muito bom para a prevenção de doenças, mas também é muito interessante para o acompanhamento de quem já está em tratamento”, afirma Bruno Aragão, radiologista e coordenador médico de Inovação do Grupo Fleury.
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“Por exemplo, existem medicamentos que diminuem a frequência cardíaca. Se você olhar para esses dados de saúde, é possível entender se o medicamento está ou não dando certo”, exemplifica o especialista.
Como usar relógios e celulares para monitorar sua saúde?
Para usar esses dados, é muito simples. No smartphone, por exemplo, existem aplicativos específicos para analisar e monitorar a saúde do sono, cardíaca e o nível de atividade física. Nos celulares e relógios do sistema iOS, como os da Apple, esses aplicativos são o Fitness (para atividade física) e o Saúde (para frequência cardíaca, sono, passos, horas em pé, entre outros dados).
Já nos dispositivos de sistema Android, o Samsung Health é um aplicativo que gerencia o condicionamento físico (calorias gastas e distâncias percorridas), além do sono, peso, altura, frequência cardíaca e dados sobre a alimentação.
Quando for fazer alguma atividade física, por exemplo, você pode utilizar o smartwatch e adicionar qual exercício está fazendo para que ele monitore seus dados. Também é possível utilizá-lo durante o repouso - enquanto estiver no pulso, ele mede sua frequência cardíaca. O mesmo vale para o sono: use o dispositivo ao dormir para obter dados precisos.
Como os médicos podem usar esses dados?
Como vimos, esses dados de saúde podem ser interessantes para os médicos acompanharem seus pacientes e antecipar possíveis fatores de risco para doenças ou até fazer ajustes em tratamentos já iniciados. Com isso, é possível consolidar a estratégia de cuidado integrado baseado em dados.
“Esses dados não substituem exames ou a avaliação médica. Pelo contrário, são informações adicionais que permitem que os profissionais de saúde tenham um acompanhamento mais próximo dos seus pacientes”, afirma Bruno.
Um exemplo de como esses dados podem ser usados clinicamente é o Projeto Meu Fleury, uma plataforma de gestão de informações de saúde geradas por esses dispositivos inteligentes. A ideia é organizar esses dados e apresentá-los para os médicos para acompanhar a saúde de seus pacientes de forma mais próxima.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Engenharia de Software da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). A iniciativa visa trazer dados de atividade física e informações cardiológicas coletadas pelos aplicativos Apple, em um primeiro momento, para o prontuário do paciente Fleury.
O lançamento da plataforma está previsto para novembro deste ano, para pacientes de São Paulo. Nos próximos meses, a empresa pretende expandir para a marca Felippe Mattoso, no Rio de Janeiro, e outros estados. Em 2024, o objetivo é ampliar todos os dados de saúde integrados, incluindo sono e ciclo menstrual, além de adicionar outros dispositivos além da Apple.