Ginecologista obstetra especialista em reposição hormonal
Jornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO ato de consumir pornografia pode ser uma forma de manter o estímulo sexual e até de apimentar a relação. Mas será que, quando é consumida de forma escondida do parceiro ou parceira, a pornografia pode ser considerada traição?
O tema não é simples, afinal, definir o que é traição depende dos acordos definidos entre cada casal, além das próprias crenças individuais que afetam o julgamento e as decisões.
Por isso, o MinhaVida conversou com especialistas em sexualidade para discutir se prornografia é traição. Continue lendo!
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Pornografia é traição?
“A traição, se a gente for ver por definição do dicionário, é quando a gente quebra um acordo. Uma quebra de fidelidade”, começa a ginecologista e sexóloga Maria Carolina Dalboni.
“Então a traição varia muito de acordo de relacionamentos e de acordos individuais. Ou seja, cada casal tem o seu acordo, aquele limite que se pode chegar”, pontua.
Segundo ela, algumas pessoas podem entender que consumir pornografia pode ser uma forma de traição e, portanto, isso deve ser respeitado. “O mais importante de tudo é que os casais conversem entre si, principalmente se a pornografia passar a ser um incômodo. O casal tem que ter a liberdade de falar isso um pro outro”.
Portanto, a conclusão é que, se há um acordo entre o casal de que o consumo de pornografia não é aceito, então, se uma das pessoas quebra este acordo, a outra pode entender como uma forma de traição ao combinado.
Porém, é possível refletir mais sobre o tema. Danilo Galante, urologista e sexólogo, pontua que a pornografia é uma forma de exibição de sexo que pode ser usada com moderação, sendo usada, por exemplo, junto com a masturbação como uma forma de autodescoberta, para perceber e descobrir que tipo de sexo gosta.
“Eu acho que, pela pornografia, a pessoa pode entender, por exemplo, se ela gosta por de estilos de sexo diferentes, sabendo aquilo que a atrai ou que ela tem repulsa”, complementa.
Portanto, o consumo de pornografia pode ser, segundo ele, encarado de forma mais aberta, como um “cardápio” de opções para as pessoas escolherem ou se identificarem e perceberem o que mais as agrada no sexo.
“Por isso eu não vejo como uma traição. Mas, obviamente, isso tem um entendimento completamente subjetivo, ou seja, uma pessoa pode se sentir traída por se incomodar que o outro está tendo atração por uma visão. Mas, de fato, eu entendo que a pornografia é algo virtual, que está longe do do real, não é acessível. É como ter ciúme de alguém famoso, por exemplo. Por isso não acho que tenha motivos para uma pessoa arranjar briga ou se sentir traída por isso”, complementa.
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Respeito aos acordos
Independente de ser considerada uma traição, que é um julgamento individual e que depende dos acordos de cada casal, a pornografia pode ter efeitos benéficos ou prejudiciais à relação, dependendo de como o uso afeta as partes.
Muitas pessoas, tanto homens quanto mulheres, consomem pornografia em seus tempos livres — mas isso não significa que todos esses indivíduos são compulsivos por conteúdos sexuais.
A pornografia pode ser usada como estímulo sexual, mas, assim como qualquer outro vício ou abuso, ela passa a fazer mal quando se torna uma constante ou um escape — e quando tal hábito passa a afetar várias esferas da vida da pessoa.
“Isso pode levar a problemas de controle, afetando negativamente a vida pessoal, profissional e social”, explicou a psicóloga Rosângela Casseano, terapeuta cognitiva comportamental e CEO da PsicoPass, em entrevista ao MinhaVida.
Maria Carolina Dalboni destaca que, especificamente no caso de casais, a pornografia pode levar a um menor compromisso com a parceira ou parceiro, por exemplo, gerando baixa autoestima e insegurança.
“Muitas vezes, principalmente para as mulheres, elas se sentem inferiores. Tem uma espécie de degradação da mulher, o que pode levar a uma insatisfação e à insegurança”, analisa a especialista.
Portanto, a definição de se a pornografia pode ser considerada traição vai depender do julgamento de cada pessoa e dos acordos do casal - e é importante manter o diálogo alinhado sobre como o consumo afeta as emoções e a própria relação.
“A pornografia mexe muito com a autoestima, podendo gerar um índice muito grande de ansiedade, depressão, de insatisfação com a própria vida e com o corpo. Então, como resultado de análise de consultório, percebo que, para a maioria das pessoas, entra como uma traição sim”, finaliza.