Nutróloga com título de especialista há 15 anos pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Mais de 20 anos d...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iUma viagem ao espaço é algo tão grandioso que não temos ideia de todos os detalhes importantes que envolvem as missões. Aliás, as de longa duração, como as que desejam levar astronautas a Marte, por exemplo, têm um problema por conta dos remédios usados pelos astronautas.
Uma pesquisa da organização Duke Health (EUA), publicada na revista npj microgravity, usou uma lista real de remédios enviados pela NASA para compor o estoque de astronautas nas estações espaciais e verificou que 54 dos 91 medicamentos tinham prazo de validade de 36 meses ou menos.
A lista incluía analgésicos, antibióticos, antialérgicos e soníferos. Em estimativas mais otimistas, a pesquisa calculou que cerca de 60% dos remédios perderiam a validade antes que uma missão a Marte, por exemplo, fosse concluída.
Uma viagem espacial para o planeta vermelho, que nunca foi realizada por tripulantes humanos, demoraria cerca de 4 meses. Isso sem contar o tempo que a missão levaria em Marte e o tempo de retorno - um prazo bastante longo comparado à duração dos medicamentos.
Lembrando que a pesquisa não levou em conta as possíveis deteriorações dos medicamentos em um ambiente espacial, o que seria um outro problema a ser considerado no futuro.
Qual o problema com remédios vencidos?
Tá aí uma coisa que não paramos para pensar, né? O problema de medicamentos vencidos em viagens espaciais de longa duração. Mas esse problema está muito perto de nós também. Afinal, quem nunca esqueceu um remédio vencido na gaveta e teve dúvidas se poderia tomá-lo?
Para saber sobre os riscos, falamos com a nutróloga Liliane Oppermann, que comentou sobre as classes de medicamentos mais comuns. “É preciso destacar que existem diversas classes de medicamentos e cada classe tem uma implicação”, comentou.
“Alguns medicamentos, no máximo, vão perder seu efeito ou ter seu efeito reduzido. Porém, existem os que podem se converter em outros tipos de substâncias - e essas substâncias podem ser nocivas”, acrescentou a médica.
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O risco de cada classe de medicamento
Medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, por exemplo, terão seu potencial reduzido após o vencimento, o que pode afetar o tratamento. O mesmo vale para remédios para a pressão arterial, para o diabetes, para a tireoide e para o coração, aumentando os riscos para a saúde.
Ela lembra, porém, que o certo é você tomar o medicamento com a data atual. Até porque isso levanta outra questão: a automedicação.
“Se a gente está falando de medicamento vencido, então a gente está falando de automedicação, porque, se você está vendo um médico, vendo uma nova prescrição, você vai ter uma medicação atualizada”.
Liliane lembra ainda que medicamentos em suspensão e em estado líquido, principalmente xarope, podem ser contaminados com fungos e bactérias.
“Então, em termos de segurança, a minha conduta é: não indico e não asseguro medicamentos vencidos. E, como a gente está falando de uma variedade muito grande, não dá para dizer exatamente por quanto tempo ou o que pode acontecer, portanto, não arrisque”.
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