Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
John Gottman, um dos 10 terapeutas mais influentes dos últimos tempos, de acordo com a Psychotherapy Networker, é psicólogo, assim como sua esposa, Julie Gottman, especialista em casamento, assédio sexual, violência doméstica e maternidade. Os especialistas estão casados há mais de 35 anos e já revelaram segredos para fazer o relacionamento durar ao longo do tempo. No entanto, agora compartilham quais são os mecanismos que preveem o fim do relacionamento.
Os quatro cavaleiros do apocalipse. Não estamos falando dos personagens da mitologia clássica. Também não estamos falando do romance de Vicente Blasco Ibáñez, publicado em 1916. Neste caso falamos dos quatro cavaleiros do apocalipse comunicacional, proposto por Gottman, que preveem o fim de um relacionamento, segundo a ciência.
Os quatro cavaleiros que preveem a separação de um casal
Todos os relacionamentos têm conflitos. Absolutamente todos eles. É normal discutir com o parceiro, mas após inúmeras pesquisas sobre o assunto, os Gottmans, afirmam que “não é o conflito, mas a forma como ele é tratado que prevê o sucesso ou o fracasso de um relacionamento”. Os especialistas analisam que aspectos funcionais e positivos do conflito que permitem que o casal cresça e se entenda ainda melhor.
Entretanto, o primeiro passo para gerenciar conflitos de forma eficaz é identificar e neutralizar os quatro cavaleiros do apocalipse comunicativo quando eles aparecem na discussão. Se isso não for feito, e se esses comportamentos continuarem ao longo do tempo, é mais do que provável que o relacionamento acabe se rompendo.
1. Críticas
Não estamos falando de reclamações, mas de críticas. Uma reclamação se concentra em um comportamento específico, enquanto a crítica ataca o caráter de uma pessoa. As críticas generalizadas ao parceiro não contribuem em nada para o relacionamento. Portanto, para evitá-las, é melhor substituí-las por reclamações.
As reclamações são feitas na primeira pessoa e podem ser positivas, expressando de forma gentil o que sentimos e precisamos. A crítica é feita na segunda pessoa e traz implícita a culpa. Os especialistas dizem que ao não ter culpa ou crítica a discussão não se transforma em uma briga. Para isso, precisamos comunicar o que sentimos, depois o que precisamos e, por fim, pedimos respeitosamente que essa necessidade seja atendida.
Por exemplo, “Eu sempre tenho que pensar nos planos que fazemos juntos, por que você não faz nada da sua parte?” pode ser transformada em “Eu fico mentalmente exausto ao planejar todos os nossos compromissos, você poderia cuidar disso da próxima vez, por favor?”. Passamos de uma crítica para uma reclamação que a outra pessoa pode administrar.
2. Desprezo
O desprezo pode se apresentar de várias formas, desde a zombaria ao sarcasmo, passando por grosserias, insultos e até mesmo um revirar de olhos. É uma comunicação de superioridade moral e, na verdade, ninguém gosta de percebê-la. De fato, para os especialistas, o desprezo é um dos maiores indicadores de separação e deve ser evitado a todo custo.
Para isso, devemos cultivar a admiração e o apreço por nosso parceiro, agradecendo, demonstrando interesse ou dizendo algo que você gosta na pessoa. Os especialistas chamam isso de “Small Things Often” (Pequenas Coisas Frequentes) e consiste em expressar regularmente apreço, gratidão, afeto e respeito pelo parceiro. Isso cria uma perspectiva positiva no relacionamento que age como um amortecedor contra sentimentos negativos.
Um truque extra é seguir a “proporção mágica do relacionamento”. Ela é de 5 para 1, o que significa que para cada interação negativa durante um conflito, um casal estável e feliz tem cinco (ou mais) interações positivas. Com essa proporção, será mais fácil lembrar em um conflito que nosso parceiro não faz as coisas de forma maldosa, desde que estejamos falando de um relacionamento saudável, e não de um cheio de comportamentos tóxicos.
3. Defensividade
Um dos maiores erros dos relacionamentos é ficar na defensiva, seja pela dificuldade de aceitar criticas como em assumir responsabilidades.
Por isso, aceite a responsabilidade, mesmo que por parte do conflito, para evitar que ele aumente, além de mostras à outra pessoa que se está disposto a negociar. Com esse comportamento, se adota uma perspectiva completamente diferente porque ambos trabalham juntos para encontrar soluções.
Por exemplo, em vez de dizer “não tenho culpa de chegarmos atrasados, é que você sempre se arruma de última hora”, pode se dizer “Não gosto de chegar atrasado aos lugares, querido, mas você está certo e nem sempre precisamos sair tão cedo, posso tentar ser mais flexível, mas gostaria que você tentasse se preparar mais cedo da próxima vez, ok?”.
4. Evasão ou desligamento emocional
A evasão refere-se ao momento em que uma das pessoas se retira da discussão e deixa de responder ao parceiro. É conhecido como tratamento do silêncio e é uma forma de agressão passiva porque você se fecha, para de falar e se desliga do parceiro.
Geralmente ocorre ao se sentir emocionalmente sobrecarregado, desencadeando uma resposta de fuga. O problema é que nesses casos nunca se fala do conflito.
Peça um tempos ao invés de apenas encerrar a conversa. Em vez de “Estou cansado de repetir a mesma coisa, você não quer me ouvir” e ir embora, mude para “Me desculpe interrompê-lo, mas estou sobrecarregado e preciso fazer uma pausa. Você se importaria de me dar 20 minutos para me acalmar e podemos conversar sobre isso mais tarde?”. Caso você queira saber, funciona.
Os especialistas alertam que essa pausa deve durar, pelo menos, 20 minutos para que seu corpo se acalme fisiologicamente. Mas, durante esse período, evite ruminar e remoer pensamentos e dedique tempo a fazer algo relaxante que distraia, como caminhar, ler ou ouvir música.
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