Terapeuta Clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê cresceu sem abraços, palavras de afeto ou demonstrações de carinho por parte dos seus pais? Muitas pessoas passaram a infância e a adolescência sem receber esse tipo de cuidado e, mesmo depois de adultas, ainda sentem os impactos desse vazio emocional.
Segundo a psicologia, a forma como fomos tratados na infância influencia diretamente nossa autoestima, nossos relacionamentos e até a maneira como lidamos com emoções difíceis. A seguir, entenda 6 problemas que a falta de carinho dos pais pode ter causado e como lidar com essas marcas:
1. Dificuldade em criar relacionamentos saudáveis
Desde pequenos, aprendemos a nos relacionar observando e vivenciando os vínculos dentro de casa. Quando esses vínculos não são afetuosos, fica difícil saber como construir relações seguras e saudáveis no futuro. “Muitas pessoas que cresceram sem demonstrações de carinho acabam tendo dificuldade em confiar nos outros e podem se envolver em relações instáveis ou até evitá-las completamente”, explica a psicóloga Larissa Fonseca.
2. Baixa autoestima e autocrítica constante
Sem ouvir palavras de incentivo ou se sentir amado na infância, é comum desenvolver uma voz interna extremamente crítica. O pensamento “nunca sou bom o suficiente” pode acompanhar a vida adulta, tornando a autoconfiança um verdadeiro desafio. “A autoestima se forma na infância e, sem uma base segura de amor e aceitação, a pessoa pode crescer se sentindo inadequada”, ressalta Larissa.
3. Busca excessiva por validação externa
Quando o amor dos pais não foi presente, muitas pessoas tentam compensar essa falta buscando aprovação em outros lugares – seja no trabalho, nos relacionamentos ou até nas redes sociais. O problema é que essa necessidade pode se tornar exaustiva e nunca parecer suficiente.
4. Medo da intimidade e do abandono
Se o carinho nunca foi garantido na infância, o medo de se apegar a alguém e depois ser rejeitado pode ser intenso. Algumas pessoas se tornam excessivamente cautelosas ao se envolver emocionalmente, enquanto outras se tornam extremamente dependentes do parceiro, temendo qualquer sinal de afastamento. “Esse medo pode gerar um ciclo de ansiedade nos relacionamentos, em que a pessoa oscila entre querer proximidade e, ao mesmo tempo, evitar se machucar”, explica Larissa.
5. Dificuldade em lidar com emoções
Sem um ambiente que incentive a expressão emocional, a pessoa pode crescer sem saber como processar seus sentimentos. Isso pode resultar em explosões emocionais repentinas ou, ao contrário, em uma completa repressão das próprias emoções.
6. Hiperindependência: “Eu só posso contar comigo mesmo”
Muitas pessoas que não receberam carinho dos pais desenvolvem a mentalidade de que “não precisam de ninguém”. Essa hiperindependência pode parecer força, mas, muitas vezes, esconde uma dificuldade em confiar nos outros e permitir-se ser vulnerável. “O problema é que, no fundo, todos precisamos de conexões genuínas e apoio emocional para uma vida equilibrada”, destaca Larissa.
Como reverter os efeitos emocionais causados por essa falta de afeto?
A psicologia mostra que o cérebro tem uma capacidade incrível de adaptação, chamada neuroplasticidade, que permite ressignificar padrões emocionais negativos e desenvolver formas mais saudáveis de lidar com as emoções. “É possível trabalhar esses efeitos, embora o processo demande tempo e esforço”, afirma Larissa.
O primeiro passo para essa transformação é reconhecer os impactos da falta de afeto. Muitas pessoas carregam consigo crenças internalizadas na infância, como a sensação de não serem dignas de amor ou a necessidade de se esforçar constantemente para serem aceitas.
Esse tipo de pensamento pode influenciar tanto a autoestima quanto a maneira como a pessoa se relaciona com os outros. “Por meio da psicoterapia, é possível identificar e desconstruir crenças negativas internalizadas na infância, além de desenvolver habilidades emocionais e relacionais mais saudáveis”, explica Larissa.
A especialista ainda lista diferentes abordagens terapêuticas que podem ser abordadas:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que perpetuam a baixa autoestima e a insegurança.
- Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): trabalha para desenvolver aceitação emocional e viver de acordo com valores pessoais, mesmo diante de dificuldades emocionais.
- Psicoterapia de base psicodinâmica: explora os vínculos primários e ajuda a entender como eles moldaram a personalidade e os padrões de comportamento atuais.
- Terapia de Reparentalização: o terapeuta atua como uma figura de suporte e acolhimento emocional, ajudando o paciente a internalizar uma nova experiência de cuidado.
- Terapia em grupo: pode contribuir para a construção de vínculos e para o fortalecimento do sentimento de pertencimento.
Leia também: Pessoas que cresceram com animais de estimação costumam apresentar esses 5 comportamentos