
Redatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.

O álcool é uma coisa cultural. Brindamos como forma de celebrar qualquer acontecimento e, embora pareça que as novas gerações tenham dado uma guinada em seus hábitos de consumo, as pessoas ainda bebem muito, muito álcool. Tanto é verdade que há até quem, tradicionalmente, tome uma bebida — ou duas — como forma de ajudar a dormir.
Ignorando outras implicações para o nosso corpo e ignorando o suposto benefício de agir como um sedativo, nos fazendo adormecer mais facilidade, estudos confirmam que beber álcool para dormir é uma péssima ideia.
Leia também: Vai beber? 10 dicas médicas para evitar intoxicação alcoólica
Dormindo pior
A lógica parece esmagadora: uma bebida antes de dormir pode ter um efeito sedativo, nos ajudando a adormecer mais cedo quando nos deitamos. O problema é que o sono é uma importante atividade restauradora.
“O sono foi criado para nos dar uma espécie de férias cardíacas, diminuindo nossa frequência cardíaca ou pressão arterial”, disse Ian Colrain, presidente e diretor de um instituto de pesquisa que publicou vários estudos sobre insônia e consumo de álcool antes de dormir, à National Geographic.
Daí vem a principal questão. Acontece que “o álcool aumenta a frequência cardíaca e, se você tomar várias doses antes de dormir, irá dormir com a frequência cardíaca elevada e não irá descansar”.
Leia também: Confira nove problemas que a falta de sono provoca à saúde
Quantos copos são necessários?
Em um estudo publicado em 2021, Colrain e sua equipe compararam os efeitos do alto, baixo e nenhum consumo de álcool de meia hora a duas horas antes de dormir. Alto consumo significava quatro drinques para homens e três para mulheres; havia duas bebidas para homens e uma para mulheres.
O grupo placebo bebeu vinho sem álcool. O que eles descobriram foi que tanto o alto consumo quanto o baixo aumentaram a frequência cardíaca. Outros estudos se concentraram no sono REM, que é a fase em que ocorrem a maioria dos sonhos e é parte fundamental dessas “férias do corpo” que temos durante a noite. Se o sono REM não cumprir sua função, acordaremos pior.
Há uma contradição
A longo prazo — embora isso dependa da pessoa, já que cada um metaboliza a bebida de uma maneira diferente — o álcool pode produzir exatamente o oposto. Distúrbios do sono têm sido associados ao consumo de álcool, o que forma um ciclo vicioso em pessoas que abandonaram o álcool.
De acordo com Colrain, “os distúrbios do sono são um caminho claro para a recaída”, fazendo com que pessoas viciadas recaiam em troca da promessa de um sono melhor graças a uma bebida antes de dormir.
A possíveis soluções
Obviamente, elas não estão no álcool. Durante anos, a ciência tentou responder à questão de como adormecer mais rápido, com uma infinidade de truques e estratégias. O problema é que não há uma resposta clara. Colrain disse à National Geographic que uma coisa que podemos fazer é beber um copo de leite ou uma infusão sem cafeína. E, claro, esqueça a ideia de tomar uma taça de vinho antes de dormir.
Leia também: Vinho faz bem? Conheça os tipos, benefícios e como escolher