Psicóloga formada pela PUC-SP (1989). Psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Especialista Clínica pelo CRP/SP,...
iVamos imaginar uma situação típica de casamento: você conhece alguém que lhe atrai, começa a namorar, vive uma paixão deliciosa, sente muito tesão, aproxima-se da família do outro, planejam o casamento, compram o apartamento... e acham que será tudo muito lindo e gostoso quando trocarem as alianças. Bem, nem sempre é assim, posto que a partir do momento que passam a viver juntos, convivendo com as diferenças e manias ou defeitos do outro (que antes não incomodavam por não fazerem parte do seu dia-a-dia), e passando pelas dificuldades do cotidiano comuns a todos, o humor muda, a paciência diminui, os conflitos começam a tomar forma e você começa a se questionar se fez a escolha certa.
Não quero dizer que casamento é só coisa ruim, de jeito algum, apenas pretendo frisar que conviver com outra pessoa requer maturidade, troca, disposição para abrir mão de certas coisas, paciência, tolerância, aceitação das diferenças, colocar-se no lugar do outro sempre, apoio mútuo, enfim, é uma oportunidade única de crescimento pessoal se ambos estiverem dispostos a isso.
Agora, se mesmo estando disposto e amando o cônjuge já é difícil passar por certas situações e colocar em prática tudo isso, imagine no casamento onde não há amor, onde tudo o que se almeja é o dinheiro do outro e as vantagens que este pode lhe proporcionar? Como será passar por dificuldades no relacionamento? Aonde ficará a paciência e a disposição em resolver possíveis conflitos numa boa, se não há o afeto que permeia a relação? E os filhos como serão criados? Que modelo de relação lhes será passado?
Direcionar sua vida em função do dinheiro pode lhe trazer terríveis conseqüências, a começar por não vivenciar uma relação saudável pautada no amor com alguém ao seu lado, estando fadada à miséria emocional, à não realização afetiva, e não aprendendo a lidar com situações de frustração ou falta, já que essa relação deve ser sempre "perfeita" para que o casal permaneça junto - não há espaço para a dificuldade financeira, qualquer passo em falso coloca tudo a perder, além de não existir interesse e investimento no aprofundamento da relação conjugal; ninguém pode falhar, qualquer situação que saia do previsto pode assumir proporções enormes, já que não há a aceitação do outro pelo que ele "é", e sim pelo que ele "tem".
Há pessoas que arriscam-se a mudar de país, acompanhando um marido estrangeiro que mal conhece, indo atrás da sedução de uma vida financeira farta em um país mais desenvolvido (dá status morar fora...), correndo o risco de isolarem-se nesses lugares desconhecidos, estando sempre à sombra de alguém, sofrendo o isolamento imposto por estarem longe dos amigos e familiares. Em muitos casos a solidão não suporta o novo estilo de vida.
Finalmente, diria que se você pretende casar-se por interesse, que este seja por sua felicidade, por sua realização como pessoa, como ser humano, por querer crescer e experimentar um novo modo de dividir as coisas com alguém especial ao seu lado. Pois sabemos muito bem que o dinheiro ajuda bastante, mas não garante a felicidade de ninguém!
Marina Vasconcellos é psicóloga graduada pela PUC SP, com especialização em Psicodrama Terapêutico pelo Instituto Sedes Sapientiae, Psicodramatista Didata pela Federação Brasileira de Psicodrama (FEBRAP) e Terapeuta Familiar e de Casal pela UNIFESP
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