Irreverente e bem humorada, Elke Maravilha chega aos 65 anos de idade - são quase 40 anos de carreira - com muita alegria e disposição. Em seu show,Do Sagrado ao Profano, Elke interpreta um repertório variado que vai de Cazuza a Alceu Valença, durante duas horas de espetáculo, e ainda sobra pique para atender os fãs. Tanta energia e alto astral só tem uma explicação: cuca fresca.
Quando perguntada sobre seus segredos para chegar na terceira-idade cheia de fôlego, Elke brinca: "faço tudo errado. Não sigo dietas nem sou uma atleta. Gosto de comer bem, viver a vida e me sentir ativa", conta ela. "Nunca pensei em ser artista e estou aqui, nunca liguei para o que os outros falam e vivem falando de mim, não planejei nada e as coisas aconteceram. Acho que o tempo traz coisas boas, se o aproveitamos bem", finaliza a artista.
"Acho que o tempo traz coisas boas, se o aproveitamos bem".
O médico geriatra Carlos André Freitas dos Santos explica que existem muitos fatores, que juntos, se somam para que a pessoa envelheça com saúde, porém, para ele, o grande segredo da longevidade é ter a mente aberta para encarar a vida com mais leveza. "A Elke está certa. Alimentação equilibrada, atividade física e distância de vícios, como o álcool e o cigarro, são hábitos que colaboram, e muito, para se ter uma velhice saudável. Mas não adianta nada cumprir tudo à risca, se você não tem bom humor e encara os problemas com pessimismo. Isso deixa a pessoa desestimulada", explica Carlos
Envelhecer bem também é uma consequência de uma vida inteira saudável. "Não dá para envelhecer bem se abusamos da nossa saúde em outras etapas da vida", explica o geriatra. Segundo Carlos, outro aspecto bastante importante é preservar a saúde emocional. "Quando me sinto descartável e inútil, fico doente, perco a vontade de estar entre amigos e familiares e a vida fica chata", diz Carlos. "O ideal é equilibrar saúde e bem-estar com prazer, lazer, vida social ativa e condições básicas de saúde médica.'
Sacudindo o esqueleto
Nada de ficar em casa chorando a morte da bezerra, como diz aquele ditado popular. Uma das maiores causas de depressão e mal-estar nos idosos é a sensação de impotência e inutilidade perante a vida. "Os mais velhos são deixados de lado quando na verdade deveriam ser ouvidos, afinal são donos de uma experiência encantadora", afirma Carlos. "Deixá-los expor esse conhecimento, seja no mercado de trabalho ou no baile da Terceira-idade é deixá-los viver", explica ele. Se dançar ou trabalhar são atividades mais difíceis para alguns, que tal canalizar o tempo livre com outras atividades como trabalhos voluntários e passeios com amigos? O importante é ocupar a mente, o corpo e ser feliz.
Um estudo recente do Centro Médico da Universidade de Rush, de Chicago (EUA), concluiu que estar entre amigos e ter uma vida social ativa ajudam a preservar a saúde física e mental dos idosos. A pesquisa identificou que como, em geral, os mais velhos gastam menos tempo engajados em atividades sociais sua função motora tende a piorar mais rapidamente. Apenas 10% das pessoas com mais de 65 anos realizam a quantidade recomendada de exercícios físicos, que é de 2,5 a 5 horas por semana.
Outros estudos também indicam que estimular a atividade mental e a socialização na terceira-idade protege contra o avanço de doenças relacionadas à atividade cerebral. Uma pesquisa que analisou 906 idosos, com idade média de 80 anos, em Illinois (EUA), durante um período de cinco anos, relacionou o aumento da vida social com a melhor realização de uma gama de tarefas, incluindo andar em linha reta e girar em círculos sem perder o equilíbrio.
De bem com a vida
Um dos maiores dramas da velhice é gerenciar as perdas que a vida traz ao longo dos anos: "Os amigos vão falecendo, a aposentadoria traz a perda do trabalho e da função social, os filhos vão cuidar de suas famílias e a solidão é inevitável. Por isso, é preciso encontrar uma maneira saudável de lidar com as ausências e amenizar a angústia". "A dor causa doenças, maltrata as pessoas, principalmente, quando a autoestima delas já está em baixa", explica Carlos.
Para enfrentar esse sentimento sem grandes prejuízos, o geriatra sugere uma vida ativa, bom humor e pensamentos positivos. "Problemas e doenças todos nós teremos ao longo da vida. O que podemos controlar é a maneira como aceitamos essas situações. Se as aceito com positividade, como a Elke, a vida fica menos pesada, mas se sofremos e lamentamos o tempo todo, só agravamos mais o problema."
Siga a cartilha dos hábitos saudáveis
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Pratique exercícios físicos. Eles trazem saúde, bem-estar e o favorece o contato social
- Mantenha uma alimentação equilibrada, sem muita gordura, sal e açúcar. Mas não se torture, a hora da refeição tem que ser prazerosa
- Evite cigarros e bebidas alcoólicas. "Os vícios fazem mal a saúde em qualquer fase da vida, mas se acumulados, na velhice podem trazer consequências maiores', explica o
