Tatiana Vianna é Consultora e Redatora de Moda e Etiqueta, graduada em Artes Visuais, pós-graduada em Moda e Criação e,...
iPrimeiro foram os colares de pérolas, as bolsas, depois o preto e branco e agora o corte de cabelo e os terninhos. A moda está revivendo o estilo clássico Chanel as vésperas da comemoração dos 100 anos de abertura do primeiro pequeno negócio de venda de chapéus da estilista, em 1911, em Paris, França. No início, a moda de Gabrielle Chanel, limitava-se apenas à venda de chapéus, e somente em 1919 foi aberta a primeira Maison Chanel (do francês, casa - nome que se dava aos ateliês de costura).
Uma peça quando se torna clássica, torna-se um curinga, ou seja, um modelo atemporal que pode ser usado sempre. Porém, quando algo está na Moda, significa que todos estão usando e que determinada característica está presente nas coleções, vitrines e guarda-roupas da maioria das pessoas.
Sempre que um produto ou tendência nova é lançado, leva-se um tempo para que a aceitação do público chegue ao auge (momento em que todos estão usando), posicionando determinada peça em um produto da Moda. O mundo "fashion" se reinventa para se manter vivo e, sendo assim, após o auge vem a queda e com ela a necessidade da criação de uma nova "onda" ou costume.
Após ficarmos um bom tempo com as calças de cós baixo, que transportam a cintura do lugar certo para os quadris e, portanto, tiram um pouco da feminilidade, chegou a vez da Moda se voltar ao resgate da feminilidade. A escolhida da vez foi a obra clássica de Chanel, cujas características marcantes são a elegância e sensualidade, que resultam em um visual extremamente feminino, delicado e, principalmente, marcante.
As alças das bolsas criadas pela estilista começaram a ganhar espaço no Brasil ao final de 2008, início de 2009, fazendo com que em 2010 chegassem ao auge de aceitação do público, quando todas as marcas e vitrines expunham modelos com referência extremamente evidente na obra de Chanel: couro matelassado e alças de corrente e couro, modelo batizado pela estila de 2.55.
Outro clássico da obra de Chanel, que também está começando a ganhar espaço é o corte de cabelo usado pela estilista, que passou a ser copiado pelas mulheres, e, por isso, leva seu nome. A justificativa? O cabelo longo e liso ganhou espaço, conheceu o auge, reinou praticamente absoluto, mas como todo percurso de uma tendência de moda, conheceu a saturação. Quando isso ocorre, uma nova tendência normalmente oposta aparece.
O corte de cabelo que leva seu nome caracteriza-se pelo comprimento curto com leve volume que resulta em um visual marcante, extremamente feminino e sensual. Esse estilo rompeu barreiras antes intransponíveis no século XX, libertando as mulheres e fortalecendo o início de uma época que sucederia a independência das mulheres.
Também inovou ao ser a primeira estilista a usar o tecido jérsei (malha fina e macia, antes somente usada em blusas para marinheiros) em suas criações, no inicio do século XX, desenvolvendo blusas básicas para o dia a dia e, posteriormente tailleurs. Mas foi uma peça confeccionada em tweed (tecido de lã rústico e grosso) com inspiração clara no vestuário masculino, o terninho, que marcou sua obra e também ganhou feminilidade nas coleções de Chanel, tornando-se um clássico, principalmente pela combinação em preto e branco, provando assim que as mulheres podiam manter a elegância sempre.
Muitos terninhos das vitrines atuais apresentam botões dourados e debruns (fita ou tira de tecido usada para dar acabamento às bordas de tecido) marcantes, típicos de modelos da estilista.
Após anos de tendências que não ressaltavam a delicadeza, como a última das jaquetas de couro estilo "motoqueiro", os olhares dos criadores de Moda se voltaram para o universo de Chanel, mulher que sempre viveu à frente de seu tempo.
Vale a pena lembrar que a primeira estilista a desenhar um modelo de calça, antes exclusividade do universo masculino, para o público feminino foi Chanel, que com essa criação quebrou costumes conservadores, transformando peças antes só usadas por homens em lindos modelos para mulheres.
A história de vida da estilista, de infância pobre, personalidade marcante e talento extremo, que se transformou em um dos maiores ícones do mundo da moda, já foi tema de filmes e peças de teatro.
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