A disfunção erétil, popularmente conhecida como impotência sexual masculina, é uma inabilidade do homem em conseguir obter ou manter uma ereção do pênis suficiente para uma relação sexual satisfatória. Não se sabe ao certo a quantidade de homens na população que sofrem desse problema. Com base em pesquisas feitas com homens que estavam em algum serviço de saúde, estima-se que cerca de 40% dos brasileiros tenham algum grau de disfunção erétil, uma condição que tende a aumentar com a idade.
Mas existe certa diferença entre perguntar a um homem se ele não se sente potente sexualmente e realmente verificar se ele está apresentando a disfunção erétil usando uma avaliação mais objetiva. Há 13 anos, foi criado um questionário próprio para isso: o Índice Internacional de Função Erétil (IIFE) contém uma série de perguntas sobre a função sexual do homem. Esse teste é capaz de identificar se ele está apresentando algum problema, mesmo que leve ou que o paciente não tenha dado conta de que pode ter disfunção erétil.
Há três anos, eu e minha equipe fomos a um banco de sangue de São Paulo para avaliar o tamanho do problema entre homens brasileiros considerados saudáveis por avaliação médica para doação de sangue. Todos os homens que vimos não estavam ali em busca de tratamento, eles estavam justamente doando sangue e, portanto, tinham saúde preservada para esse tipo de procedimento. Todos eles estavam casados ou com relação estável.
O que nos surpreendeu nessa iniciativa é que foi muito diferente o número de homens que admitiu sofrer de disfunção erétil e o número de homens que, ao responderem as perguntas do questionário, acabaram mostrando que, de fato, tinham algum grau de disfunção erétil: apenas 3,1% dos participantes responderam não para a pergunta "Você se sente sexualmente potente?". Mas nada menos que 31,9% mostravam indícios de que tinham disfunção erétil leve até grave. A prevalência da disfunção erétil segundo o IIFE, nesses homens, foi 10 vezes maior que a da autopercepção dessa condição.
Claro que a resposta pura e simples a uma pergunta como essa deve sofrer interferência do nível de conhecimento que eles têm sobre sua potência sexual, da sua autoestima, de sua satisfação com o próprio corpo e da sua satisfação com o relacionamento que mantêm. Já o questionário IIEF avalia a disfunção erétil de uma perspectiva mais funcional.
Se por um lado a resposta espontânea pode nos levar a identificar menos homens sexualmente disfuncionais do que seria o verdadeiro, por outro, aplicar somente o questionário pode nos levar a tratar apenas os aspectos mecânicos da potência sexual masculina, desconsiderando os emocionais ou comportamentais.
De fato, verificamos também que os homens que estavam apresentando a disfunção erétil, de acordo com o questionário, mesmo a disfunção leve, eram justamente os que se mostravam mais deprimidos ou ansiosos, com baixo desejo sexual e em período de inatividade profissional.
Por isso, além de comprometer a qualidade de vida e relações afetivas, as primeiras manifestações dos sintomas leves da disfunção erétil indicam a presença de outros problemas, tanto físicos como psíquicos, que não devem ser desconsiderados, nem pelo profissional de saúde, nem pelo próprio homem. Além disso, a busca de tratamento para a disfunção erétil propicia a investigação de fatores causadores da disfunção, a chance de saber qual é a doença e tratá-la logo no início de sua manifestação.
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