Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Como a gastrite nem sempre aparece acompanhada de dor, alguns diagnósticos podem ser difíceis de fazer. Para ajudar o médico nessa tarefa, o paciente deve se observar e tentar identificar os sintomas, que são azia, queimação ou aperto no estômago, cólica, enjoo, vômito e sensação de estufamento após as refeições. "Em alguns casos, pode ser só um incômodo leve. Mas qualquer tipo de gastrite apresenta um ou mais dos sinais listados", esclarece o médico gastroenterologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Orlando Ambrogini Júnior.
As causas da gastrite são diversas, podendo ser virais, resultado de excesso de bebidas alcoólicas, vômitos crônicos, uso de medicamentos (especialmente antiinflamatórios), excesso de ácido gástrico no estômago e ingestão de substâncias cáusticas. Hábitos alimentares, por si só, não são apontados como responsáveis. "A inflamação só ocorre por causa da alimentação quando se consome alimento ou água contaminados pela bactéria Helicobacter pylori", diz o especialista.
Apesar disso, alimentação inadequada, com jejuns prolongados, refeições muito rápidas, abuso de café, refrigerantes e condimentos, contribuem para o agravamento da gastrite. "Solucionar tais questões, equilibrando o cardápio e ajustando os costumes, melhora a vida de quem passa pelo problema", afirma o especialista.
Se crises agudas estiverem em curso, alimentos que agridem de alguma forma a mucosa do estômago ou que favorecem a secreção de ácido gástrico devem ser consumidos com cautela. "É importante levar em conta as tolerâncias individuais, testar quais alimentos causam desconforto e retirá-los da alimentação quando preciso", aconselha a nutricionista Roberta Panighel.
Frutas cítricas e os alimentos ricos em gordura, como salame, presunto gordo, salsicha e frituras em geral são outros itens que levam a desconfortos. Tomar líquidos com a comida também não é aconselhável. O ideal é beber algo meia hora antes ou depois das refeições.
De acordo com Roberta, há quem tolere melhor preparações leves, como purês, suflês, sopas, vegetais cozidos, carnes moídas, desfiadas ou picadas. De qualquer forma, as pessoas que têm gastrite devem seguir uma dieta variada, contendo frutas, legumes, verduras, carne bovina magra e carnes brancas. Esses alimentos devem ser consumidos ao longo do dia, em cinco ou seis refeições, com intervalo médio de três horas entre cada uma. Mastigar bem e devagar também é importante.
Fazer tudo com calma, aliás, é uma recomendação, já que o estresse é um fator agravante da gastrite. "Ele faz com que o estômago produza mais ácido, diminuindo também as defesas do organismo contra a substância. O resultado são alterações no movimento do estômago, levando a pessoa a sentir uma série de sintomas, não necessariamente relacionados à gastrite", diz o médico da Unifesp.
Seguindo as orientações médicas e fazendo o tratamento certo, a gastrite é solucionada em 80 a 90% dos casos. Os remédios normalmente prescritos atuam na diminuição ou no bloqueio da acidez estomacal. Existem ainda medicamentos voltados para a melhora da movimentação do estômago e remédios direcionados para aliviar a dor. Os antibióticos entram em cena nos casos em que a gastrite é causada pela bactéria Helicobacter Pylori.
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