Evelyn Vinocur é doutora em Pediatria, graduada em 1978 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em Pedi...
iEm minha outra matéria, eu expliquei tudo o que caracteriza o transtorno do pânico, contribuindo na diminuição da qualidade de vida. Para aliviar os sintomas, segue uma lista de atividades que você pode fazer para amenizar os efeitos do medo.
Quero lembrar que motivação e dedicação são ferramentas fundamentais para um resultado positivo. Não adianta fazer os exercícios uma vez ou outra. A exposição, para dar resultados, deve ser repetida e prolongada. Ou seja, os exercícios devem ser feitos diariamente e sem pressa. No caso do pânico, leva em media de 30 a 45 minutos.
EXERCÍCIO:Sentado em uma poltrona ou cadeira, a primeira coisa que deve ser aprendida é uma técnica de controle da respiração que será usada sempre nas seguintes situações:
1- quando você estiver tendo um ataque de pânico; ao perceber que o ataque está se iniciando e ganhando corpo, você imediatamente procurará respirar de forma que será descrita logo abaixo:
2- entre cada um dos exercícios que irei mencionar.
Aprendendo a respirar
Após realizar cada um dos exercícios, você deverá inspirar o ar pelo nariz, devagar, realizando a respiração abdominal, isto é, o ar vai para a barriga e não para o tórax. E vai soltar o ar mais lentamente ainda pela boca. O ideal é você inspirar em 3 tempos e soltar o ar em 3 tempos também, isto é, contando até três. Não utilize grande quantidade de ar. Apenas respire devagar e lentamente. Suavemente. Se achar melhor, espalme a mão sobre o abdome e observe-a como se movem. São elas, e não o seu tórax, juntamente com o seu abdome, que devem se mover para a frente. Essa técnica é muito importante de ser aprendida porque, durante uma crise de pânico, a pessoa sente falta de ar e respira de uma forma mais rápida e profunda. Esse fenômeno é conhecido como Hiperventilação e leva a um desequilíbrio ente as quantidades de oxigênio e gás carbônico dentro do organismo. Ao hiperventilar, a pessoa faz com que ocorra uma diminuição do gás carbônico e um aumento relativo do oxigênio, e essa alteração química gera sintomas como tontura, sensação de desmaio, estranheza e formigamento nos membros. Essa técnica do controle da respiração é bem conhecida há mais de 10 anos. Se você puder controlar a sua respiração, terá metade dos sintomas do pânico sob controle. Depois que aprender a respirar, você pode iniciar os exercícios de exposição interoceptiva que estão explicados abaixo:
EXERCÍCIO I:
Sentar em uma cadeira e balançar a cabeça de um lado a outro, como se tivesse expressando um NÂO. Procure fazer um giro amplo de cabeça e mantenha os olhos SEMPRE abertos. Duração do exercício: 30 segundos. A seguir, inicie imediatamente o controle da respiração até que a tontura passe. E vá para o outro segundo exercício.
EXERCÍCIO II:
Sentado na cadeira, incline o tronco para a frente e os braços para baixo. Deixe que suas mãos toquem o chão. Permaneça nessa posição por 30 segundos e erga rapidamente o tronco retornando à posição original. Faça o controle da respiração até que volte a se sentir bem. Poucas pessoas sentem mais que uma discreta vertigem nesse exercício.
EXERCÍCIO III:
Fique de pé e corra parado no mesmo lugar, acelerado, por 1 minuto. Ou então, suba e desça um lance de escada (sem correr) por três ou quatro minutos. Seja qual for o exercício escolhido o importante é que ele produza algum grau de taquicardia e falta de ar. Caso contrário, aumente o tempo ou faça mais intensamente. Retorne ao controle da respiração e não se preocupe se tiver mais dificuldade para obter o controle. Lembre-se que você se exercitou e está com falta de ar. Aos poucos, seu ritmo respiratório voltará ao normal bem como as batidas do seu coração.
EXERCÍCIO IV:
Coloque uma cadeira no centro da sala. Caminhe rapidamente ou corra ao seu redor, num movimento circular. Por 1 minuto e a seguir, sente-se na cadeira. O exercício deverá provocar uma tontura giratória. Controle a respiração até que o desconforto passe.
EXERCÍCIO V:
Sentar na cadeira, respirando rápida e profundamente, com a boca aberta e usando o tórax durante 30 segundos. Esse exercício é o de hiperventilação e deverá provocar estranheza, tontura e formigamento nas mãos. Se não ocorrer nenhum sintoma, aumente o tempo para 1 minuto ou respire mais rápido e com maior profundidade. Controle a respiração, logo a seguir.Repita essa série de exercícios mais duas vezes.
Não pode fazer um exercício de manhã, dois à tarde e um à noite. Os exercícios são encadeados uns com os outros. Além disso, é importante o tempo total de exposição e a ansiedade desencadeada durante esse tempo.
Faça um diário dos exercícios. Anotando a ansiedade que sentiu com os exercícios atribuindo notas de 0 a 10 a cada um deles: 0=ausente 1,2,3=leve 4,5,6=moderada 7,8,9=intensa 10=pânico.
Anote no caderno a data, os exercícios que foram feitos e a ansiedade experimentada antes e logo depois de cada exercício.
Repetindo: se os exercícios não estiverem produzindo nenhuma ansiedade ou desconforto, sua intensidade e duração deverão ser aumentadas ou outros exercícios poderão ser acrescentados:
a- girar ao redor do próprio corpo (brincar de bêbado).
b- Prender a respiração por 30 segundos
c- Respirar através de um canudo por 2 minutos.
d- Olhar fixamente para a claridade do dia ou para uma luz forte por um minuto e a seguir ler.
Caso algum exercício gere efeitos muito ruins, diminua a intensidade e velocidade. Mas não deixe de fazê-lo. Esquivar-se é a contramão do tratamento.
Procure fazer os exercícios diariamente compare as notas que são dadas à - ansiedade em cada um deles. Observe se ocorrem mudanças. Observe também se a freqüência e a intensidade dos ataques diminuíram.
Ao final de 10 semanas é de se esperar que tenha havido uma diminuição na freqüência e intensidade dos ataques ou mesmo sua extinção. O que não significa que você esteja curado e sim que tem os sintomas sob controle.
A grande vantagem que existe em se fazer a exposição é que é você quem adquire o instrumento que o torna capaz de controlar as suas crises.
Saiba mais: Seu filho tem medo de quê?