Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Durante as várias fases do ciclo menstrual, a mulher produz secreções que são naturais do seu organismo. Essas secreções podem ser transparentes, esbranquiçadas ou até levemente amareladas. Mas, conforme explica a ginecologista e diretora da clínica Curarte, no Rio de Janeiro, Elisabete Dobao, esse tipo de muco nada tem a ver com o que é diagnosticado como corrimento vaginal, ou leucorréia. "A secreção é natural quando não causa ardor, coceira, ou cheiro desagradável", esclarece.
Ao contrário disso, o corrimento muitas vezes também provoca uma espécie de mancha branco-acinzentada ou amarelo-esverdeada na calcinha e, além do cheiro forte, do ardor e da coceira, pode estar associado a uma dor na região pélvica, ou no que chamamos de baixo ventre.
Mas a especialista alerta que o corrimento vaginal em si não é uma doença, e sim um importante indicativo de que alguma coisa não vai muito bem. Esse muco é fruto de uma inflamação dos tecidos vaginais que, por conta disso, passam a produzir secreção anormal.
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E as causas dessa inflamação podem ser diversas. "Muitas vezes o corrimento aparece por conta de uma reação alérgica a algum produto usado no banho ou para lavar a roupa íntima, por exemplo. Também pode ser sintoma de infecções provocadas por bactérias, fungos ou até mesmo vírus", afirma.
Uma das doenças mais comuns associadas ao corrimento vaginal é a candidíase. Provocada por um fungo, trata-se de uma espécie de micose que induz a produção de um muco bastante espesso, tipo nata de leite. Essa infecção está geralmente ligada à baixa da imunidade do organismo.
Nesses casos o tratamento é realizado com prescrição médica de antibióticos e antifúngicos via oral ou em forma de cremes vaginais. Dobao afirma que, em geral, o corrimento desaparece após oito dias de tratamento.
Mudança de hábitosMas como o corrimento também é provocado por reações alérgicas, algumas mudanças de hábito podem ajudar a prevenir esse problema que tanto traz desconforto para as mulheres. A especialista recomenda primeiramente o uso de calcinhas de algodão. Ao contrário dos tecidos sintéticos, de renda ou lycra, o algodão não abafa a região íntima, permitindo a entrada de ar que é tão necessária para a saúde vaginal.
"Dormir sem calcinha também permite que a região íntima 'respire', evitando a umidade e, consequentemente, a proliferação de fungos e bactérias", explica. Optar por sabonete líquido apropriado para higiene íntima, com pH abaixo de 6, é outra maneira de ajudar bastante. A médica esclarece que esses sabonetes são ideais para a área genital porque protegem a pele da proliferação de bactérias e minimizam os riscos de alergia.
Outra conduta importante é evitar usar protetores de calcinha todos os dias, pois eles dificultam a transpiração do local. A umidade e o calor proporcionam ambiente extremamente propício para os micro-organismos.
"Também procure não usar absorventes com película plástica no período menstrual. Esse tipo de produto aumenta a temperatura local e pode fazer com que o suor irrite a pele", recomenda. Além disso, trocar o absorvente a cada 4 horas também é essencial.
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