Médica dermatologista graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integra o corpo clínico...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A adolescência é um momento conturbado. A ebulição dos hormônios, a necessidade de fazer parte de um grupo e ser aceito pelos colegas, as dúvidas em relação ao futuro, as primeiras descobertas amorosas e sexuais. Tudo isso já seria o suficiente para deixar os jovens aflitos. Mas tem mais. É nesta fase da vida, em que a preocupação dos adolescentes com a imagem está em plena efervescência, que a acne e os cravos surgem.
A mais comum das doenças de pele aparece quando os folículos pilosos que se encontram sob a pele ficam obstruídos, provocando as espinhas, que aparecem no rosto, nas costas, no peito, nos ombros e no pescoço. O resultado do surgimento da acne, tanto na adolescência quanto no início da vida adulta, pode virar um pesadelo com efeitos emocionais devastadores.
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Miami em parceria com Acne Rosacea Society, nos Estados Unidos, a autoestima de adolescentes e jovens adultos despenca por causa do problema dermatológico. Além disso, a pesquisa revela que eles desenvolvem grande dificuldade de interagir com outras pessoas, o que reflete nos relacionamentos também. No grupo que serviu de base para conduzir a pesquisa, os afetados pelas espinhas se sentiam "inúteis" e com pouco amor próprio. Sendo que meninas tinham ainda mais tendência à depressão e baixa autoestima do que os garotos.
De acordo com o dermatologista Paulo Zeminian, a questão é mais profunda do que parece. "Não trata-se apenas de um incômodo, de uma questão estética. Os pacientes que sofrem com acne podem desenvolver depressão, pois justamente estão passando por um período da vida em que eles precisam fortalecer relações e eles se sentem muito inseguros expostos", diz o especialista.
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A opinião médica é endossada pelo estudo norte-americano, que apontou que os jovens com acne são mais infelizes e solitários se comparados aos adolescentes que não passam pelo problema. "As vezes é necessário um acompanhamento psicológico, inclusive com o acompanhamento dos pais. É nesta fase que a autoestima está sendo constituída e fortalecida", explica Zeminian.
Espinhas x Autoestima
Segundo o levantamento feito nos Estados Unidos, o principal motivo para jovens com acne terem a autoestima rebaixada deve-se à visibilidade do problema de pele. Os pontos avermelhados e purulentos das espinhas desviam o foco de quem os olha para aspectos menos interessantes do indivíduo.
"A sensibilidade de um adolescente com muitas espinhas é atacada. Se ele tenta tratamentos sem sucesso, naturalmente passará a evitar o contato social. A baixa autoestima deste grupo de pessoas afeta o estado emocional e a sensação de estar sempre em desvantagem é, muitas vezes, permanente", analisa o dermatologista.
Buscar um tratamento médico é o mais recomendado. "Há antibióticos, remédios e outras formas de amenizar a proliferação das espinhas", explica Zeminian. Segundo o dermatologista, o cuidado com a pele é essencial, mas pode exigir um esforço extra. "Para tratar casos mais intensos é necessário toda uma mudança de estilo de vida", diz.
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