Alex Botsaris é formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, especializado em doenças infecciosas pelo Hospital...
iDepois da páscoa, é comum ficar com um estoque enorme de ovos de chocolate em casa, e por isso, as pessoas acabam comendo muito mais doces do que estão acostumadas. Comer chocolate de forma compulsiva e sem controle não é uma escolha inteligente. Meu propósito é estimular os leitores e fazer um uso melhor do estoque da páscoa, ganhando em prazer e saúde.
Vale a pena recordar a história do chocolate, pois ajuda a entender seus benefícios para a saúde. O chocolate veio de uma bebida usada pelos astecas, que era usada em rituais religiosos. Há controvérsias sobre seu nome - contudo a versão mais aceita é que chamava-se "kakau - lait" que significava "bebida quente" ou "bebida amarga". Fernando Cortês levou várias sementes de cacau para Espanha, assim como instrumentos para produzir a bebida. Aos poucos a bebida foi se popularizando aí, por sua capacidade de produzir bem-estar. Na Europa também se adicionou açúcar, amêndoas, leite e temperos, tornando o chocolate muito mais saboroso.
Nos séculos seguintes ao primeiro contato entre os europeus e os indígenas do Novo Mundo, centenas de artigos e materiais foram publicados contendo informações sobre os aspectos agrícolas, botânicos, econômicos, geográficos, históricos, médicos e nutricionais sobre o cacau. Os escritos de Anthelme Brillat-Savarin, foram publicados sob o título Handbook of Gastronomy, algumas vezes como A Psicologia do Sabor (The Physiology of Taste).
Para ele, o chocolate quando preparado de maneira apropriada é um alimento tão benéfico quanto agradável. Ele é nutritivo, facilmente digerido e um antídoto para as inconveniências relacionadas ao café. Brillat também escreveu que o chocolate era mais adequado para aqueles que trabalham muito com o cérebro, como os sacerdotes e advogados, principalmente os viajantes. O chocolate também satisfaz os estômagos fracos e é o último recurso nas infecções do orifício que liga o estômago ao intestino. Ele encorajava os consumidores a beber um copo após o café da manhã, pois facilitava a digestão. Brillat identificou várias formas adicionais de utilização medicinal, por exemplo, em pessoas com os nervos delicados o chocolate precisava ser misturado com água da flor de laranjeira, e quando os nervos do paciente estavam irritados, prescrevia-se chocolate com leite de amêndoa.
Atualmente, a maioria dos indivíduos considera o chocolate um alimento delicioso, mas também muito calórico e que engorda. Ao contrário das crenças populares, que dizem que chocolate faz mal, descobriu-se que ele possui várias ações positivas sobre a saúde. Trata-se de um alimento rico em procianidinas, polifenóis e flavonóides (derivados da catechina e epicatechina), todos com potente ação antioxidante e protetora dos vasos sanguíneos.
Uma recente pesquisa realizada por cientistas do Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente de Bilthoven, Holanda, mostrou que, por possuir estas propriedades, o cacau reduz o risco de doença cardíaca. A ingestão de uma barra de 100 gramas eleva significativamente a capacidade antioxidante do plasma, e o uso diário de pequenas quantidades (aproximadamente 50g) ajuda a reforçar e a relaxar a parede das artérias.
O chocolate possui ainda em sua composição o aminoácido triptofano, além de alcalóides e cafeoildopamina. Essas substâncias estimulam os receptores da serotonina e da dopamina, que têm a função de melhorar o humor e a atividade mental. Daí o conhecido desejo das mulheres, especialmente na fase pré-menstrual, por chocolate.
Devido ao seu potencial antioxidante e protetor, ele tem sido muito utilizado na indústria de cosméticos. Em virtude das pesquisas recentes, muitos produtos a base de chocolate devem entrar no mercado nos próximos dois anos. Lojas que têm como filosofia a integração entre o homem e a natureza já criaram os seus hidratantes e sabonetes. E sobre o velho mito de que causa acne, pesquisadores mostram que isto não tem base científica. Ele possui muitas vitaminas e minerais como magnésio e potássio. Portanto, é muito bom para a saúde e benéfico quando aplicado de forma tópica.
No que diz respeito ao seu consumo, alguns pontos devem ser considerados. O chocolate é muito rico em gorduras, especialmente o ácido esteárico que, embora não aumente o colesterol, é muito calórico. Portanto, comer esta delícia sem engordar exige o controle da quantidade e a prática de atividade física regular. A quantidade recomendada para consumo diário é de 50g (meia barra) que corresponde a aproximadamente 300 calorias a mais na dieta. Recomenda-se que isso seja retirado de uma das refeições. Outra possibilidade é a pessoa ingerir, junto com o chocolate, uma fonte de fibras, que vai reduzir em cerca 70 calorias desse balanço.
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