Sou graduada pela FMUSP em psicologia , pós-graduada e especialista em psicodrama pela SOPS-PUC e especialista em Terap...
iPara grande parte das pessoas a separação é um momento de dor, ansiedade, tristeza, raiva... Mas, por outro lado, muita gente se sente aliviada ao dar adeus a momentos de tensão e sofrimento. Com tantos sentimentos envolvidos, alguns podem acabar se desesperando e partindo para todo tipo de comportamento, a fim de resolver as mágoas e decepções geradas pelo fim do relacionamento.
Dependendo do contexto em que aconteceu a separação, dos motivos e dos sentimentos envolvidos, algumas pessoas acabam usando os filhos para se vingar, provocar e atacar o outro. Isso acontece numa tentativa de aliviar a própria dor. Mas, sem perceber, acabam usando recursos errados para isso.
Sabendo do quanto os filhos são importantes para o "ex", resolvem atingi-lo através deles, achando que levarão alguma vantagem com isso. Embora tenham uma grande preocupação com o bem-estar das crianças, acabam tendo atitudes que causam mais sofrimento ainda para elas. A guerra que já existia no casamento, continua após a separação.
Ataque à saúde mental da criança
Afinal por qual motivo o ex-casal está lutando? O que os pais precisam pensar é que nessa guerra não existe vencedor, apenas feridos. Se a briga é pelo amor da criança, precisam estar conscientes de que quanto mais tentarem usar a criança para atingir o outro, mais a criança perceberá e ficará com raiva dele. Por mais decepcionada que a criança esteja com os pais, ela se sente atingida toda vez que alguém fala mal de um deles para ela, mesmo que o conteúdo seja verdadeiro. É um abuso contra a criança fazê-la escutar xingamentos e depreciações sobre eles.
Além disso, é um ataque ao psicológico da criança falar mal do pai ou da mãe para ela. A mensagem que é transmitida é que ela deve escolher um dos lados, ou o do pai ou o da mãe. Isso gera um conflito muito grande, pois ela fica dividida e confusa, sem saber de que lado ficar. Gera também bastante desconfiança, ficando sem um porto seguro em que realmente possa confiar.
Toda criança precisa ter uma imagem dos pais internalizada. Essa imagem é construída a partir da sua própria percepção e não do que os adultos a induzem a pensar. É importante que as conclusões e julgamentos sobre os pais sejam feitos por ela mesma, à medida que ela vai se desenvolvendo e adquirindo uma maior capacidade de perceber e julgar a realidade.
É preciso que cada pai e cada mãe pense que o melhor caminho para resolver os sentimentos que ficaram após a separação, é olhar para dentro de si e buscar os próprios recursos para enfrentar esses momentos. O amor próprio, o respeito por si e a aceitação dos próprios atos são excelentes recursos para começar a melhorar, a se sentir mais feliz e ajudar os filhos a atravessarem esse momento difícil. Que tal começar por aí?
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