Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde também realizou mestrado em Psiquiatria. Doutor e...
iA depressão pode prejudicar a capacidade de a pessoa trabalhar e estudar, pode ocorrer desde um alentecimento do raciocínio, passando por dificuldades de concentração, até uma vontade de "passar o dia inteiro deitada na cama". A depressão se caracteriza por uma constelação de sintomas e sinais incluindo:
- sensação de tristeza, vazio ou falta de esperança a maior parte do tempo
- grande diminuição da capacidade de sentir prazer ou do interesse em todas ou quase todas as atividades
- aumento ou diminuição de apetite
- insônia ou excesso de sono
- agitação ou retardo psicomotor
- fadiga e perda de energia
- sentimento de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada
- capacidade diminuída de pensar, de concentrar-se ou indecisão
- pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida, tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio
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Comunicar ou não aos superiores
Comunicar ou não o estado da pessoa aos seus superiores é uma questão complicada. Dependendo dos chefes, pode haver compreensão e mesmo estímulo no sentido de a pessoa se tratar. Entretanto, mesmo hoje em dia, há pessoas que têm preconceitos contra os transtornos psiquiátricos e consideram a depressão como uma espécie de fraqueza ou mesmo preguiça.
Se a depressão interferir na segurança da pessoa ou na de outros, é conveniente comunicar o problema aos superiores. Caso não seja este o caso, cabe à pessoa decidir. Uma coisa é certa: o médico jamais deve divulgar quaisquer dados a respeito do paciente, a não ser com expressa concordância deste. Em casos, por exemplo, em que há a necessidade de afastamento do serviço, cobertura dos custos do tratamento por planos de saúde ou afastamento pelo serviço de seguridade social, o médico deve advertir o paciente sobre a possibilidade de as informações caírem na mão de profissionais que não sejam da área de saúde (pois profissionais da área de saúde têm todos a obrigação de manter sigilo) e que este conhecimento pode trazer riscos para a estabilidade do emprego. Apesar de que, enquanto durar a doença e o tratamento, a pessoa não pode ser despedida, há patrões que não levam isto em consideração e, por outro lado, já houve casos em que, para não ter problemas trabalhistas, o patrão espera a melhora e, em seguida, desliga a pessoa de seu trabalho.
Como conseguir fazer o dia render?
Se a pessoa trabalhar numa área na qual o estado depressivo não traga riscos para ela própria ou para outros, ela poderá facilitar seu desempenho dividindo suas tarefas em vários segmentos. Por exemplo, um jornalista, nesta condição, ao invés de se lançar à produção de um texto jornalístico como um todo, deve proceder como um alpinista ao subir uma montanha, ou seja, só pensando em cada passo a ser seguido. Assim, o jornalista faz uma lista das pessoas a serem entrevistadas ou dos textos a serem lidos. Em seguida, lança-se apenas a uma tarefa que, por menor que seja, consiga executar, sem ter maiores ambições. Se conseguir apenas fazer a lista, num dado dia, pare por aí. Se, num outro dia, entrevistar uma das pessoas ou mesmo só marcar o horário da conversa, já deve admirar o seu trabalho pois, para alguém em depressão, todo esforço deve ser elogiado. Se sentir-se um pouco melhor fazendo intervalos entre cada tarefa, deve se permitir esta atitude. Assim, passo a passo, lentamente, a pessoa consegue realizar seu trabalho. Tratada a depressão, seu rendimento voltará ao normal.
Finalmente, colegas e superiores que souberem do estado da pessoa devem ser compreensivos e insistir para que a pessoa se trate. Há bons tratamentos para a depressão e, se os superiores e colegas tiverem a devida paciência, geralmente, no espaço de algumas semanas ou meses terão de volta o funcionário com toda a sua capacidade de trabalho.
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