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As infecções sexualmente transmissíveis, conhecidas como ISTs, são infecções adquiridas através da prática de relações sexuais sem proteção, portanto a melhor forma de preveni-las é usando a camisinha.
Elas são consideradas como um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. No Brasil estima-se que mais da metade população entre 16 e 25 anos tem HPV, segundo o Ministério da Saúde.
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Embora a preocupação com as ISTs continue sendo ignorada, o que poucos sabem é que muitas dessas doenças podem afetar negativamente a vida de uma pessoa, provocando infertilidade, doenças pélvicas, aborto espontâneo, infecções congênitas, câncer e podendo até levar a morte.
Desta forma, é essencial que após a relação sexual sem proteção alguns exames sejam feitos para que o tratamento contra a ISTs ocorra o mais rápido possível, isso porque algumas destas doenças podem levar até anos para mostrar sintomas e quando descobertas já estão em estágio avançado.
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Qual é a hora certa para fazer os exames de ISTs?
Muitas pessoas acabam entrando em desespero após o sexo desprotegido com medo de ter adquirido uma doença e acabam correndo no dia seguinte para realizar os exames, porém a doença pode demorar alguns dias para ser detectada.
De acordo com Miralba Freire, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, os exames para detectar ISTs podem ser realizados 48 horas depois da contaminação. "Antes desse período é possível que o vírus ou a bactéria ainda não apareçam nos exames. De qualquer forma, é preciso repetir os exames após alguns meses, especialmente se a pessoa apresentou algum dos sintomas", completou.
Com o objetivo incentivar as pessoas a realizarem exames após a prática de sexo sem proteção, o Minha Vida selecionou os principais tipos de ISTs para mostrar quais são os exames específicos, quando devem ser feitos e muito mais. Confira:
HIV/Aids
Exames para detectar a doença: Os testes mais usados para detectar o HIV são o teste anti-HIV e o imunoensaio enzimático (ELISA). Caso anticorpo anti-HIV seja identificado no sangue, é necessária a realização de outro exame adicional, o teste confirmatório. Além disso, atualmente existe a possibilidade da realização de testes rápidos disponíveis no SUS e agora também em farmácias. O HIV pode ser descoberto também através da doação de sangue.
O que os exames indicam: Os exames irão indicar a presença do vírus por meio de seu conteúdo genético ou a presença de anticorpos que estão tentando combater o vírus. Os exames mostraram também a presença de anticorpos e de RNA viral no sangue. A identificação precoce do problema e a busca imediata pelo tratamento são atitudes que aumentam a qualidade de vida da pessoa.
Quanto depois da relação é possível fazer o exame: Normalmente, é possível realizar os exames após 3 semanas, podendo chegar a 3 meses, da relação.
Resultados normais: Sorologia negativa e PCR não detectável.
Gonorreia
Exames para detectar a doença: Bacterioscópico, cultura e o exame de reação de polimerase em cadeia (PCR) para gonococo (bactéria que causa a gonorreia) na secreção uretral, vaginal ou anal. A PCR pode ser realizada também na urina.
O que os exames indicam: O bacterioscópico e a cultura permitem a visualização da morfologia característica da bactéria na secreção e a confirmação da identificação; a PCR pesquisa a presença do material genético da bactéria, que reflete a sua presença na secreção.
Quanto depois da relação é possível fazer os exames: Normalmente entre 2 e 3 dias, assim que surgir a secreção, é possível realizar o exame.
Resultados normais: Bacterioscópico e cultura negativos, PCR não detectável.
Sífilis
Exames para detectar a doença: É possível identificar a sífilis através de exame de sangue, cultura de bactérias (análise das feridas em microscópio) e até mesmo punção lombar caso exista a suspeita de que o paciente está com complicações neurológicas causadas pela sífilis. A sífilis poderá ser detectada também por meio da doação de sangue.
O que os exames indicam: Os exames indicam a presença de anticorpos contra a bactéria treponema ou constata a atuação de bactérias na secreção da lesão, que indicam a infecção.
Quanto depois da relação é possível fazer os exames: A pesquisa direta pode ser feita a qualquer momento quando houver lesão genital ou de outra mucosa. A sorologia torna-se positiva de 2 a 4 semanas após a exposição e permanece positiva por tempo indeterminado.
Resultados normais: Pesquisa direta e sorologia negativas.
Clamídia
Exames para detectar a doença: Devido ao fato de muitas pessoas com clamídia não manifestarem sintomas, os adultos sexualmente ativos devem realizar exames periodicamente. Os exames usados para identificar a clamídia são sorologia e PCR na urina, lesão ou secreção. A amostra é encaminhada para um teste de anticorpos monoclonais ou fluorescentes, teste de sonda de DNA ou cultura celular.
O que os exames indicam: Indica a presença de anticorpos ou de material genético da bactéria no sangue ou secreção.
Quanto depois da relação é possível fazer os exames: Após alguns dias da infecção, a doença já pode ser identificada por exames.
Resultados normais: PCR não detectável.
Herpes genital
Exames para detectar a doença: Um exame físico muitas vezes pode bastar para o diagnóstico. Mas o médico pode optar também por realizar alguns exames para certificar-se de que acertará no diagnóstico, como cultura de vírus, PCR e exame de sangue.
O que os exames indicam: Os resultados do exame de sangue mostraram se há presença ou não de anticorpos contra os vírus do herpes genital, indicando se houve infecção no passado. Já o resultado do PCR irá detectar a presença do material genético do vírus, que reflete a sua presença na lesão.
Quanto depois da relação é possível fazer os exames: Alguns dias após a infecção mesmo que ela ainda não cause sintomas.
Resultados normais: Citológico sem alterações características e PCR não detectável.
Hepatite B
Exames para detectar a doença: O diagnóstico de hepatite é feita por exames de sangue com altos níveis de transaminases, ALT, AST, fosfatase alcalina, gama GT e bilirrubinas. A hepatite B também pode ser descoberta por acaso, através de doação de sangue, pois quando uma pessoa doa sangue são realizados vários testes no sangue para se evitar contaminação de quem vai receber o sangue.
O que os exames indicam: O exame indica infecção pelo vírus com presença de anticorpos ou partes do vírus no sangue.
Quanto depois da relação é possível fazer os exames: De 30 a 90 dias ou antes se houver sintomas.
Resultados normais: Ausência de anticorpos ou de partículas virais.
HPV
Exames para detectar a doença: O HPV pode ser descoberto por meio de exames de rotina, como o papanicolau, colposcopia, vulvoscopia, peniscopia ou anuscopia. Exames como o teste genético PCR e o teste de captura híbrida.
O que os exames indicam: O exame identifica a presença do vírus ou seu conteúdo genético no tecido estudado. Exames como o PCR e o de captura híbrida podem trazer informações como o tipo, a carga viral ou até marcar se esse HPV é ou não oncogênico, ou seja, se pode evoluir para um câncer.
Quanto depois da relação é possível fazer o exame: O HPV tem uma incubação que pode ir de dias até anos, portanto o exame pode ser feito quando surgir a suspeita da doença pela lesão.
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Resultados normais: Análise sem alterações características e PCR não detectável.
Onde fazer estes exames
Todos esses exames podem ser realizados no sistema de saúde público de saúde, em postos de saúde e unidades referenciadas. Após um consulta com o médico, o paciente será encaminhado para a realização dos exames.
Caso o resultado dos exames seja positivo, a pessoa poderá realizar o tratamento no mesmo local. Todo o processo para realizar os exames de ISTs pode ser feito de forma anônima, contudo em alguns locais particulares é possível realizar exames sem guia.
Os exames também podem ser feitos na rede particular por conta própria ou através de convênios, tendo a guia do médico.
"É possível em algumas situações, porém não é recomendado, pois a indicação dos exames e suas interpretações sempre devem ser feitas por um médico adequado para o caso", disse Dr. Cláudio Gonsalez, infectologista do Hospital Santa Paula.
Além disso, a Dra. Carolina Lázari, assessora médica em infectologia do Fleury Medicina e Saúde, relembra que doenças como HIV, hepatite B e a sífilis podem ser detectadas em doação de sangue e acabam facilitando o diagnóstico para o paciente.
Profilaxia de emergência
Alguns especialistas indicam o uso de profilaxia pós-exposição após o sexo desprotegido, especialmente em casos de estupro. Este é um tratamento emergencial indicado para todas as pessoas que tiveram exposição ao vírus da AIDS e agora também para outros tipos de ISTs, seja em caso de violência sexual, acidentes ocupacionais (principalmente profissionais de saúde que entraram em contato direto com sangue de pacientes) ou, ainda, em decorrência de uma relação sexual desprotegida. No entanto, o tratamento precisa ser iniciado em até 72 horas após a exposição.