Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2) causou grande impacto na comunidade científica. Uma corrida para identificar as características do vírus e desenvolver um tratamento efetivo contra os efeitos da COVID-19 tem sido a maior prioridade.
Como forma de controlar a pandemia, a atual recomendação do Ministério da Saúde é que o paciente, ao perceber os primeiros sinais da doença, procure ajuda médica imediata em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou UPAS de sua cidade.
A partir da análise dos sintomas, cada indivíduo será classificado como caso leve, moderado ou severo. Dentro dessa triagem, a falta de ar, por exemplo, pode classificar um caso moderado, enquanto a Síndrome Respiratória Aguda é considerada sintoma de um quadro severo.
Como é feito o tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, quadros leves da doença são tratados de forma similar a outras infecções respiratórias, com o uso de analgésicos e antitérmicos que ajudam a aliviar os sintomas. Outros cuidados indicados são:
- Fazer repouso
- Beber bastante água
- Utilizar umidificador no quarto
- Tomar banho quente para aliviar dores e tosse
- Usar medicamentos para dor e febre , conforme orientação médica
Em alguns casos, é possível que sejam solicitados exames laboratoriais, como raio-x e hemograma, antes de indicar o tratamento ideal para o quadro de saúde apresentado pelo paciente.
Medicamentos contra COVID-19
Cientistas de diversas partes do mundo seguem estudando os efeitos de diversos medicamentos contra o coronavírus. Em um projeto de pesquisas realizado recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chamado de Solidarity, foi revelado que quatro dos remédios que vinham sendo analisados desde o começo da pandemia possuem pouca ou nenhuma eficácia no tratamento da COVID-19. Entre eles estão: hidroxicloroquina, remdesivir, lopinavir e interferon.
Segundo a OMS, até o momento, os corticóides são os únicos medicamentos que apresentaram resposta positiva em casos moderados e graves de infecção por coronavírus. Um pesquisa brasileira, publicada no periódico científico Journal of the American Medical Association (Jama), revelou que o uso de dexametasona ajuda a reduzir o tempo de internação de pacientes adultos por Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pela COVID-19 que precisam de respiração mecânica.
"O estudo indicou que o uso de dexametasona em pessoas que precisam de oxigênio diminui a internação e mortalidade. Mas, de maneira alguma, é para o paciente tomar o corticoide em casa, já que ele pode fazer mal ao organismo", explica Ivan Franca, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A partir de novos estudos e análises, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou em março deste ano o uso do medicamento Remdesivir para o tratamento da doença, após a droga ter apresentado resultados promissores nas primeiras análises in vitro.
Recentemente o órgão também autorizou o uso emergencial de um coquetel de anticorpos para tratar casos leves e moderados de coronavírus. Composto pelos medicamentos casirivimabe e imdevimabe, a medicação tem como objetivo neutralizar o vírus e evitar a propagação da doença para outras células do corpo. A aplicação é intravenosa e seu uso é feito exclusivamente por hospitais, com a proibição da venda por farmácias.
De acordo com a Anvisa, o tratamento será indicado para quadros leves ou moderados de COVID-19 em pessoas acima dos 12 anos de idade e que pesem no mínimo 40 kg. Além disso, os pacientes devem apresentar estabilidade antes de receberem o coquetel, sem depender do uso de suplementação do oxigênio.
A terceira autorização de medicamentos para uso emergencial pela Anvisa ocorreu na última semana (13/05). A associação dos anticorpos banlanivimabe e etesevimabe entrou para a lista de substâncias aprovadas pela instituição para o tratamento do coronavírus.
Em nota, a Anvisa relatou que os medicamentos são anticorpos monoclonais, ou seja, substâncias produzidas em laboratório que, quando injetadas no organismo, atuam como todos os outros anticorpos presentes no corpo humano, identificando e neutralizando agentes invasores nocivos à saúde.
Foi revelado também que o banlanivimabe e o etesevimabe devem ser ministrados juntos, em dose única, e assim como o coquetel de anticorpos, os medicamentos só serão prescritos para adultos ou crianças com 12 anos ou mais que apresentem as formas leve ou moderada de infecção pelo coronavírus. Esses pacientes devem ter mais de 40 kg e ainda apresentar alto risco de progressão da doença para a forma grave da COVID-19.
ECMO
Segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), pacientes com quadro de síndrome do desconforto respiratório agudo, com insuficiência respiratória grave e/ou baixa oxigenação do sangue podem fazer uso da Oxigenação por Membrana Extracorpórea, também conhecida como ECMO.
A técnica consiste em um aparelho que promove uma forma de respiração extracorporal. A tecnologia possui a capacidade de reproduzir simultaneamente a função do pulmão e do coração em pacientes que apresentam dificuldades nas funções de tais órgãos.
Apesar de existir há décadas, o método ganhou popularidade como alternativa para o tratamento de casos graves do novo coronavírus. Entretanto, o uso do ECMO costuma ser indicado apenas para pacientes que precisaram ser entubados e que não apresentaram melhoras quando outras técnicas foram exploradas.
Um estudo recente feito por pesquisadores dos EUA revelou que o uso de ECMO pode reduzir consideravelmente complicações causadas pela COVID-19 quando comparado com a técnica de ventilação mecânica.
No Brasil, ainda há limitações para o uso da técnica em hospitais, já que o ECMO não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma análise feita pelo NATS (Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) concluiu que o uso da tecnologia pode custar até R$ 30 mil.
Entenda melhor como funciona o tratamento aqui.