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Já dizia a vovó: tomar um pouco de sol diariamente faz um bem danado à saúde. E ela, sem dúvida, estava certa: o sol, além de ajudar a regular o ciclo circadiano e modular alguns hormônios¹, também é o grande responsável pela absorção de vitamina D². E você sabia que essa vitamina tem um papel importantíssimo na imunidade?
A vitamina D, na verdade, é reconhecida atualmente como um hormônio esteroide, por conta de seu mecanismo de ação dentro do organismo³.
Embora tenha ação conhecida há tempos, a vitamina D ganhou destaque nos últimos anos e tem sido foco de muitos estudos, e estes têm demonstrado a sua ação além do metabolismo de cálcio e da saúde dos ossos. E o papel da vitamina D no sistema imunológico está cada dia mais claro⁴.
E não é surpresa que isso tenha acontecido, afinal, há receptores de vitamina D em muitas partes do corpo, entre elas ossos, rins, paratireoides, intestino, cérebro, coração, a própria pele, mamas, e, claro, nas células imunológicas⁴.
Portanto, a carência de vitamina D é prejudicial ao organismo, já que estudos têm relatado a associação entre níveis inadequados com várias doenças, como⁵:
- Depressão;
- Doenças autoimunes e inflamatórias (doença de Crohn, esclerose múltipla);
- Doenças cardiovasculares;
- Hipertensão arterial;
- Insuficiência cardíaca;
- Doença arterial coronariana;
- Câncer (cólon, mama e próstata).
Imunidade nas alturas
Manter o sistema imunológico competente para lidar com ataques externos, como de vírus e bactérias, é muito importante. A sua força, porém, depende de vários fatores, entre eles os níveis de vitamina D⁶.
Estudos têm sugerido que a vitamina D é capaz de modular o sistema imune inato. E o que seria ele? É a nossa primeira defesa, ou seja, é o exército interno que parte para o ataque imediatamente assim que o nosso corpo é invadido por microrganismos nocivos. Quando ele está em forma, portanto, geralmente consegue combater o invasor sem que ele provoque danos ao organismo⁶.
E é justamente por isso que a carência de vitamina D nos deixa mais suscetíveis a doenças infecciosas. Sabe-se também que a vitamina D tem uma ação antimicrobiana por estimular a produção de um composto chamado catelicidina, que é uma proteína que atua na destruição de agentes patológicos⁶.
Um estudo que analisou mulheres na pós-menopausa, por exemplo, mostrou que aquelas que ingeriram (por orientação médica) uma determinada quantidade de vitamina D diariamente tiveram redução de até 90% nas infecções das vias respiratórias superiores, quando comparadas às mulheres que ingeriram uma quantidade cinco vezes menor⁶.
Além disso, há estudos que demonstram que níveis baixos de vitamina D podem estar associadas à sepse, também conhecida popularmente por infecção generalizada⁶.
É por isso que é importante consultar um médico e fazer um check-up periódico para avaliar como estão os níveis de vitamina D no organismo, já que níveis adequados trazem grandes benefícios ao organismo.
Alimentação não é suficiente
Mas como conseguir a quantidade adequada de vitamina D? Somente a alimentação, infelizmente, não consegue suprir essa necessidade. Isso porque os alimentos que contêm vitamina D não apresentam quantidade suficiente para elevar os níveis no organismo⁷.
Para conhecimento, apenas um pequeno número de alimentos carrega vitamina D, como peixe, gema de ovo e vísceras - o fígado, por exemplo⁷.
O melhor meio de absorver vitamina D, portanto, é por meio do sol. Para isso, é necessária uma exposição diária ao sol forte do meio-dia, com a maior parte do corpo exposta, por 15 minutos⁸.
No entanto, quem vive nas grandes cidades e trabalha em locais fechados nem sempre tem disponibilidade de parar por esse período para se expor ao sol. É por isso que nesses casos a suplementação de vitamina D cai como uma luva.
Já na forma ativa da vitamina D, a suplementação é frequentemente indicada por especialistas quando os níveis de vitamina D estão baixos, pois ela consegue fazer com que eles sejam ajustados dentro do período estabelecido pelo médico⁶.
A dosagem de manutenção, porém, varia de acordo com a idade, e também com a deficiência que havia previamente. O ideal é que os níveis séricos estejam acima de 30ng/mL. No geral, para manter os níveis ajustados (sem ter de corrigi-los), as doses preconizadas são⁶:
- Bebês de até 1 ano: 400 UI/dia.
- Bebês e crianças de 1 a 8 anos: 400 UI/dia.
- Pré-adolescentes e adolescentes de 9 a 18 anos: 600 UI/dia.
- Jovens e adultos de 19 a 70 anos: 600 UI/dia.
- Idosos acima de 70 anos: 800 UI/dia.
- Gestantes: 600 UI/dia.
- Lactantes: 600 UI/dia.
Lembre-se, porém, de suplementar vitamina D somente sob orientação médica.
Referências
1 - Blume C, Garbazza C, Spitschan M. Effects of light on human circadian rhythms, sleep and mood. Somnologie. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6751071/ Acesso em 22 de setembro de 2020.
2 - Wacker M, Holick MF. Sunlight and Vitamin D: A global perspective for health. Dermato-endocrinology. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24494042/ Acesso em 22 de setembro de 2020.
3 - Castro LCG. O sistema endocrinológico - vitamina D. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abem/v55n8/10.pdf Acesso em 22 de setembro de 2020.
4 - Marques CDL, Dantas AT, Fragoso TS et al. A importância dos níveis de vitamina D nas doenças autoimunes. Revista Brasileira de Reumatologia. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042010000100007 Acesso em 22 de setembro de 2020.
5 - Jorge AJL, Cordeiro JR, Rosa MLG et al. Vitamin D Deficiency and Cardiovascular Diseases. International Journal of Cardiovascular Sciences. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-56472018000400422 Acesso em 22 de setembro de 2020.
6 - Maeda SS, Borba VZC, Camargo MBR. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302014000500411 Acesso em 22 de setembro de 2020.
7 - Lamberg-Allerdt C. Vitamin D in foods and as supplements. Progress in biophysics and molecular biology. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16618499/ Acesso em 22 de setembro de 2020.
8 - Alshahrani FM, Almalki MH, Aljohani N et al. Vitamin D. Dermatoendocrinology. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3897586/ Acesso em 22 de setembro de 2020.