Infectologista e Coordenadora do setor de Infectologia Clínica e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Albert Sabi...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
O que é Amebíase?
A amebíase, também chamada de disenteria amébica, é uma infecção parasitária que acomete o intestino grosso, causada pelo protozoário unicelular Entamoeba histolytica, uma ameba. As amebas podem ser transmitidas de pessoa para pessoa ou através do consumo de alimentos e água. Embora a maioria dos casos não provoque sintomas, algumas pessoas podem ter diarreia, cólicas abdominais e perda de peso não intencional.
Causas
Transmissão da amebíase
A amebíase ocorre a partir do contato com os ovos da ameba, principalmente por meio da ingestão de água ou comida contaminadas. Esse parasita também pode entrar no corpo por meio do contato direto com a matéria fecal.
A ameba libera cistos, que são uma forma relativamente inativa do parasita e que podem viver por vários meses no ambiente em que foram depositados, geralmente nas fezes, no solo e na água. Eles também podem ser transmitidos por manipuladores de alimentos e por meio de relação sexual desprotegida.
Sintomas
Sintomas da amebíase
A amebíase não provoca sintomas em cerca de 90% dos casos. Quando eles surgem, no entanto, costumam aparecer de sete a dez dias após a exposição ao parasita. Os sintomas da amebíase incluem:
- Cólicas abdominais
- Evacuação de fezes pastosas com muco e sangue ocasional
- Fadiga
- Gases em excesso
- Dor retal durante evacuação (tenesmo)
- Perda de peso involuntária
Embora não exista uma explicação concreta, a amebíase pode se tornar uma doença mais agressiva numa minoria de pessoas, invadindo a parede do cólon e provocando uma grave inflamação no intestino. O parasita também pode atravessar a parede do cólon e cair na circulação sanguínea, onde pode se alojar em órgãos como cérebro, fígado e pulmões.
Entre os sintomas mais graves da amebíase, podemos citar:
- Sensibilidade abdominal
- Evacuação de fezes líquidas, às vezes com sangue
- Evacuação de dez a 20 vezes por dia
- Abscesso hepático
- Febre alta
- Vômitos
Diagnóstico
O diagnóstico da amebíase depende do tipo de infecção. A princípio, o médico irá solicitar um exame de sangue e geralmente um exame parasitológico de fezes (EPF), capaz de localizar os cistos e trofozoítos do protozoário.
Caso a ameba esteja provocando outros casos, como o abscesso hepático, exames como tomografia de abdome e biópsia podem ser solicitados. Exames laboratoriais para verificar a função hepática podem ser solicitados em alguns casos a fim de determinar se houve danos ao fígado.
Caso sim, será preciso verificar se o parasita não atingiu outros órgãos através de exames de imagem, como ultrassonografias. Por fim, uma colonoscopia poderá ser realizada para determinar se os parasitas invadiram o intestino ou o tecido do cólon também.
Fatores de risco
A baixa imunidade é o principal fator de risco para a contaminação da amebíase. Desse modo, excesso de estresse, má alimentação, alcoolismo e cigarro são algumas das causas mais comuns que podem levar ao enfraquecimento do sistema imunológico.
Outros fatores incluem:
- Câncer
- Desnutrição
- Idade infantil ou idade avançada
- Ingestão de alimentos crus ou mal cozidos
- Gravidez
- Viagem recente a uma região que não dispõe de boas condições sanitárias e de higiene
- Má higienização das mãos
- Uso de corticoide para inibir o sistema imunológico
- Manter relações sexuais desprotegidas
Tratamento
Tratamento da amebíase
O tratamento para a amebíase deve ser realizado mesmo em pacientes assintomáticos em função do potencial risco de complicações no futuro e da disseminação da ameba para outros indivíduos da família. Normalmente, o tratamento em casos simples consiste na prescrição de medicamentos antiparasitários, como o metronidazol, administrado por via oral. O médico também pode prescrever medicamentos para controlar náuseas.
Em casos mais graves de amebíase, porém, em que a infecção causa perfurações no cólon ou em tecidos peritoneais, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.
Além do metronidazol, outros medicamentos que podem ser prescritos para o tratamento de amebíase são:
- Annita
- Benzoilmetronidazol
- Doxiciclina
- Flagyl
- Flagyl Pediátrico
- Helmizol (comprimido)
- Helmizol (suspensão)
- Secnidazol
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Outros tratamentos podem ser indicados a depender do diagnóstico. Não se automedique e não interrompa o uso do medicamento sem consultar um especialista previamente.
Após o tratamento da amebíase, as fezes devem ser reexaminadas para se ter certeza de que a infecção foi eliminada.
Tem cura?
A amebíase pode ser curada por meio do tratamento com medicações antiparasitárias. No geral, o tratamento é bem-sucedido e a infecção dura cerca de duas semanas, podendo retornar caso não tratada corretamente. É importante manter hábitos de vida saudáveis, priorizando uma alimentação que fortaleça o sistema imunológico e seguindo todas as recomendações médicas.
Cuidados
É importante manter uma monitorização da função hepática durante o tratamento, pois medicamentos antiparasitários, como o metronidazol, podem ser tóxicos para o fígado — de modo que o consumo de bebidas alcoólicas também é contraindicado. Por fim, é preciso checar interações medicamentosas com remédios que o paciente já utiliza previamente.
Prevenção
Saneamento básico e condições adequadas de higiene são necessários para evitar a amebíase. Outras medidas também podem ser adotadas como:
- Lavar bem as mãos com água e sabão após usar o banheiro e antes de manipular alimentos
- Lavar e bem frutas e verduras antes de comê-las
- Beber somente água filtrada
- Evitar e leite, queijo e outros produtos lácteos não pasteurizados
- Evitar e alimentos com origem desconhecida.
Convivendo (Prognóstico)
Ter uma boa alimentação, evitando alimentos gordurosos e mantendo sempre a comida bem higienizada é essencial durante e após o tratamento da amebíase a fim de evitar pioras no quadro. A ingestão de líquidos também é necessária para uma recuperação plena, pois a infecção pode causar a desidratação.
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Complicações possíveis
Se não tratada, a amebíase pode causar complicações mais graves de saúde, como o abscesso hepático. Em alguns casos, é necessário o tratamento cirúrgico para a drenagem do abscesso. A disseminação do parasita para outros órgãos também pode gerar complicações mais graves.
Referências
Ministério da Saúde
Clínica Mayo
Universidade Federal do Tocantins
Organização Mundial da Saúde
Departamento de Saúde de Victoria (Austrália)
Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos
Manual MSD