Cinetose: o que é, tratamento e sintomas

O que é Cinetose?

A cinetose é uma condição que causa enjoo por movimento. O corpo gera uma resposta fisiológica após um estímulo provocativo, fazendo com que pessoas com esse diagnóstico se tornem mais sensíveis a situações em que a moção é constante, como viagens de carro ou barco, por exemplo.

Causas

Segundo Lisandra Arima, otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, a cinetose surge quando a interação das informações vindas dos sensores se dá de forma distorcida. A visão, a sensibilidade corporal (propriocepção) e o labirinto precisam levar a mesma informação, seja de movimento ou de repouso, para o cérebro. 

“Quando queremos ver o celular durante uma viagem de carro, por exemplo, nossos olhos informam que estamos parados em relação ao interior do carro. Porém, o tato corporal e o labirinto percebem o movimento e a aceleração do carro, surgindo um conflito de sensores e levando a reações corporais”, fala a especialista. 

Lisandra explica que os sinais da cinetose surgem durante a exposição ao movimento em meios de transporte, como carro, navio, avião, trem, plataformas de exercícios, como esteira e bicicleta ergométrica, e melhoram quando o estímulo cessa. 

Ansiedade pode gerar cinetose?

A saúde mental possui um forte impacto no organismo, provocando manifestações físicas. Além da ansiedade, a cinetose pode ser associada com fatores como insônia, período perimenstrual e enxaqueca. “Lembrando que essas condições não definem a cinetose, mas são considerados, por alguns estudos, como fatores de risco para o desenvolvimento da cinetose”, explica Lisandra. 

Sinais

A cinetose costuma se manifestar através de sintomas característicos, como:

• Náusea;

• Sonolência;

• Sudorese;

• Salivação excessiva;

• Cansaço visual;

• Visão borrada;

• Mal estar;

• Tontura;

• Desorientação em relação ao espaço;

• Vômitos;

• Palidez;

• Fadiga.

Diagnóstico

O diagnóstico da cinetose é feito de forma clínica. O próprio paciente costuma procurar ajuda médica após observar a repetição dos sintomas, o que levará o especialista a analisar seu histórico médico e avaliar cada quadro de forma individual.

“A cinetose é resultado de uma integração sensorial deturpada e não por ter uma ‘peça quebrada’ dentro de algum órgão. Isso significa que nenhum exame é capaz de demonstrar a cinetose, não existem marcadores capazes de determinar a presença do distúrbio. Para definirmos o diagnóstico de cinetose, nos baseamos na história do paciente, em como os sintomas surgem, pois são tipicamente desencadeados pelo movimento”, conta Lisandra.

Cinetose vs Labirintite

É comum que muitas pessoas confundam os sintomas da cinetose com a labirintite, condição que também pode provocar tontura, náuseas e sudorese. Entretanto, a otorrinolaringologista explica que as duas doenças se diferem em sua gravidade.

“A labirintite é uma condição mais grave. A labirintite é uma infecção do labirinto e, à medida que o processo infeccioso avança, aquele labirinto perde sua função, levando à sensação de movimentação rotatória intensa, contínua, independentemente se o paciente está dentro ou fora do carro. A infecção se dá geralmente apenas em um dos labirintos. Já a cinetose se deve a uma alteração em como as informações sensoriais se integram no cérebro”, explica. 

Tratamento

A principal forma de evitar a manifestação da cinetose é tomar medidas preventivas no dia a dia com o objetivo de amenizar os efeitos causados pelo movimento:

• Fazer pausas, se possível, durante viagens em automóveis;

• Sentar no banco da frente do carro;

• Manter o corpo resfriado;

• Evitar ler durante viagens;

• Não olhar pela janela durante viagens, fixando o olhar em objetos que não estejam em movimento;

• Dormir.

Caso não seja possível evitar a exposição ao movimento, Lisandra conta que um profissional da saúde pode prescrever o uso de alguns medicamentos que ajudam a aliviar os sintomas, como escopolamina, dimenidinato e cinarizina.  

“Exercícios de habituação realizados sob supervisão fisioterapêutica também são bastante efetivos. Uma boa avaliação otorrinolaringológica, associada à mudança de comportamento, atividade física e fisioterápica, além da associação, eventualmente, com medicamentos, podem compor a resolução para este desconforto”, finaliza a especialista.