Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FMRP), especialista em gi...
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O que é Descolamento prematuro da placenta?
O descolamento prematuro de placenta (DPP), ou placenta abrupta, é caracterizado pelo desprendimento parcial ou completo da superfície do órgão com o útero materno. Normalmente, acontece no terceiro trimestre de gestação, mas com possibilidade após a vigésima semana de gestação. Geralmente, as gestantes têm sangramento vaginal e dor abdominal e nas costas.
Qual é a função da placenta?
A placenta, órgão que se forma no início da gravidez, é responsável pela secreção de hormônios necessários para o desenvolvimento do bebê. Além disso, ela transmite todos os nutrientes e o oxigênio da mãe para o feto através do sangue, servindo como uma bolsa para aconchegá-lo até o nascimento. É da placenta que parte o cordão umbilical.
A placenta deverá permanecer aderida ao útero até o momento do parto e só deverá se descolar após o nascimento do bebê. O desprendimento antes do nascimento se torna uma situação de emergência que deve ser tratada imediatamente, pois pode levar à morte do bebê.
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Causas
As causas do descolamento da placenta são caracterizadas de duas formas: traumáticas e não traumáticas.
O descolamento traumático está relacionado a causas externas ou internas, como acidentes de carro, quedas ou casos de violência doméstica. Já em casos não traumáticos, o descolamento de placenta está normalmente associado a quadros de hipertensão na gravidez.
Além disso, outras razões para o descolamento de placenta incluem:
- Processos infecciosos
- Aumento excessivo do líquido amniótico (polidrâmnio)
- Distúrbios vasculares
- Coagulopatias
- Tabagismo
- Uso de drogas
- Idade materna avançada.
Sintomas
O principal sintoma para identificar o descolamento prematuro de placenta é o sangramento vaginal, que ocorre em 70% dos casos.
O sangramento pode ocorrer de três modos:
- Hemoâmnio: quando o sangue infiltra-se no líquido amniótico
- Hemorragia exteriorizada: quando o sangue escorre pelo orifício vaginal
- Sangramento retroplacentário: quando o sangue fica retido atrás da placenta e, por isso, não é visível.
Nesse sentido, a quantidade de sangramento vaginal varia e não corresponde necessariamente à quantidade de placenta separada a partir da parede interna do útero.
Além disso, outros sinais correspondem a um quadro de descolamento de placenta, como:
- Dor abdominal
- Dor nas costas
- Distocia funcional
- Contrações uterinas rápidas.
Em alguns casos, o descolamento prematuro da placenta se desenvolve de forma lenta, que pode ser percebido por um sangramento vaginal intermitente.
Diagnóstico
O diagnóstico para descolamento prematuro de placenta é essencialmente clínico, podendo ser auxiliado pela ultrassonografia.
Em algumas situações, é feito o diagnóstico retrospectivo, baseado em exame anatomopatológico da placenta (biópsia que analisa a possibilidade de lesões), que pode evidenciar coágulo retroplacentário.
Fatores de risco
Existem diversos fatores de risco para o descolamento prematuro da placenta. Entre os mais preocupantes, enquadram-se:
- Tabagismo
- Síndromes hipertensivas: distúrbios hipertensivos que complicam a gestação, incluindo hipertensão arterial crônica, pré-eclâmpsia e pré-eclâmpsia superajuntada
- Ruptura prematura da bolsa
- Trombofilias hereditárias
- Uso de drogas
- Rápida descompressão uterina após o nascimento do primeiro bebê em caso de gestação gemelar
- Antecedente pessoal de descolamento de placenta
- Idade materna avançada
- Traumas abdominais
- Neoplasias uterinas e anomalias uterinas ou placentárias
- Gravidez múltipla
- Distúrbios de coagulação do sangue.
Exames
A gestante passa por uma bateria de exames, que incluem:
- Ultrassonografia abdominal
- Hemograma completo
- Monitoramento fetal
- Nível de fibrinogênio (proteína)
- Exame pélvico
- Tempo de protrombina (medidas para avaliar a coagulação)
- Ultrassonografia vaginal.
Durante o exame físico geral da mãe, o especialista explica que podem estar presentes:
-
Estado de pré-choque ou choque hipovolêmico
- Sinais indiretos de coagulação intravascular disseminada.
Já no exame físico obstétrico, é possível ocorrer:
- Sangramento genital visível externamente
- Aumento progressivo da altura uterina
- Hipertonia (aumento do tônus muscular)
- Hiperatividade uterina
- Ausculta fetal difícil (dificuldade em detectar a presença e frequência dos batimentos cardíacos)
- Bolsa tensa ao toque.
Buscando ajuda médica
Para diagnosticar o descolamento prematuro da placenta, o obstetra e o ginecologista são os profissionais responsáveis por avaliar e solicitar exames.
Portanto, ao surgimento de sintomas, a procura por um especialista no assunto pode ajudar a reverter o quadro e contribuir para uma gestação saudável.
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Tratamento
O descolamento da placenta é um problema grave e é considerado urgência obstétrica, portanto, deve ser rapidamente tratado. Como não é possível recolocar uma placenta separada do útero, o tratamento irá depender da gravidade do problema, da saúde da mãe e do bebê.
Sendo assim, existem diferentes tratamentos que irão corresponder à situação atual, como:
Longe do nascimento
- Se o descolamento parecer leve, o ritmo cardíaco do feto estiver normal e a gestação estiver com menos de 26 semanas, a gestante pode ser internada para acompanhamento
- Caso o sangramento pare e a condição do bebê esteja estável, pode ser indicado o repouso absoluto em casa
- Em alguns casos, pode ser dada medicação para ajudar os pulmões do bebê a amadurecerem caso o parto prematuro se torne necessário.
Perto do nascimento
- Se a gestante já ultrapassou a 26ª semana de gestação e o descolamento progrediu de modo a comprometer a saúde da mãe e do bebê, alguns médicos indicam a realização do parto, normalmente por cesárea
- Em casos de hemorragia grave, será preciso uma transfusão de sangue.
De todo modo, geralmente indica-se hospitalização e observação para estas condições:
- Sangramento que não ameaça a vida da mãe ou do feto
- Padrão de ritmo cardíaco fetal tranquilizador.
Prevenção
Não é possível prevenir diretamente o descolamento prematuro da placenta, mas é possível diminuir alguns fatores de risco. São eles:
- Hábitos de vida saudável
- Tratamento adequado das patologias prévias, como hipertensão
- Fazer um bom pré-natal.
Caso a mulher já tenha histórico de descolamento prematuro de placenta e esteja planejando uma nova gravidez, é importante conversar com o médico sobre as formas de reduzir o risco de outro DPP antes de conceber novamente.
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Complicações possíveis
O maior perigo do descolamento de placenta é a morte da mãe ou do bebê, mesmo após a realização do parto, em função do risco aumentado de hemorragia materna.
Para a mãe, o descolamento prematuro da placenta é perigoso por conta de:
- Choque devido à perda de sangue
- Anemia
- Queda da pressão arterial
- Problemas de coagulação do sangue
- Falha dos rins ou outros órgãos.
Para o bebê, descolamento prematuro da placenta é arriscado por:
- Privação de oxigênio e nutrientes
- Sequelas no desenvolvimento infantil em decorrência da falta de oxigênio
- Sofrimento
- Parto prematuro
- Risco aumentado de morte.
Após o nascimento do bebê, é possível haver sangramento na área onde a placenta estava conectada ao útero. Se esse sangramento não puder ser controlado, pode ser necessário remover o útero de forma emergencial, em um procedimento chamado histerectomia.
Referências
Associação de Ginecologista e Obstetrícia do Estado de São Paulo
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)