Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O que é Endocardite?
Endocardite é uma infecção no endocárdio (revestimento interno do coração). Normalmente a doença acontece quando uma bactéria ou germes de outra parte do corpo, como os da boca, se espalham pelo sistema sanguíneo se ligando a áreas afetadas do coração. A endocardite é incomum em pessoas com coração saudável.
Quando o sangue passa dos átrios para os ventrículos, as válvulas impedem a volta do sangue, mantendo o fluxo sempre na mesma direção. São estas válvulas que podem ser infectadas por bactérias, fungos, vírus, ou outros microrganismos. Se não for tratada, a doença pode danificar ou destruir as válvulas do coração trazendo complicações para o resto da vida.
Causas
Endocardite acontece quando germes entram na corrente sanguínea, viajam até o coração (normalmente com alguma condição de saúde pré-existente) e se ligam às suas válvulas ou tecido. Na maior parte dos casos a infecção é causada por uma bactéria, mas fungos ou outros microrganismos também podem ocasionar a doença.
Normalmente o agente infeccioso entra na corrente sanguínea através de:
- Atividades como escovar os dentes ou mastigar alimentos, especialmente se os dentes e gengivas não são saudáveis
- Áreas com infecções, seja uma infecção de pele, intestino, ou até uma doença sexualmente transmissível
- Cateteres ou agulhas
- Procedimentos dentais, por exemplo, os que causam cortes nas gengivas.
Normalmente o sistema imunológico destrói as bactérias que conseguem acessar a corrente sanguínea. E mesmo que elas alcancem o coração, não quer dizer que causarão, necessariamente, uma infecção. Por isso que a maioria das pessoas que desenvolvem endocardite tem uma doença ou dano no coração, especialmente nas válvulas, que dão condições ideais para as bactérias se instalarem.
Sintomas
A endocardite pode se desenvolver vagarosamente ou de repente, dependendo de qual infecção está originando o problema e se a pessoa já tem algum problema cardíaco. Os sintomas podem variar, mas a maioria inclui:
- Febre e calafrios
- Sopro no coração
- Fadiga
- Dor nos músculos e articulações
- Sudorese noturna
- Respiração curta
- Palidez
- Tosse persistente
- Perda de peso não-intencional
- Sangue ou outras alterações na urina
- Suor nos pés, pernas e abdômen
- Nódulos de Osler, que são pontos vermelhos dolorosos em baixo da pele dos dedos
- Petéquias, que são pequenas manchas roxas ou vermelhas na pele, ou manchas brancas nos olhos e/ou dentro da boca.
Diagnóstico
O médico pode suspeitar de endocardite baseado no histórico médico do paciente e nos sintomas que ele apresenta. Com um estetoscópio ele pode escutar o coração procurando por um sinal de sopro ou por alguma mudança no sintoma, caso ele já exista, para diagnosticar a doença. Outros testes para endocardite podem incluir:
- Exames de sangue, para verificar a presença de bactérias
- Ecocardiograma transesofágico, que é o tipo de ecocardiograma que permite ao médico chegar mais próximo às válvulas cardíacas
- Eletrocardiograma
- Raios-x do tórax
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética.
Fatores de risco
Pessoas com problemas nas válvulas cardíacas, válvulas artificiais no coração, defeitos congênitos, histórico de endocardite anterior, com outros problemas cardíacos, com cáries e problemas nos dentes e gengivas, ou com histórico de uso de drogas injetáveis são mais propensas a desenvolver endocardite.
Na consulta médica
Ao aparecimento dos sintomas você pode ser atendido pelo médico mais familiarizado com o seu histórico, como o clínico geral, pelo médico responsável pelo atendimento de emergência ou por um cardiologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas que está sentindo e há quanto tempo eles apareceram. Anote também se eles já apareceram e passaram em situações anteriores
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, leve um acompanhante à consulta. Essa pessoa deve ajudar o paciente a lembrar dos sintomas e também recordar das orientações que o médico passar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Os seus sintomas surgiram gradualmente ou de forma súbita? Quando?
- Você já teve sintomas semelhantes no passado?
- Teve febre recentemente?
- Teve alguma infecção recentemente?
- Fez algum procedimento médico ou dental com uso de agulhas ou cateteres ultimamente?
- Tem dificuldade para respirar?
- Já usou drogas ou medicamentos intravenosos?
- Perdeu peso recentemente?
- Já foi diagnosticado com alguma doença cardíaca? (Principalmente sopro)
- Tem parentes de primeiro grau (pais, irmãos, filhos) com doenças cardíacas?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes de sair do consultório. Para endocardite, algumas perguntas básicas incluem:
- Qual é a causa mais provável para os meus sintomas?
- Quais exames eu preciso fazer? É necessário algum preparo para realiza-los?
- Em quanto tempo, depois de iniciar o tratamento, me sentirei melhor?
- Quais os possíveis efeitos colaterais ou riscos?
- A minha condição traz riscos para o futuro?
- Por quanto tempo vou ter que permanecer em tratamento?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Se notar o desenvolvimento dos sintomas de endocardite, o paciente deve procurar um médico o quanto antes, principalmente no caso de ser do grupo de maior risco para desenvolver essa infecção.
Apesar da endocardite ter sintomas similares a outras condições de saúde menos sérias, só há como saber qual é o caso com a avaliação médica.
Tratamento
O tratamento de endocardite normalmente se dá com o uso de antibióticos fortes, geralmente intravenosos, durante quatro ou seis semanas. A duração do tratamento vai depender da sua intensidade, de quão severa foi a infecção e da resposta do organismo contra a bactéria. Em alguns casos, dependendo de quanto a válvula já foi danificada, pode ser necessário realizar uma cirurgia no local.
Medicamentos
Quando a endocardite é causada por bactérias, os medicamentos mais usados para o tratamento da doença são:
- Amoxilina
- Bepeben
- Eritromicina
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Após o início do tratamento as expectativas para o paciente com endocardite, apesar de variarem caso a caso, normalmente são boas. Contudo, esta é uma doença que pode voltar ou aparecer de repente em pacientes do grupo de maior risco, então ela demanda cuidados constantes. Principalmente com o coração e com a saúde bucal.
Prevenção
Para ajudar a prevenir endocardite é muito importante ter uma boa higiene, principalmente bucal. Evite procedimentos que podem gerar infecções como tatuagens e piercings. Procure cuidados médicos sempre que tiver algum problema de pele ou corte que infeccionar. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de antibióticos como prevenção à procedimentos dentários que aumentam os riscos de infecção e, consequentemente, de desenvolver endocardite.
Complicações possíveis
A endocardite, assim como a maioria dos problemas que atingem o coração, pode gerar vários complicações. Tais como:
- Infarto
- Danos a outros órgãos e tecidos
- Infecções em outras partes do corpo, como no cérebro, rins, baço ou fígado
- Insuficiência cardíaca.
Referências
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo
Mayo Clinic