Célio Roberto Gonçalves ingressou na graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Mogi das Cruzes (1969) e c...
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O que é Espondilite anquilosante?
A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica que afeta as articulações do esqueleto axial — especialmente as da coluna, do quadril, dos joelhos e dos ombros, provocando sintomas como dor prolongada nas articulações, rigidez nas costas e fadiga. A inflamação também pode atingir outras partes do corpo, como os olhos.
A doença faz com que as vértebras na coluna se fundam, ficando menos flexíveis, o que pode resultar numa postura curvada para a frente. Além disso, se as costelas forem afetadas, pode ser difícil respirar profundamente.
Causas
A causa da espondilite anquilosante ainda é desconhecida, mas existe um fator genético facilitador, denominado HLA-B27. O percentual de pessoas com espondilite anquilosante que possuem esse marcador genético chega a 90% nos países escandinavos. No Brasil, devido à miscigenação étnica, encontra-se em torno de 76%.
Nos casos em que a pessoa possui o HLA-B27, a teoria mais aceita é a de que a espondilite anquilosante pode ser desencadeada por uma infecção intestinal, justamente por essas pessoas já estarem geneticamente predispostas a desenvolver a doença.
A espondilite anquilosante não é transmitida por transfusão de sangue ou contágio. A chance dos pais com a doença passarem para os seus filhos não é maior do que 15%.
Sintomas
Sintomas de espondilite anquilosante
Os principais sintomas de espondilite anquilosante são:
- Dor na lombar
- Dor na coluna (inteira ou parte dela)
- Dor e inchaço nas articulações dos ombros, joelhos e tornozelos
- Dor e rigidez no quadril
- Dor e rigidez que pioram com a falta de movimento
- Dor nas articulações sacrilíacas (entre a pelve e a coluna vertebral)
- Dor no calcanhar
- Rigidez matinal
- A dor costuma melhorar com atividades ou exercícios físicos
- Dificuldade para expandir completamente o tórax (respirando fundo, por exemplo)
- Fadiga
- Febre baixa
- Inflamação nos olhos ou uveíte (inflamação nas estruturas internas do globo ocular)
- Perda de movimentos ou mobilidade na parte inferior da coluna
- Perda de peso não-intencional
Diagnóstico
O diagnóstico de espondilite anquilosante é clínico, podendo ser auxiliado por provas laboratoriais e de imagem como o raio x, que permitem ao médico verificar mudanças nas articulações e ossos.
Contudo, as alterações não costumam estar visíveis na fase precoce — podendo ser necessária uma ressonância magnética da coluna vertebral para conseguir uma análise mais detalhada dos ossos e tecidos, a fim de revelar dados sugestivos ainda na fase inicial.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco da espondilite anquilosante são:
- Ser do sexo masculino, uma vez que a incidência da doença é maior entre os homens
- Ser adolescente ou adulto jovem
- Ter herdado o marcador genético HLA-B27
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar espondilite anquilosante são:
- Clínico geral
- Reumatologista
- Ortopedista
Buscando ajuda médica
Você deve procurar ajuda médica se apresentar os sintomas de espondilite anquilosante, especialmente se tiver dor na lombar ou na região glútea, que piora após o período de repouso e melhora com atividades ou exercícios.
Da mesma forma, se você já foi diagnosticado com espondilite anquilosante e começar a desenvolver outros sintomas, como dor e vermelhidão ocular, sensibilidade severa a luz ou visão embaçada.
Tratamento
O tratamento da espondilite anquilosante é clínico, com o objetivo de controlar os sintomas da doença e reduzir o risco de deformidades decorrentes de complicações. Ele é feito a partir da administração de medicamentos anti-inflamatórios não hormonais.
Na falha ou contraindicação destes, existe a necessidade de utilizar as medicações biológicas — proteínas que lutam contra algumas substâncias, como o fator de necrose tumoral, mantendo conjuntamente ou não os anti-inflamatórios não hormonais.
Além do tratamento medicamentoso, é indicada a fisioterapia para que a pessoa com espondilite anquilosante mantenha um programa de exercícios posturais e respiratórios com a finalidade de fortalecer os músculos e favorecer a mobilidade das juntas.
Cirurgias não são indicadas com a finalidade de tratar a espondilite anquilosante, apenas quando o paciente tem alguma outra complicação ou problema na coluna cervical, mas são casos mais raros.
Tem cura?
A espondilite anquilosante não tem cura. No entanto, a evolução do quadro é variável conforme a sua apresentação em surto isolado, vários surtos ou um surto contínuo atingindo diversos segmentos da coluna de forma progressiva.
Prognósticos positivos dependem de um diagnóstico correto precoce e da aderência ao tratamento medicamentoso e fisioterápico, com o objetivo de controle total ou parcial da progressão da doença e ou remissão clínica — ou seja, que a doença volte — evitando sequelas e limitação funcional.
Prevenção
Não há formas conhecidas de prevenção de espondilite anquilosante. A conscientização sobre os fatores de risco possibilita a detecção precoce e o tratamento adequado desde cedo. Assim é possível prevenir ou retardar as complicações mais graves da doença.
Complicações possíveis
A espondilite anquilosante pode provocar diversas complicações à saúde, especialmente caso não seja tratada ou o diagnóstico seja muito tardio. O curso natural da doença não tratada pode fazer com que a pessoa fique com a coluna completamente fundida e dura, perdendo toda a sua mobilidade, além de ficar com uma deformidade importante na região.
Algumas pessoas podem apresentar problemas na válvula aórtica (insuficiência aórtica) e problemas nos batimentos cardíacos. Outros pacientes podem desenvolver fibrose pulmonar ou doença pulmonar restritiva.
Referências
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