Especialista em medicina do sono no Instituto do Sono, realizou o curso de cirurgias para apneia do sono no complexo Flo...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Faringite estreptocócica?
Dor de garganta não é tudo igual. Incômoda, sua origem, comumente, está relacionada à inflamação da faringe ou das amígdalas, dando origem a uma faringite ou amigdalite, respectivamente. Mas antes de tratar, é importante conhecer a sua causa para saber se se trata de uma inflamação viral ou bacteriana.
Em casos de bactéria, a Streptococcus pyogenes (Estreptococo do grupo A) é a que merece mais destaque, por ser a mais comum. Ela é a causadora da faringite estreptocócica e pode acarretar em sérias complicações.
O que é?
Faringite estreptocócica, então, nada mais é do que uma inflamação da faringe. E, apesar de ser menos frequente que a viral, ela merece atenção por seu desenvolvimento.
Quando não tratada, pode causar complicações que vão muito além da garganta, podendo chegar aos rins e até ao coração.
Causas
Causas da faringite estreptocócica
Altamente contagiosa, a bactéria Streptococcus pyogenes se espalha pelo ar quando a pessoa infectada tosse ou espirra sem colocar as mãos à frente da boca, por exemplo. No entanto, as gotículas de saliva espalhadas na fala já podem causar a transmissão.
Ela também pode ser transmitida ao tocar a superfície de objetos, como maçanetas de portas, usados anteriormente por alguém que esteja doente. Além disso, o compartilhamento de talheres e copos com pessoas infectadas também ajudam a infectar outras pessoas.
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Sintomas
Sintomas de faringite estreptocócica
Os principais sintomas da faringite, em geral, são:
- Dor de garganta
- Rouquidão
- Dificuldade para engolir
- Dor de cabeça
- Febre e calafrios
No entanto, alguns sintomas da faringite estreptocócica confundem-se com sintomas da faringite viral. No entanto, alguns sinais levantam o alerta para a presença de bactéria:
- Vermelhidão e inchaço nas amígdalas, que também podem apresentar manchas brancas e pontos de pus
- Faringe com pontos de pus
- Manchas vermelhas localizadas na parte de trás do céu da boca (petéquias no palato)
- Surgimento de inchaços e nódulos no pescoço, logo abaixo da mandíbula
- Febre alta
- Inflamação e inchaço da úvula, popularmente conhecida como campainha da garganta
- Início abrupto e desenvolvimento rápido dos sintomas
Mas atenção: apenas um médico com os exames necessários em mãos será capaz de fazer o diagnóstico correto. É possível também que uma pessoa seja portadora da bactéria causadora da doença mesmo sem manifestar os sintomas. No entanto, ela ainda pode transmiti-la.
Diagnóstico
Diagnóstico de faringite estreptocócica
O diagnóstico de inflamações na garganta geralmente é feito por meio do exame físico e de testes laboratoriais. Para descobrir se trata-se de faringite estreptocócica, o especialista procurará por sintomas típicos desta inflamação no exame físico, além da história relatada pelo paciente.
O médico poderá prosseguir com a realização de exames específicos, a fim de identificar a presença ou ausência de bactéria. Se o quadro clínico for bastante característico, o médico pode optar por iniciar o tratamento.
Fatores de risco
A faringite estreptocócica atinge mais crianças e adolescentes entre três e quinze anos, mas pode aparecer em adultos. Nas crianças menores do que isso, as faringites são causadas por vírus, na imensa maioria das vezes.
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A época do ano também pode ser um fator determinante para o contágio. Apesar de poder aparecer em qualquer estação do ano, a faringite estreptocócica é mais comum no fim do outono e no começo da primavera.
Frequentar os mesmos ambientes que uma pessoa infectada também aumenta o risco de ter a doença. Por esse motivo, é muito comum encontrar vários membros de uma mesma família com quadro de faringite estreptocócica. Escolas e creches também são lugares de grande contágio, por isso a orientação médica é que crianças infectadas fiquem em casa durante o tratamento para não transmitir a doença para os colegas.
Exames
Há duas opções de testes laboratoriais para o diagnóstico de faringite estreptocócica. São eles:
Exame rápido de antígeno
Nesse teste, é feita uma raspagem com um cotonete (swab) nas amígdalas do paciente para recolher amostras de secreções que poderão indicar se a infecção ocorreu por meio de uma bactéria ou vírus. O procedimento não é doloroso, mas pode causar desconforto.
Seu resultado sai em poucos minutos. No entanto, caso o teste seja negativo e a desconfiança sobre presença de bactéria se mantenha, é comum levar a amostra para a cultura.
Cultura da garganta
Mais preciso do que o teste rápido, seu resultado costuma sair em até dois dias. A coleta da amostra é feita da mesma maneira, com o uso de um swab.
Tratamento
Tratamento de faringite estreptocócica
Uma vez diagnosticada, o tratamento deve começar imediatamente.
Por ser causada por uma bactéria, o tratamento da faringite estreptocócica é feito com antibióticos. Os mais recomendados são:
- Penicilina, que pode ser ministrada por via oral ou por meio de injeções (dose única)
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Amoxicilina, ministrada por via oral
Os antibióticos amenizam os sintomas e diminuem os riscos de complicações. Se não tratada, a inflamação pode causar infecções em outros locais do organismo, por isso os médicos recomendam procurar ajuda logo que iniciarem os sintomas.
Após o início do tratamento, a expectativa é de que os sintomas comecem a desaparecer de um a dois dias. Além disso, após cerca de 24h, a maioria dos pacientes já não é capaz de transmitir a bactéria.
Além do uso de medicamentos, alguns cuidados simples podem garantir uma rápida recuperação:
- Beba muita água. Manter a garganta molhada facilita na hora de engolir e evita a desidratação
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Descanse. Dormir bem fortalece a imunidade e ajuda o corpo a combater a faringite
- Prefira alimentos mais leves e de fácil deglutição, como sopas, purê de batata, iogurtes e ovos cozidos
- Fuja da fumaça do cigarro, da poluição e de outras substâncias químicas. Elas podem prejudicar a garganta e piorar o desconforto que a faringite causa
- Faça gargarejo com uma solução quente de água e sal
- Bebidas quentes, como chás, ajudam a aliviar a dor
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de faringite estreptocócica são:
- Arflex
- Astro
- Benzetacil
- Ceclor
- Cefaclor
- Cefadroxila
- Cefalotina
- Cetoprofeno
- Cefanaxil
- Clindamin-C
- Clordox
- Clindamicina
- Doxiciclina
- Eritromicina
- Hexomedine
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Prevenção
Algumas atitudes podem prevenir a transmissão da faringite estreptocócica, bem como de outras doenças:
- Mantenha as mãos sempre limpas, principalmente no inverno
- Cubra a boca quando for tossir ou espirrar
- Não compartilhe itens de uso pessoal, como copos, talheres e escovas de dente
- Evite aglomerações
- Tenha uma alimentação saudável, com todos os grupos alimentares, principalmente os ricos em vitaminas A, B6, B12, C, D, E, ácido fólico, zinco, ferro, selênio e cobre
- Passe longe dos vícios, como cigarro e álcool
- Exercite-se sempre e fuja do estresse
- Durma bem
Complicações possíveis
A faringite estreptocócica pode se tornar uma infecção grave a ponto de causar desidratação pela dificuldade de engolir e até falta de ar. Nestes casos, é indicada internação para tratamento.
Outra complicação mais rara é a febre reumática. A febre reumática é uma doença autoimune que surge quando uma pessoa geneticamente predisposta tem infecção pelo estreptococo.
A faringite estreptocócica é o gatilho para a doença se manifestar. A febre reumática pode afetar as articulações, nervos, pele e até mesmo o coração.
Referências
Samanta Dall'Agnese, otorrinolaringologista - CRM: 137576
Organização Mundial da SaúdeMinistério da Saúde
Sociedade Brasileira de Pediatria
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade