Hipocondria: o que é, sintomas, como tratar e causas

O que é Hipocondria?

A hipocondria, também conhecida como nosomifalia ou como transtorno de ansiedade por doença, é uma condição mental em que a pessoa apresenta um medo excessivo e não realista de ter algum sintoma e/ou condição de saúde ainda não diagnosticados que podem ameaçar sua vida, mesmo que exames e testes mostrem que estão saudáveis.

Os hipocondríacos podem experimentar extrema ansiedade em resposta a funções típicas do corpo, interpretando-as como sinais de doenças. Por exemplo, uma dor de cabeça certamente significará um tumor cerebral.

Nesses quadros, o hipocondríaco tende a ficar ansioso com a possibilidade da doença mesmo se nenhuma evidência médica justifique a preocupação.

Os sintomas do transtorno de ansiedade por doença podem reduzir drasticamente a qualidade de vida de uma pessoa e também podem afetar significativamente amigos e familiares.

Causas

O quadro de hipocondria geralmente começa no início da idade adulta, embora possa se desenvolver em qualquer idade. Ainda que atinja homens e mulheres igualmente, não se sabe ao certo as causas para o surgimento da doença.

Algumas situações podem aumentar a chance de uma pessoa desenvolver hipocondria:

• Histórico de uma doença séria na infância
• Ter convivido com familiares ou conhecidos portadores de uma doença séria
• Morte de um ente querido
• Ter um transtorno de ansiedade
• Ter familiares próximos com histórico de hipocondria
• Traumas infantis, como abuso e negligência.

Sintomas

Um dos principais sintomas do transtorno de ansiedade por doença é o pensamento obsessivo sobre a própria saúde e sobre uma doença muitíssimo grave.

Essas pessoas apresentam um medo contínuo e irreal de estarem gravemente doentes e, quando realmente estão, tendem a aumentar os sintomas.

Além disso, uma pessoa com hipocondria costuma apresentar os seguintes comportamentos:

• Preocupa-se que os menores sintomas e sensações físicas podem significar uma doença grave
• Procura médicos repetidamente ou faz exames complexos com frequência, como ressonâncias magnéticas e ecocardiogramas
• Troca de médico constantemente, sempre buscando uma segunda opinião que indique uma condição grave
• Fala diversas vezes sobre seus sintomas ou das doenças de que suspeita ter
• Checa frequentemente o corpo em busca de problemas, como os sinais vitais, pulsação ou pressão arterial
• Pensa ter uma doença só de ler ou ouvir sobre ela.

Diagnóstico

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), os critérios de diagnóstico da hipocondria são:

• Preocupação por cerca de seis meses ou mais em ter uma doença série, baseada em sintomas corporais
• Ansiedade com essa preocupação
• Dificuldades na vida social, trabalho e na rotina diária por conta dessa preocupação ou sintomas.

O diagnóstico da hipocondria também pode envolver exames físicos, uma vez que o médico precisa verificar se o paciente realmente tem alguma condição física.

Além disso, o médico fará uma avaliação psicológica, conversando sobre os sentimentos e comportamentos do paciente.

Testes de laboratórios podem ser feitos para verificar a função da tireoide e também se há uso abusivo de álcool e drogas.

Buscando ajuda médica

Ter preocupação com a própria saúde é normal e importante para evitar futuras doenças, assim como também é normal ficar ansioso quando se tem algum sintoma cuja causa ainda não foi identificada.

Essa preocupação só se torna um problema quando a ideia de estar com uma doença séria consome a pessoa, mesmo que já tenham sido feitos exames apropriados e que o médico tenha assegurado que o problema é simples ou mesmo inexistente

Nesses casos, considere buscar ajuda de um psiquiatra ou psicólogo. É comum que alguém de sua família ou mesmo um profissional de saúde que o atenda dê esse conselho caso perceba que sua preocupação com a saúde é desproporcionalmente alta.

Os especialistas que podem diagnosticar um caso de hipocondria são o clínico geral, psiquiatra e psicólogo.

Tratamento

O tratamento para hipocondria possui diversas abordagens, como a psicoterapia e a psicologia cognitiva-comportamental, que permitem ao paciente reconhecer as causas de seu comportamento ansioso e construir mecanismos de enfrentamento que reduzam os sintomas.

Dependendo do quadro, o médico pode prescrever medicamentos que podem ajudar no tratamento, como antidepressivos da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou antidepressivos tricíclicos.

Muitas vezes, tratar comorbidades, como ansiedade e depressão, também ajuda no quadro da doença.

Prevenção

Não há formas conhecidas de se prevenir a hipocondria. Mas tratar o problema desde cedo faz com que a recuperação seja melhor e os impactos na vida cotidiana sejam menores.

Complicações possíveis

As principais complicações da hipocondria são:

• Riscos a saúde decorrentes de procedimentos médicos desnecessárias
• Depressão
• Transtornos de ansiedade
• Raiva e frustração excessivas
• Abuso de substâncias
• Problemas em relacionamentos, no trabalho ou escola e até mesmo altos gastos com procedimentos e consultas médicas.

Referências

Mayo Clinic

Manual Merck

Denise Gobo, Médica Psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).