Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O que é Silicose?
A silicose é uma doença pulmonar causada pela inalação de sílica. O pó de sílica é o elemento principal que constitui a areia, fazendo com que a doença acometa principalmente mineiros, cortadores de arenito e de granito, operários das fundições e oleiros. Também àqueles em que os trabalhos implicam na utilização de jatos de areia, na construção de túneis e na fabricação de sabões abrasivos, que requerem quantidades elevadas de pó de sílica, por exemplo.
Normalmente os sintomas aparecem poucos meses ou muitos anos após a exposição inicial, dependendo do tipo da doença e da quantidade de exposição à sílica. A doença acontece pois, quando se inala o pó de sílica – que é extremamente tóxico -, as células depuradoras do pulmão acabam “engolindo-o” e quando elas liberam as enzimas, ocasionam a formação de um tecido cicatricial no pulmão. Esse tecido é pequeno no começo, mas pode acabar se concentrando em grandes massas que não permitem a passagem do oxigênio para o sangue de forma normal, além de fazer com que o pulmão perca a sua elasticidade tornando a respiração mais difícil.
Causas
Qualquer tipo de exposição ao pó de sílica pode causar a silicose. Ela acomete, normalmente, pessoas em que o trabalho envolve exposição a esse tipo de material, como mineiros, trabalhadores de fábricas e os que lidam com alvenaria.
Tipos
A silicose pode apresentar três formas diferentes:
Silicose crônica
Também conhecida como silicose nodular simples, é o tipo mais comum da doença. Ela ocorre após um longo tempo do início da exposição (10 a 20 anos) em níveis relativamente baixos de poeira. Os pacientes costumam ser assintomáticos ou apresentar sintomas que, em geral, são precedidos pelas alterações radiológicas. A dispneia (falta de ar) devido aos esforços é o principal sintoma e o exame físico, na maioria das vezes, não mostra alterações significativas no aparelho respiratório.
Silicose acelerada
Esse tipo de silicose, também conhecida como subaguda é caracterizado por apresentar alterações radiológicas mais precoces, de cinco a dez anos após o início da exposição. Os nódulos são semelhantes a forma crônica da doença, mas também há inflamação nos tecidos e descamação celular nos alvéolos pulmonares. Os sintomas, como a falta de ar, costumam limitar as atividades do paciente. Esse tipo é mais propenso a evoluir para formas mais graves e complicadas da doença.
Silicose aguda
É a forma mais rara da doença, que é associada a exposições constantes à sílica livre por períodos que variam de poucos meses até cinco anos. É comum em trabalhos que envolvem o jateamento de areia ou moagem de pedra. O padrão radiológico é bem diferente das outras formas, sendo representado por infiltrações alveolares difusas e, às vezes, acompanhadas por nodulações mal definidas. É potencialmente perigosa, podendo evoluir para a insuficiência respiratória e morte. Os sintomas comprometem o corpo inteiro, e há também muita tosse seca.
Sintomas
Silicose é uma condição progressiva, ou seja, os sintomas vão se intensificando com o tempo. Entre os sintomas estão:
- Diminuição da capacidade de respirar
- Fraqueza
- Tosse intensa
- Dores no peito
- Sudorese noturna
- Perda de peso não intencional
- Febre respiratória.
Além de aumentar os riscos para contrair infecções respiratórias, como a tuberculose.
Diagnóstico
O médico, além de fazer perguntas para verificar o estado do paciente, pode solicitar os seguintes exames para dar o diagnóstico de silicose:
- Raios-x do tórax
- Broncoscopia, que é um exame em que se passa um pequeno tubo flexível, com uma câmera acoplada, pela garganta do paciente. Esse procedimento permite ver o tecido pulmonar além de fazer uma pequena biópsia, se necessário
- Testes gerais para verificar o funcionamento do pulmão.
Fatores de risco
Todas as pessoas que trabalham com exposição ao pó de sílica estão mais propensas a desenvolver a doença. Entre eles, ofícios em que a pessoa:
- Esmaga, perfura ou corta rochas
- Fabrica cerâmica
- Fabrica vidros
- Faz jateamento ou tunelamento
- Faz trabalhos de alvenaria
- Perfura poços
- Produz concreto ou asfalto
- Realiza demolições
- Trabalhe em minas ou pedreiras
- Entre outros.
Na consulta médica
Na consulta com o clínico geral o paciente deve informar que foi exposto à sílica e contar todos os sintomas que tem apresentado. Se o médico suspeitar da doença, encaminhará o caso para um pneumologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Uma lista com os trabalhos que envolviam exposição à sílica, quanto tempo duraram, qual a carga horária diária e quanto tempo se passou desde o início da exposição
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos, vitaminas ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, leve um acompanhante.
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes de sair do consultório. Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Pessoas que foram expostas à sílica e estão apresentando os sintomas devem procurar cuidado médico e informa-lo sobre a sua condição o quanto antes.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para silicose, então, o objetivo neste caso é diminuir os sintomas. Dentre as opções estão:
- Medicações para tosse
- Antibióticos para infecções respiratórias
- Inalação com remédios para abrir as vias aéreas
- Uso de máscaras de oxigênio (em alguns casos)
- Transplante de pulmão (para pacientes com a doença muito avançada).
Também é importante que pessoas diagnosticadas com silicose evitem qualquer tipo de contato com pó de sílica e que, se fumam, parem de fumar. Além disso, como estão no grupo de risco para contrair tuberculose, é importante que o paciente seja testado para essa doença regularmente.
Tem cura?
Graças a criação e fiscalização das leis trabalhistas ao redor do mundo, os casos de silicose têm diminuído com o tempo, contudo, ela ainda pode ocorrer. Por isso a prevenção é tão importante.
Depois de diagnosticada com silicose, a pessoa pode viver de alguns meses a vários anos, dependendo de quão acelerada está a sua condição.
Prevenção
Os empregadores e respectivos trabalhadores devem tomar medidas de proteção contra a inalação do pó de sílica a fim de prevenir a silicose. Entre eles:
- Usar máscaras especiais com respiradores
- Fazer uso de jatos de água e métodos de corte molhados durante o trabalho
- O local deve ter uma ventilação apropriada
- Reportar caso alguém seja diagnosticado com sílica
- Comer, beber, fumar, ou qualquer outra atividade, deve ser feita longe da poeira de sílica
- Sempre lavar as mãos antes de fazer qualquer uma dessas atividades.
Convivendo (Prognóstico)
Mesmo não havendo cura para silicose, o paciente com a doença ainda pode viver por vários anos se seguir as recomendações médicas corretamente. Essas recomendações são diferentes para cada caso, mas é essencial que ele não tenha mais contato com sílica de forma alguma.
A habilidade de respiração do paciente também terá que ser verificada regularmente, podendo ser necessário o uso frequente de inalações com remédios para abrir as vias aéreas e até o uso contínuo de máscara de oxigênio para aumentar a oxigenação do sangue e evitar outros problemas.
Complicações possíveis
São muitas as complicações possíveis decorrentes da silicose, dentre elas:
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
- Tuberculose
- Câncer de pulmão
- Artrite reumatoide
- Esclerodermia
- Enfisema
- Doenças autoimunes no geral.
Referências
Ministério do Trabalho e Emprego
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Manual Merk