Médica graduada pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) desde 2012. Fez residência médica na especialid...
iRedatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
O que é Transtorno de conduta infantil?
“O transtorno de conduta é um padrão contínuo, repetitivo e persistente em que o indivíduo costuma violar os direitos básicos de outras pessoas ou regras sociais relevantes”, explica Priscila Zempulski Dossi, médica psiquiatra.
Esse tipo de comportamento costuma se manifestar, na maior parte das vezes, entre a infância e adolescência. A falta de conduta social é considerada um hábito persistente, em que o jovem repete atitudes fora do padrão, como ser agressivo com animais e incitar brigas por um período constante de, no mínimo, 12 meses.
Causas
Diversos motivos podem provocar o transtorno de conduta. Entre os fatores de risco, estão:
- Temperamento infantil de difícil controle;
- Inteligência abaixo da média;
- Ambiente familiar abusivo;
- Rejeição;
- Negligência;
-
Abuso físico e/ou sexual;
- Crianças institucionalizadas precocemente;
- Falta de uma figura de referência durante a infância;
- Propensão genética e fisiológica
Segundo Priscila, o risco de desenvolvimento do transtorno em crianças é maior quando os pais, biológicos ou adotivos, também possuem a mesma condição. Histórico familiar de abuso de álcool, bipolaridade, depressão, esquizofrenia e TDAH são outros fatores que podem contribuir para o diagnóstico.
Sintomas
Os principais sinais comportamentais que indicam o transtorno de conduta são:
- Agressividade contra pessoas ou animais;
- Incitação de brigas físicas;
- Provocação;
- Crueldade;
- Falta de empatia;
- Destruição de propriedade;
- Furtos;
- Violações importantes de regra.
É importante que se observe o motivo que levou o indivíduo a tomar uma decisão. Entre os exemplos, Priscila conta que a “violência gratuita” é uma das formas de manifestação do quadro. Por exemplo:
A criança agride um animal apenas por vontade própria, sem que o mesmo tenha feito algo contra ela. O mesmo se aplica para outras pessoas, quando a atitude violenta não ocorre como resposta a uma ação, mas sim como algo iniciado de forma natural.
Diagnóstico
Atitudes e decisões tomadas por uma criança com essa condição fogem dos padrões esperados para a idade. Logo, é recomendado que se busque ajuda psicológica para que o quadro não evolua.
O diagnóstico é feito a partir de uma avaliação clínica, em que é analisada a possibilidade de haver outras condições envolvidas, como transtorno opositor desafiante, transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade, transtorno depressivo bipolar, transtorno explosivo intermitente e transtornos de adaptação.
Com a diferenciação dos sintomas, o profissional de saúde irá analisar as possíveis causas para o comportamento da criança ou do jovem. Se necessário, pode ser solicitado um exame que auxilie na avaliação.
“Os exames físicos que nós fazemos, como, por exemplo, um eletroencefalograma, são para descartar outras causas. Algo que pode auxiliar no diagnóstico é uma avaliação neuropsicológica, em que a gente faz critério de avaliação de personalidade”, conta Priscila.
Tratamento
O tratamento é feito em diferentes etapas. Em grande parte dos quadros, é preciso de uma contenção química, principalmente quando o paciente se demonstra extremamente impulsivo. De acordo com Priscila, sintomas depressivos ou ansiosos também são tratados, já que o transtorno de conduta costuma vir associado a outras comorbidades.
“Se essa criança ou adulto em desenvolvimento tem alguma outra questão que precisa ser tratada, como a ambiental, ocorre uma mudança de ambiente, quando possível. Se o local que propicia o transtorno for a criação com os pais ou num abrigo, onde a criança passe por situações muito aversivas, essa criança pode sim ter critério para ser retirada desse ambiente”, explica a médica.
Além disso, a especialista ressalta que a terapia é um método extremamente eficaz e muito importante para o indivíduo com o transtorno. “Muitas vezes, ele não desenvolveu a empatia de maneira adequada e, exatamente por conta disso, precisa de uma terapia intensiva para aprender a desenvolver o sentimento”.
Complicações possíveis
De acordo com Priscila, a maior gravidade provocada pelo transtorno de conduta é a possibilidade de se gerar jovens infratores que, futuramente, podem se tornar indivíduos com transtorno de personalidade antissocial.
Quando não tratada corretamente, essa condição pode tomar grandes proporções, em que a criança não desenvolve o senso de empatia e se torna um adulto com alta possibilidade de cometer infrações graves.