Médico especializado em angiologia e cirurgia vascular graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é...
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O que é Vasculite?
O termo vasculite significa inflamação do vaso. O termo é genérico, mas é utilizado para denominar um grupo de doenças caracterizadas por inflamação ou necrose da parede do vaso sanguíneo com manifestações clínicas variadas.
Causas
As vasculites podem ser secundárias a uma doença ou agressão, ou seja, causadas por vários fatores ou agentes, sendo os mais comuns os infecciosos (bactérias, vírus, protozoários), que agem diretamente na parede do vaso.
Outros fatores causadores da vasculite podem ser drogas os agentes (penicilina, quinina, antibióticos vários). Ultimamente têm sido comuns as vasculites pelo uso de drogas ilícitas (heroína, cocaína).
Existe ainda a possibilidade de a vasculite ser primária, causada por reações imunológicas ou por mecanismos desconhecidos.
Podem ser localizadas na pele isoladamente ou acometerem vasos de diversos órgãos como rins, pulmões e pele.
Tipos
Existem diferentes tipos de vasculite e de uma maneira geral podemos dizer que elas podem ser divididas em vasculites que acometem vasos grandes com a aorta, vasos médios, que são menores que a aorta e seus ramos, e vasos pequenos.
Das vasculites mais conhecidas podemos citar:
- Arterite temporal
- Arterite de Takayasu
- Poliarterite nodosa
- Síndrome de Kawasaki
- Granulomatose de Wegener
- Síndrome de Churg-Strauss
- Púrpura de Henoch-Schönlein
- Doença de Behçet
- Vasculite leucocitoclástica
- Tromboangeíte obliterante.
Sintomas
Os sintomas comuns à maioria das vasculites são também muito variáveis, gerando muitas vezes um quadro clínico pouco característico, como:
- Febre de origem desconhecida
- Perda de apetite
- Fadiga
- Mal-estar geral
- Suor noturno
- Hipotensão (pressão baixa)
- Dores nas articulações ou nos músculos.
Por vezes aparecem lesões na pele (nódulos, enfartamento, púrpura) ou até úlceras cutâneas, geralmente nas pernas ou braços.
Considerando que quase todos os vasos do corpo podem ser atingidos pelas vasculites, não é de surpreender a riqueza e variedade do quadro clínico observado nas vasculites. Outras vezes, o primeiro sintoma é a necrose, que pode acontecer em qualquer parte do corpo, mas é mais frequente nos dedos.
Os sintomas próprios de cada uma estão associados aos vasos que elas acometem. Por exemplo: uma vasculite de uma grande artéria o paciente pode apresentar ausência de pulso, diferença na medida da pressão arterial de um braço para o outro, dor ao caminhar etc. Se for em um vaso menor, feridas na ponta dos pés ou das mãos, e, se for nos menores vasos, manchas vermelhas na pele, urticária, problema nos rins, nos olhos, etc.
Diagnóstico
O diagnóstico normalmente é feito por meio de consulta e exames físico e laboratoriais. A característica principal é um estado inflamatório que aparece nos exames de sangue, como anemia, aumento das células brancas (leucócitos), aumento de VHS e PCR. Existem diversos outros exames específicos para cada tipo de vasculite, indicados após os exames iniciais. Além dos exames laboratoriais, normalmente completamos o diagnóstico com biópsia ou exames angiográficos.
Tratamento
Feito o diagnóstico, o tratamento depende do tipo de vasculite. A cutânea na maioria das vezes é tratada com medicação sintomática e observação. As vasculites que envolvem todo o corpo costumam ser tratadas com corticoides e, eventualmente, em casos mais graves, com medicamentos chamados de imunossupressores, que diminuem a resposta inflamatória do organismo. Em vasculites secundárias a alguma doença, a doença de base deve ser tratada.
Convivendo (Prognóstico)
Cada vasculite tem a sua forma de evolução, tratamento e complicações. O mais importante é se realizar o diagnóstico correto, pois, conhecendo o problema, é mais fácil cuidar. A vasculite não tem cura, mas há cuidados que podem fazer o problema ficar adormecido e frequentemente não se manifestar mais. No entanto, é necessário acompanhamento constante, assim como ocorre com pressão alta, diabetes e tantas outras moléstias que não têm cura, mas ótimo controle.
As vasculites secundárias a alguma doença ou agressão, como uso de drogas ilícitas, podem ser resolvidas com o tratamento da doença de base. A vasculite primária é cuidada com medicamentos e pode ter longos períodos sem se manifestar ou mesmo ficar adormecida para sempre, mas sempre sob observação.
O paciente portador de uma vasculite primária deve, assim como todo mundo, pensar na sua boa saúde e se esforçar para manter bons hábitos de vida como não fumar, manter um peso equilibrado, praticar atividade física orientada e moderada, ter uma alimentação saudável e evitar o estresse do dia a dia. Atitudes simples que melhoram a imunidade, a saúde física e mental.
Referências
Escrito pelo angiologista Bruno Lima Naves, diretor de Publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) – CRM: 13800
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
MAFFEI, Francisco Humberto de Abreu. Doenças Vasculares Periféricas. 4ª ed. Rio de. Janeiro: Guanabara Koogan. (2 volumes).