Há mais de uma década, a Dra. Vanessa Mussupapo atua nas áreas de Dermatologia Clínica, Oncológica Cirúrgica e...
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Dra. Ana é graduada em Medicina e realizou Residência Médica pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP. A especialista po...
iO que é Vitiligo?
O vitiligo é uma doença cutânea que causa a perda gradativa da pigmentação da pele, geralmente com o surgimento de manchas em todo o corpo. É impossível prever a extensão da doença ou o quanto a pessoa perderá da cor da pele. A condição pode afetar qualquer parte do corpo, até mesmo o cabelo, o interior da boca e os olhos.
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A doença pode afetar pessoas de todos os tipos de pele, mas costuma ser mais perceptível em pessoas com pele mais escura. A condição não é contagiosa e nem representa um risco para a vida de quem a possui, mas pode afetar seriamente a autoestima do paciente e pode ser uma espécie de gatilho para o surgimento de problemas psicológicos, como a depressão.
O tratamento pode controlar e desacelerar a doença, mas não depende exclusivamente do método terapêutico, e sim da reação do organismo a esse método. O vitiligo é uma doença autoimune e multifatorial em que predisposição genética e fatores externos contribuem para seu aparecimento, que é caracterizado por manchas brancas na pele.
Causas
As causas de vitiligo ainda são desconhecidas. O que se sabe até agora é que a doença ocorre quando as células responsáveis pela formação de melanina (melanócitos) morrem ou deixam de produzir esta proteína. A melanina é um pigmento de coloração marrom-escura presente no organismo que garante a cor da pele, do cabelo e dos olhos.
Os médicos ainda não sabem explicar por que os melanócitos param de cumprir sua função, mas acredita-se que vitiligo possa ser uma doença autoimune, em que o próprio sistema imunológico da pessoa ataca e destrói os melanócitos.
Saiba mais: 5 doenças que podem ser confundidas com vitiligo
Evidências médicas também sugerem que vitiligo possa estar relacionado à herança genética ou a fatores externos, como exposição excessiva ao sol, a situações de estresse e a produtos químicos.
Tipos
Apesar de ainda não existir consenso para a classificação do vitiligo, a doença de pele pode ser dividida em dois grandes grupos e, a partir daí, em 7 tipos de vitiligo:
Vitiligo localizado
Nele, uma ou mais manchas podem surgir em, pelo menos, três partes do corpo, com evolução rápida (cerca de semanas ou alguns poucos meses) seguida de estabilização. A partir daí também não surgem novas manchas.
O vitiligo localizado pode ser classificado como segmentar (ou unilateral), focal ou de mucosas. O tipo segmentar é caracterizado por manchas do formato de faixas e unilaterais, ou seja, de um lado só do corpo. A focal é o tipo em que aparecem manchas em duas ou três partes do corpo, como mãos, axilas, pés e pálpebras, e a de mucosas aparece somente em lábios e na região genital. O tipo focal de vitiligo é o mais comum de todos.
Vitiligo generalizado
Às vezes, o vitiligo do tipo focal desenvolve para a forma generalizada, embora isso não seja tão comum. As manchas são simétricas, acometendo os mesmos locais e em ambos os lados do corpo. O vitiligo generalizado pode evoluir rápida ou lentamente e pode, ainda, estabilizar depois de determinado tempo.
São 4 tipos distintos de vitiligo generalizado (vulgar, misto, universal e acrofacial). O mais comum deles é o tipo vulgar, em que surgem manchas simétricas em diversas áreas do corpo. O tipo misto consiste em uma mistura dos tipos vulgar e segmentar. Já o vitiligo universal, que é muito raro, acomete mais de 70% do corpo. Por último, o vitiligo do tipo acrofacial só leva ao surgimento de manchas no rosto, nas mãos e nos pés.
Sinais
O principal sinal de vitiligo é a perda da pigmentação da pele, geralmente com o surgimento de manchas por todo o corpo. Outros sinais de vitiligo incluem:
- Perda de pigmentação do cabelo, cílios, sobrancelhas ou barba
- Perda da cor nos tecidos que revestem o interior de sua boca e nariz (membranas mucosas)
- Perda ou alteração da cor da camada interna do globo ocular (retina)
- Manchas descoradas em torno das axilas, umbigo, órgãos genitais e reto.
A doença pode variar também de intensidade:
- As manchas podem aparecer em todo o corpo, no caso do vitiligo generalizado (mais comum de todos)
- As manchas podem surgir em somente um lado ou uma parte do corpo, o que configura um caso de vitiligo segmentar. Nesses casos, a doença costuma aparecer mais cedo e progride por um ou dois anos e depois para
- A doença também pode afetar somente uma parte ou área do corpo, característica do vitiligo focal.
É difícil prever como a doença vai progredir. Às vezes, as manchas param espontaneamente e sem tratamento. Em alguns casos, no entanto, a perda de pigmento da pele se espalha por todo o corpo. Isso, no entanto, depende única e exclusivamente do paciente. Também não há como prever como o vitiligo evolui. Uma vez tendo perdido a cor da pele, é muito raro e difícil que ela volte à cor que tinha antes.
Diagnóstico
O diagnóstico do vitiligo deve ser feito por um dermatologista - ele irá determinar o tipo da doença, verificar se há alguma doença autoimune associada e indicar a terapia mais adequada. O diagnóstico do vitiligo costuma seguir três etapas principais:
- Histórico médico e exame físico: se o médico suspeitar que você tem vitiligo, provavelmente lhe perguntará sobre seu histórico médico e o de sua família, além de examiná-lo para excluir possíveis outras causas, como dermatite atópica ou psoríase, por exemplo;
- Biópsia da pele: a biópsia cutânea revela a ausência completa de melanócitos nas zonas afetadas, exceto nos bordos da lesão, e o exame com lâmpada de Wood pode ajudar na detecção da doença em pacientes de pele branca. No entanto, de acordo com Vanessa Mussupapo, dermatologista do Hospital Santa Paula, a biópsia não é necessária na maioria das vezes, apenas quando se tem dúvida do exame clínico;
- Outros exames: também podem ser solicitados pelo médico, dependendo do caso. O médico pode solicitar que você faça um exame de sangue para procurar condições autoimunes subjacentes, como anemia ou diabetes.
Fatores de risco
A condição pode acometer qualquer pessoa, já que ainda não foi descoberto o que causa o vitiligo. Porém, há prevalência de indivíduos com pele mais escura dentre as dentre as pessoas com vitiligo. A doença também pode aparecer durante qualquer fase da vida, mas o seu surgimento é muito mais comum até os 20 anos de idade.
Estudos mostram que histórico familiar de vitiligo pode estar entre um dos possíveis fatores de risco para a doença, mas essa evidência ainda não está comprovada.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar o vitiligo são:
- Dermatologista.
Buscando ajuda médica
Procure um médico se você notar que alguma parte de seu corpo, cabelo ou olhos está perdendo a cor, especialmente se você notar o surgimento de manchas em algumas áreas do corpo – em especial aquelas que ficam mais expostas ao sol.
Tratamento
Apesar de ainda ter causa desconhecida, existem algumas terapêuticas disponíveis para ajudar a restaurar a cor ou o tom de pele. No entanto, os resultados variam e são imprevisíveis. Alguns tratamentos podem causar efeitos colaterais. É muito difícil interromper ou paralisar o processo do vitiligo – alguns organismos respondem bem ao tratamento e conseguem não só paralisar a doença, como regredi-la e fazê-la desaparecer completamente.
Saiba mais: Confira as possibilidades de tratamento para quem tem vitiligo
Além disso, há alguns medicamentos, como cremes, que controlam a doença e, se usados logo no início, podem até ajudar a restaurar a cor original da pele. Não se desanime, no entanto, se não notar progressos na coloração logo no começo do tratamento. Podem demorar meses até que ele mostre sua eficácia.
Cremes de corticosteróides costumam ser eficazes e são, geralmente, fáceis de manusear. As únicas contraindicações são os efeitos colaterais que eles podem causar, como o afinamento da pele e o aparecimento de estrias. Cremes a base de vitamina D também podem ser recomendados pelo médico.
Os medicamentos que atuem diretamente sobre o sistema imunológico podem ser uma saída. Consulte seu médico sobre a possibilidade de usá-los. Além disso, converse com o especialista sobre a possibilidade de combinar o uso de medicamentos com terapia de luz ou a laser. Ele poderá lhe informar sobre possíveis efeitos colaterais e sobre a eficácia do tratamento.
Terapias para vitiligo
Para o tratamento do vitiligo, alguns tipos de terapias podem ser utilizados, como:
- Psoraleno + terapia de luz: este tratamento combina uma substância derivada de plantas chamada psoraleno com terapia de luz. Depois de tomar psoraleno por via oral ou aplicá-lo na pele afetada, o paciente é exposto à radiação ultravioleta A (UVA) ou ultravioleta B (UVB). Essas abordagens tendem a ter melhores resultados do que apenas fazer uso de medicação ou luz. O tratamento pode ser repetido até três vezes por semana de seis meses a um ano;
- Despigmentação: esta terapia pode ser uma opção se o seu vitiligo é generalizado e outros tratamentos não funcionaram. Nela, um agente despigmentante é aplicado em áreas não afetadas da pele. Isso gradualmente a ilumina para que ela se misture com as áreas descoloridas. A terapia é feita uma ou duas vezes por dia durante nove meses ou mais. Os efeitos colaterais podem incluir vermelhidão, inchaço, coceira e pele seca.
Tem cura?
A evolução do vitiligo varia e é muito imprevisível. Embora seja muito difícil, algumas áreas do corpo podem recuperar o pigmento original, mas outras áreas novas com perda de pigmento também podem surgir. A pele repigmentada pode ser ligeiramente mais clara ou mais escura do que a pele ao seu redor.
Além disso, a perda de pigmento pode e costuma agravar-se com o passar do tempo. Apesar de existir cura para vitiligo, ela não depende exclusivamente do método terapêutico, mas sim da reação do organismo a este método.
A evolução do vitiligo varia e é muito imprevisível. Embora seja muito difícil, algumas áreas do corpo podem recuperar o pigmento original, mas outras áreas novas com perda de pigmento também podem surgir. A pele repigmentada pode ser ligeiramente mais clara ou mais escura do que a pele ao seu redor. Além disso, a perda de pigmento pode e costuma agravar-se com o passar do tempo.
O tratamento pode controlar e desacelerar a doença e até mesmo melhorar a aparência da pessoa, mas não depende exclusivamente do método terapêutico, e sim da reação do organismo a esse método.
Cirurgias
A cirurgia pode ser uma opção se a terapia de luz e as drogas não funcionarem. A cirurgia também pode ser usada em conjunto com essas terapias, caso paciente e médico sintam necessidade. O objetivo das seguintes técnicas é para uniformizar o tom da pele, restaurando a cor.
Há diferentes tipos de cirurgia:
- Enxerto de pele: o médico remove pequenas partes da pele com a pigmentação original e coloca sobre as partes do corpo que já perderam a cor
- Enxerto por bolhas: o médico cria bolhas em cima da pele pigmentada. Depois, retira o material dessas bolhas e o transplanta em cima de partes descoloridas do corpo.
Prevenção
De acordo com Ana Célia Xavier, dermatologista do Hospital São Camilo, não há como prevenir o vitiligo, mas a aceitação da doença, a estabilidade emocional e a confiança no tratamento são fundamentais para uma recuperação mais rápida.
Convivendo (Prognóstico)
Adote algumas medidas para evitar o progresso da doença e ajudar e garantir a eficácia do tratamento. Confira:
- Evite ficar exposto à luz solar e a fontes artificiais de luz que contenham índices altos de raios UV
- Faça uso de produtos dermatologicamente testados para disfarçar e melhorar a aparência da pele. Consulte seu médico antes de fazê-lo
- Tatuagem e vitiligo não combinam. Causar esse tipo de lesão na pele não é recomendado pois pode prejudicar o tratamento do vitiligo e levar ao surgimento de novas manchas.
Complicações possíveis
Pessoas com vitiligo estão mais sujeitas a algumas complicações, a exemplo de:
- Problemas sociais e psicológicos causados por baixa autoestima, como depressão
- Queimaduras solares e câncer de pele
- Problemas de visão, como a inflamação da íris (irite)
- Perda de audição
- Efeitos colaterais do tratamento.
Saiba mais: Vitiligo pode causar distúrbios psicológicos: veja como lidar
Referências
Ministério da Saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2205-vitiligo
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/vitiligo/21/
Manual MSD - Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/dist%C3%BArbios-de-pigmenta%C3%A7%C3%A3o/vitiligo
Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/vitiligo/diagnosis-treatment/drc-20355916
American Academy of Dermatology. Disponível em: https://www.aad.org/public/diseases/color-problems/vitiligo
Vitiligo Support. Disponível em: https://www.vitiligosupport.org/vitiligo/