Médica dermatologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com residência em dermato...
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O que é Cirurgia de Mohs?
A cirurgia de Mohs é uma técnica utilizada para retirada de alguns tipos de câncer de pele. A técnica consiste na remoção do tumor seguida da retirada das margens laterais e profundas que são submetidas a exame de congelação. Se houver persistência de tumor em algum ponto, este é retirado até atingir margens livres de câncer. O objetivo da cirurgia de Mohs é a remoção completa do tumor, com o mínimo de dano ao tecido saudável da pele ao redor.
Na cirurgia convencional, a retirada do tumor é feita com uma margem pré- estabelecida de tecido saudável e o exame de congelação das margens é feito por amostragem, podendo haver áreas de margem comprometida que não são examinadas. O exame completo das margens realizado na técnica de Mohs aumenta a possibilidade de cura e poupa tecido são.
Indicações
A cirurgia de Mohs está indicada para tratamento de tumores que recidivaram após tratamento prévio, lesões de bordas mal delimitadas, carcinomas basocelulares e espinocelulares de padrão histológico agressivo e lesões localizadas em áreas que a preservação tecidual é importante, como extremidades, nariz e pálpebras.
Qual médico realiza a cirurgia de Mohs?
Essa cirurgia é realizada por dermatologista treinado nesta técnica. Este treinamento inclui formação em cirurgia dermatológica e aprendizado na leitura de lâminas de patologia dos tumores, pois nos tumores mais comuns o próprio cirurgião de Mohs faz a interpretação das lâminas de congelação.
O preparo para esta cirurgia é semelhante aos cuidados que devem ser tomados em qualquer operação, e geralmente incluem exames de sangue e avaliação cardiológica.
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O uso de medicamentos que interferem na coagulação como, aspirina ou ácido acetilssalicílico, varfarina, etc., devem ser comunicados ao médico para serem interrompidos. Alguns suplementos alimentares e vitamínicos também podem interferir na coagulação após a cirurgia, e porisso deverão ser suspensos. Os remédios utilizados para controle de pressão ou diabetes devem ser mantidos.
No dia marcado, a agenda do paciente deve estar livre de compromissos, pois não é possível prever quanto tempo vai demorar a cirurgia de Mohs. Para a maioria das pessoas, o procedimento leva menos de quatro horas - mas pode ser que dure bem mais.
Tipos
Tipos de anestesia
Geralmente esta cirurgia é realizada com anestesia local, podendo muitas vezes ser também utilizada sedação para maior conforto do paciente.
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Considerações
Cuidados após a cirurgia
Um curativo deve ser deixado sobre a ferida cirúrgica, o qual deverá ser trocado de acordo com a orientação médica. Um acompanhamento médico deverá ser realizado para monitorar a recuperação e se certificar de que a ferida está cicatrizando corretamente.
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Embora a cirurgia de Mohs tenha uma alta taxa de cura para o câncer de pele, existe sempre um pequeno risco de recorrência, porisso é importante manter o acompanhamento regular com o dermatologista para detectar qualquer novo câncer de pele.
Complicações
Como com qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia de Mohs pode causar:
- Sangramento da ferida
- Dor ou sensibilidade em torno do local da cirurgia
- Infecções.
O uso de analgésicos após o procedimento ajuda a aliviar a presença de dor. Infecções são incomuns, mas quando ocorrem devem ser tratadas com antibióticos orais. Outras complicações incluem a dormência temporária ou permanente em torno da área cirúrgica, se terminações nervosas pequenas são cortadas.
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Custo da cirurgia
A cirurgia de Mohs atualmente está restrita a poucos hospitais públicos em alguns centros universitários. Os planos de saúde habitualmente não dão cobertura para este procedimento. Os custos variam de acordo com a extensão da cirurgia e do local onde ela será realizada.
Regulamentação
A normatização da prática e da formação na técnica da Cirurgia Micrográfica de Mohs está regulamentada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Como é feita?
A cirurgia de Mohs pode ser realizada em ambiente ambulatorial ou hospitalar, preferivelmente em uma sala de cirurgia que tenha um laboratório próximo, para permitir o processamento do tecido removido.
A técnica consiste em remoção da porção visível do tumor, seguida de retirada de uma camada fina de tecido abaixo dele. Este tecido segue para o laboratório para ser processado e posteriormente analisado. Após a leitura das lâminas, se houver persistência de células cancerosas, novo tecido será retirado e processado até que se obtenham margens livres. Essa parte do processo normalmente é a que demora mais tempo - cerca de uma hora.
Após a remoção do tumor, deve-se realizar a reconstrução, existindo várias opções:
- Deixar a ferida cicatrizar sozinha (por segunda intenção)
- Dar pontos para fechar a ferida (fechamento primário)
- Realizar um enxerto de pele de outra parte do corpo para cobrir a ferida
- Realizar um retalho, que é o deslocamento da pele de uma área próxima para cobrir a ferida.
Referências
Selma Cernea, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein - CRM SP 36490
Paulo Issa, dermatologista coordenador da campanha de alerta para o Câncer de Pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Rio de Janeiro - CRM RJ 312163
Carolina Marçon, dermatologista da Sociedade Brasileiro de Dermatologia - CRM SP 113379