Médico pneumologista graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre e Doutor pela mesma instituição. Fo...
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O que é Terapia de reposição de nicotina?
A terapia de reposição de nicotina (TRN) fornece ao paciente dose de uma das substâncias mais viciantes do cigarro sem o risco das outras substâncias presentes nele que são mais nocivas, como o alcatrão e o monóxido de carbono. Assim ajuda a reduzir as crises de abstinência, retirando a nicotina aos poucos e ajudando no processo para parar de fumar.
Entre os métodos disponíveis para a TRN, o que tem maior adesão é o adesivo de nicotina, por apresentar menos efeitos adversos e desagradáveis. Mas existem também métodos como o chiclete de nicotina, a pastilha de nicotina e o spray nasal de nicotina.
O cigarro eletrônico não é considerado um método da terapia de reposição de nicotina, pois seu uso nem sempre prevê a retirada gradual da substância, além de conter quantidades da substância maiores do que o recomendado na TRN.
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Para quem a terapia de reposição de nicotina é indicada
Em geral a Terapia de Reposição de Nicotina é usada quando o paciente tem alta dependência, ou seja, caso o paciente tenha pontuado acima de cinco em teste específico, chamado de Teste de Fagerström, ou quando há histórico de síndrome de abstinência quando a pessoa fica privada do fumo. No geral, o uso dessa terapia em pessoas que fumam menos de 10 cigarros por dia é controverso, mas precisa ser considerado caso a caso.
Contraindicações
Por repor apenas a nicotina e em quantidades bem menores do que encontramos no cigarro, não há graves riscos, já que ela é mais responsável pelo vício por fumar do que pelos malefícios do tabagismo em si.
Justamente por esse motivo, não há muitas contraindicações para às terapias de reposição de nicotina, como o spray nasal de nicotina, pois continuar fumando é sempre pior. Alguns especialistas alegam que mesmo pessoas com doenças cardíacas e gestantes podem fazer uso desses recursos, até porque não há provas de que esse tipo de tratamento cause problemas à saúde do feto.
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Porém, novos estudos têm mostrado a relação entre a nicotina e o câncer. Um estudo publicado na revista científica PLoS One, em 2013 mostrou que a substância pode alterar a expressão dos genes da células, tornando mais provável o aparecimento da doença. Essas descobertas podem mudar as medidas de recomendação para esse tipo de terapia.
Tratamentos aliados à terapia de reposição de nicotina
Em alguns casos, quando o paciente é muito dependente de nicotina, o médico pode aliar as terapias de reposição de nicotina com o tratamento medicamentoso, usando a bupropiona. O medicamento também reduz a vontade de fumar e pode ser tomado por até três meses, mas só pode ser comprado com receita.
Quem pode indicar a terapia de reposição de nicotina
Os adesivos, pastilhas e chicletes de nicotina podem ser comprados na farmácia sem receita. Mas o ideal é que qualquer tratamento envolvido na terapia de reposição de nicotina seja orientado por um médico, para que ele possa aliar outras estratégias e escolher o melhor método para o seu caso, de acordo com seu histórico e grau de dependência.
Considerações
Vantagens e desvantagens da terapia de reposição de nicotina
Qualquer terapia de reposição de nicotina tem como vantagem o fato de só repor a nicotina, poupando o até então fumante de estar em contato com as outras substâncias nocivas do tabaco (como o alcatrão, por exemplo), mas reduzindo as crises de abstinência, já que a nicotina é reduzida gradualmente. Não há risco de o paciente viciar no adesivo ou em qualquer outro método desse tipo de terapia.
As desvantagens dependem do efeito colateral de cada um dos métodos usados dentro da terapia de reposição de nicotina.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais variam de acordo com o método de reposição escolhido. Para saber mais sobre cada um deles, veja aqui:Adesivo de nicotinaChiclete de nicotinaPastilha de nicotinaSpray nasal de nicotina
Como funciona a terapia de reposição de nicotina
O método consiste em oferecer apenas a nicotina em quantidades bem menores do que as oferecidas no cigarro, reduzindo gradualmente a quantidade dada ao paciente, e assim controlando sua vontade de fumar enquanto ele reduz o número de cigarros ou deixa totalmente de consumi-los.
No caso do adesivo, ele é colado na pele e libera nicotina gradualmente ao longo de 24 horas, para depois ser trocado. Já o chiclete, a pastilha e spray são usados pontualmente, o que permite que seja usada uma dose extra nos momentos de fissura. Por isso mesmo, o mais comum é que se adote o adesivo de nicotina aliado ao chiclete ou a pastilha. Mas o esquema mais adequado deve ser orientado por um médico especialista em parar de fumar.
Resultados esperados
Uma análise revisada em 2008 pelo Banco de Dados da Cochrane Collaboration (renomada associação mundial de profissionais e pesquisadores de saúde) mostrou que pessoas que usavam o adesivo de nicotina conseguiram se tornar abstinentes do cigarro após seis meses, as chances foram de duas a três vezes maiores do que os estudados que usavam placebos. Ele inclusive foi melhor do que o placebo aliado ao suporte comportamental.
Referências
Pneumologista Luiz Carlos Côrrea da Silva (CRM-RS 4414), membro da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e do conselho consultivo da Aliança de Controle do Tabagismo (ACTBr)
Psicóloga Sabrina Presman, especialista em tabagismo da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas (ABEAD)
Livro "Tabagismo: Doença que tem tratamento" (Editora ArtMed), organizado pelo pneumologista Luiz Carlos Côrrea da Silva